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Organização social

Organização social é o modo como uma sociedade constitui-se para que todos os indivíduos possam conviver em harmonia em uma sociedade.

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Chamamos organização social o fenômeno que permite diversos elementos distintos vivendo em comunidade. Para além da estrutura social básica, há a organização de um todo complexo (sociedade) dividido em partes distintas (indivíduos). A gestão dessas partes individuais e subjetivamente diferentes é a organização social. A organização social implica modelos políticos, econômicos e sociais que devem garantir o pleno funcionamento da ordem dentro de uma sociedade.

Acesse também: Valores morais e sua importância para a sociedade

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O que é organização social

Pense, primeiramente, no mundo animal: entre os animais não há lei (exceto a lei da natureza), ou seja, não há lei civil. Se não há lei civil, não há civilização. Não havendo civilização, tampouco racionalidade humana, também não há moral entre os animais. Não havendo todos esses elementos, não há sociedade e sim comunidade primitiva. Também não há economia, noções de valores, distinção, trocas etc. Não havendo esse conjunto de elementos no mundo animal, a comunidade primitiva na qual algumas espécies vivem é regida apenas pelos instintos e pela lei de natureza. O ser humano é diferente.

A organização social é o modo como a sociedade constitui-se para manter as suas instituições em funcionamento.
A organização social é o modo como a sociedade constitui-se para manter as suas instituições em funcionamento.

O ser humano desenvolveu a linguagem e o raciocínio. Com isso a vida em comunidade (as comunidades primitivas eram as famílias e os clãs) permitiu a quebra de barreiras naturais com o desenvolvimento de leis morais, de leis de convivência e da troca entre famílias. Para o antropólogo franco-belga Claude Lévi-Strauss, a troca mais antiga entre famílias que permitiu a formação de sociedades com mais de uma delas foi o casamento, pois as mais arcaicas sociedades já não consideravam o incesto como algo moralmente desejável.

Leia também: Diferenças entre o ser humano e os demais animais

Com base nessa formação mais complexa, os seres humanos começaram a desenvolver novas formas de convívio, o que necessitou de uma gradativa organização para gerir a sociedade na medida em que ela fosse crescendo. Na esteira desse desenvolvimento social, veio a política; as noções de governo, de Estado, de economia, de valor, e de moeda para facilitar as trocas comerciais; e todos os elementos que constituem a formação social atual.

A organização social é um complexo conjunto de fatores que constitui as sociedades em suas facetas política, econômica e moral.

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Formas de organização social e política e a noção de Estado

As sociedades organizaram-se de distintas maneiras ao longo dos séculos. A noção de Estado surgiu, ainda na Antiguidade, para suprir a necessidade de uma organização social que abarcasse um grande número de indivíduos e sofreu diversas modificações ao longo dos tempos. Ademais, antes do surgimento do Estado, havia outras organizações sociais menores que perduram até hoje, apesar de serem abarcadas pelo Estado, que é a organização maior.

No começo os seres humanos agrupavam-se por famílias, tendo em comum o laço sanguíneo que unia as pessoas em prol da proteção e alimentação. As famílias começaram a crescer, formando união de famílias, que eram os clãs. Começa aqui também a troca interfamiliar de membros para a instituição do matrimônio, pois o incesto passou a ser percebido como algo negativo nesse tipo de constituição.

A união de clãs formou as tribos. Das tribos vimos nascer as cidades, e, com as cidades, nasceu a noção de política e governo. Com elas também veio o sentimento de pertencimento nacional e patriótico com base na origem e na terra onde os cidadãos nascem. Percebemos que o sentimento de coesão e de organização evoluiu do simples laço sanguíneo para o sentimento de pertencimento ao mesmo local.

Mesmo com o desenvolvimento do Estado, a família não deixou de existir, sendo ela a primeira forma de socialização dos indivíduos existente. É no seio da família que surge a socialização primária, que é o ensinamento das primeiras leis morais e sociais que o indivíduo aprende pelo afeto. Na medida em que cresce, o indivíduo passa a ter contato com a socialização secundária, na qual ele conhece outras instituições sociais, como a escola, o trabalho e o Estado. Nessa forma de socialização, o afeto já não é mais suficiente, dando lugar ao ensinamento das leis civis e das normas da rígida estrutura social.

Ao analisarmos as formas de socialização e as organizações mencionadas, podemos perceber uma mudança de papéis ao longo da história, pois cada indivíduo deve desempenhar um papel social no modelo organizacional, e esses papéis mudam conforme o tempo e a sociedade. A criança, por exemplo, era vista, na Grécia Antiga, como um cidadão em potencial que deveria aprender toda a educação necessária para tornar-se um bom cidadão quando adulta.

Em Atenas esse aprendizado era político e filosófico, enquanto em Esparta era militar. Já na Idade Média e na Idade Moderna, a criança era vista como uma espécie de adulto em miniatura, devendo ser ensinada e comportar-se como um pequeno adulto. Somente as teorias educacionais, surgidas a partir de meados do século XIX e do século XX, entendem a criança como um ser singular, dotado de necessidades, direitos, deveres e vontades diferentes das necessidades, direitos, deveres e vontades dos adultos. Entende-se, portanto, que a organização social foi alterada e, com isso, alterou-se também o papel social desenvolvido pela criança na sociedade.

A inserção da mulher no mercado de trabalho alterou a configuração da organização social ocidental.
A inserção da mulher no mercado de trabalho alterou a configuração da organização social ocidental.

O papel das mulheres e dos homens e a concepção de gênero também sofreram modificações de acordo com o tempo e a sociedade analisada. Na sociedade patriarcal tradicional, o homem é o provedor de alimentos e protetor da família, enquanto à mulher é delegada a função do cuidado do lar. Durante milênios, as mulheres foram excluídas de qualquer atividade fora do lar, inclusive política. Essa situação começou a mudar no século XVIII, quando as mulheres de classes mais baixas começaram a trabalhar fora de casa, e a mudança tornou-se mais perceptível no século XIX, quando elas começaram a ter acesso à política.

A configuração social, sobretudo das sociedades ocidentais, também mudou com essa inserção da mulher no mercado de trabalho e na política, pois se antes o cuidado do lar e dos filhos era visto como papel exclusivo da mãe, agora deve ser visto como um papel da mãe e do pai.

A alteração da constituição familiar também é perceptível. Se antes a família era considerada a união por laço afetivo entre um homem, uma mulher e seus filhos, após o divórcio, a liberdade sexual e a possibilidade do casamento homoafetivo, a família pode ser composta por uma mãe solteira, um pai solteiro, dois pais, duas mães, um casal sem filhos, avós que cuidam dos netos, entre outras constituições possíveis.

Também é possível notar uma alteração na concepção de Estado, desde que ela surgiu na Antiguidade até os dias atuais. Quando surgiu, o Estado era essencialmente teocrático (modelo estatal que une política e uma crença religiosa como laços indissociáveis). Mesmo nos períodos de democracia na Grécia Antiga ou de república na Roma Clássica, o Estado greco-romano não era laico (quando há a separação entre governo e religião). Esse modelo perdurou até o início da Modernidade, tendo forte constituição na Idade Média, quando o clero católico e os senhores feudais nutriam fortes pactos.

A democracia, que é a forma de governo em que o povo tem participação direta por meio de votação, é uma forma de organização social.
A democracia, que é a forma de governo em que o povo tem participação direta por meio de votação, é uma forma de organização social.

A concepção de Estado como conhecemos hoje somente surgiu na Modernidade, quando o Antigo Regime (monarquia baseada nos Estados Nacionais e herdeira do feudalismo medieval) foi questionado, dando origem a uma nova concepção de Estado baseada na democracia e a uma nova noção de economia baseada no capitalismo industrial e no livre comércio.

A função do Estado mudou: se antes ele era justificado por divindades e o governo era uma representação de Deus na Terra, sua concepção moderna trouxe uma nova perspectiva, baseada na democracia estatal e na capacidade individual de gerir-se um Estado, para os governantes. Essa nova configuração também resultou em novas formas de organização social.

Leia também: Estado Democrático de Direito: características, fundamentos e implicações

Organização social e cultura

A cultura é o mote pelo qual a organização social é passada aos indivíduos. Numa sociedade patriarcal, por exemplo, a cultura machista e patriarcal é passada tradicionalmente como modo de aprendizado para as novas gerações. Numa sociedade democrática, a cultura deve enaltecer a democracia para que as novas gerações aprendam a conviver em ambientes democráticos.

Como a moral, o idioma, a religião e outros elementos culturais compõem a estrutura cultural de um determinado povo, esses mesmos elementos também são responsáveis por contribuir com a organização social de uma sociedade. Como a cultura não é algo fixo e rígido, modificando-se de acordo com o lugar e com o tempo, ela pode ser alterada, o que resulta na alteração da organização social das sociedades.

 

Por Francisco Porfírio
Professor de Sociologia

Escritor do artigo
Escrito por: Francisco Porfírio Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

PORFíRIO, Francisco. "Organização social"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/o-que-organizacao-social.htm. Acesso em 05 de outubro de 2024.

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