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Paráfrase

A paráfrase consiste em uma citação indireta de um texto verbal ou não verbal. Ela se diferencia da paródia, uma vez que mantém o sentido do texto parafraseado.

Quadro com o conceito de paráfrase.
A paráfrase é a reformulação de um enunciado, sem alterar seu sentido original.
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Paráfrase é um tipo de intertextualidade que consiste na citação indireta de outro texto, verbal ou não verbal. E se caracteriza pela manutenção do sentido original do texto parafraseado. Assim, parafrasear é dizer a mesma coisa, mas com outras palavras ou outras imagens. Já a paródia não mantém o sentido original do texto parodiado, pois altera o seu sentido em prol da crítica, da ironia, da sátira.

Leia também: Quais são os tipos de intertextualidade?

Tópicos deste artigo

Resumo sobre paráfrase

  • A paráfrase é um tipo de intertextualidade, pois consiste em uma citação indireta.

  • Paráfrase e paródia apresentam dois tipos diferentes de processos intertextuais.

  • A paráfrase deve manter o sentido original do texto parafraseado.

  • A paródia deve subverter, alterar o sentido original do texto parodiado.

O que é paráfrase?

A paráfrase é um tipo de intertextualidade que consiste na citação de um texto de forma indireta. Nessa perspectiva, aquele que se apropria do discurso alheio mantém a ideia principal do discurso original. Paráfrase é dizer a mesma coisa que outro disse, mas com outras palavras. Desse modo, reformulamos o enunciado original, sem mudar o seu sentido.

Características da paráfrase

  • Caráter intertextual.

  • Repetição de uma ideia.

  • Manutenção do discurso ou sentido primitivo.

  • Aspecto verbal ou não verbal.

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Regras da paráfrase

Para ser considerado paráfrase, o enunciado deve ser uma citação indireta, ou seja, uma reformulação do discurso de origem. Portanto, o autor da paráfrase precisa fazer um resumo do pensamento original, com suas próprias palavras, distintas das do autor do enunciado parafraseado.

Contudo, na reformulação, é permitido manter uma ou outra palavra do texto-fonte, desde que ela seja de suma importância para a manutenção do sentido. De qualquer forma, é preciso mencionar a autoria do texto original. Em um texto parafrástico mais informal, basta dizer “segundo Fulano” ou “parafraseando Fulano”.

Mas, se for um texto acadêmico, o autor da paráfrase deve seguir as normas da ABNT para a citação da fonte. Já no texto literário, é responsabilidade do leitor identificar o seu caráter parafrástico, já que a intertextualidade, nesse caso, se configura em mais um recurso artístico utilizado pelo autor.

E, por fim, a citação direta (reprodução exata do discurso de outro autor) não é uma paráfrase. Nesse caso, as aspas devem, obrigatoriamente, ser usadas. Do contrário, o texto copiado é visto como plágio.

Exemplos de paráfrase

  • Paráfrase de provérbio ou ditado popular

PROVÉRBIO

PARÁFRASE

“A pressa é inimiga da perfeição.”

A ansiedade é inimiga da perfeição.

“O apressado come cru.”

O ansioso come cru.

“Cada macaco no seu galho.”

Cada galo no seu poleiro.

“É dando que se recebe.”

É ajudando que se é ajudado.

  • Paráfrase de poema

Observe a primeira estrofe do soneto 18, do poeta italiano Francesco Petrarca (1304-1374):

Esta alma gentil, que se departe,
Chamada antes da hora à outra vida,
Se é lá no além, como era aqui, querida,
Terá do céu a mais bendita parte.

Se ela ficasse dentre a Terra e Marte,
Faria a luz do Sol descolorida;
Pois que a mirar-lhe a graça tão subida,
Toda alma digna, em torno a ela, parte.

Se sob o quarto ninho ela pousasse,
Qualquer das três seria menos bela
E fama e voz talvez só ela achasse.

No quinto giro não pousara ela;
Porém, se ela a mais alto erguesse a face,
Venceria com Jove a toda estrela.

Agora veja o caráter parafrástico da primeira estrofe do soneto 80, do poeta português Luís de Camões (1524-1580):

Alma minha gentil, que te partiste
tão cedo desta vida descontente,
repousa lá no Céu eternamente,
e viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento etéreo, onde subiste,
memória desta vida se consente,
não te esqueças daquele amor ardente
que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te
alguma coisa a dor que me ficou
da mágoa, sem remédio, de perder-te,

roga a Deus, que teus anos encurtou,
que tão cedo de cá me leve a ver-te,
quão cedo de meus olhos te levou.

  • Paráfrase de quadro ou imagem

A seguinte ilustração parafraseia o quadro O grito, do pintor expressionista Edvard Munch (1863-1944). Nela, a figura do homem é trocada pela de um gato. No entanto, esse texto não verbal mantém a mesma intenção ou sentido da obra original, ou seja, a angústia do grito:

Ilustração que parafraseia o quadro O grito ao lado do quadro original em si.

Diferenças entre paráfrase e paródia

Tanto a paráfrase quanto a paródia são mecanismos intertextuais; porém, diferentes. Afinal, a paráfrase consiste em resumir, com outras palavras, o sentido original de um enunciado alheio. Já a paródia subverte, altera o sentido original. Portanto, a paródia apresenta aspecto crítico, irônico, satírico.

Um famoso exemplo de paródia pode ser encontrado na seguinte estrofe do poema Canto do regresso à pátria, do escritor modernista Oswald de Andrade (1890-1954):

Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá”

Observe o primeiro verso da estrofe de Oswald e o primeiro verso da seguinte estrofe do poema Canção do exílio, do escritor romântico Gonçalves Dias (1823-1864):

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.”

Se ambos os versos tivessem o mesmo sentido, o verso do escritor modernista poderia ser considerado uma paráfrase. No entanto, Oswald altera, subverte o sentido original, de forma a imprimir um caráter mais político, em vez de bucólico, ao seu verso. Assim, Oswald de Andrade faz uma paródia.

Fontes:

ALAVARCE, Camila da Silva. A ironia e suas refrações: um estudo sobre a dissonância na paródia e no riso. São Paulo: UNESP; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009.

ANDRADE, Oswald de. Canto do regresso à pátria. In: ANDRADE, Oswald de. Pau brasil. Paris: Sans Pareil, 1925.

BESSA, José Cezinaldo Rocha. Entre citação, autoria e plágio na escrita científica de pós-graduandos. Lingüística, Montevidéu, v. 34, n. 2, dez. 2018.

CAMÕES, Luís de. Sonetos. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000164.pdf.

DAUNAY, Bertrand. Metáfrase e paráfrase: modalidades da apropriação do discurso de outrem na escrita acadêmica. Linguagem em (Dis)curso, Tubarão, v. 20, n. 2, maio/ ago. 2020.

DIAS, Gonçalves. Canção do exílio. In: DIAS, Gonçalves. Primeiros cantos. Rio de Janeiro: Laemmert, 1846.

JERÔNIMO, Gislaine Machado. Envelhecimento sadio, comprometimento cognitivo leve e doença de alzheimer: um estudo das estratégias comunicativas na narrativa oral. Letras de Hoje, Porto Alegre, v. 53, n. 1, p. 177-186, jan./ mar. 2018.

PETRARCA, Francesco. Soneto XVIII. In: LYRA, Pedro (trad.). Vinte sonetos de amor e uma canção de despedida. Revista Brasileira, Rio de Janeiro, 2006.

ROVER, Ardinete; MELLO, Regina Oneda. Normas da ABNT: orientações para a produção científica. Joaçaba: Unoesc, 2020.   

Escritor do artigo
Escrito por: Warley Souza Professor de Português e Literatura, com licenciatura e mestrado em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SOUZA, Warley. "Paráfrase"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/redacao/parafrase-parodia.htm. Acesso em 21 de dezembro de 2024.

De estudante para estudante


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Lista de exercícios


Exercício 1

(Enem-MEC)Quem não passou pela experiência de estar lendo um texto e defrontar-se com passagens lidas em outros? Os textos conversam entre si em um diálogo constante. Esse fenômeno tem a denominação de intertextualidade. Leia os seguintes textos:

TEXTO 1

Quando nasci, um anjo torto
Desses que vivem na sombra
Disse: Vai Carlos! Ser “gauche na vida”

ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma poesia. Rio de Janeiro: Aguilar, 1964.


TEXTO 2

Quando nasci veio um anjo safado
O chato dum querubim
E decretou que eu tava predestinado
A ser errado assim
Já de saída a minha estrada entortou
Mas vou até o fim.

BUARQUE, Chico. Letra e música. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.  

 
TEXTO 3

Quando nasci um anjo esbelto
Desses que tocam trombeta, anunciou:
Vai carregar bandeira.
Carga muito pesada pra mulher
Essa espécie ainda envergonhada.

PRADO, Adélia. Bagagem. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986

Adélia Prado e Chico Buarque estabelecem intertextualidade em relação a Carlos Drummond de Andrade por:

a) reiteração de imagens
b) oposição de ideias
c) falta de criatividade
d) negação dos versos
e) ausência de recursos

Exercício 2

(Ufpel 2000)- Leia com atenção a seguinte passagem, retirada do livro "Para entender o texto - leitura e redação", de Platão & Fiorin, Editora Ática.

Com muita frequência um texto retoma passagens de outro. Quando um texto de caráter científico cita outros textos, isso é feito de maneira explícita. O texto citado vem entre aspas e em nota indica-se o autor e o livro donde se extraiu a citação.
Num texto literário, a citação de outros textos é implícita, ou seja, um poeta ou romancista não indica o autor e a obra donde retira as passagens citadas, pois pressupõe que o leitor compartilhe com ele um mesmo conjunto de informações a respeito das obras que compõem um determinado universo cultural. Os dados a respeito dos textos literários, mitológicos, históricos são necessários, muitas vezes, para a compreensão global de um texto.

A essa citação de um texto por outro, a esse diálogo entre textos dá-se o nome de intertextualidade.

(...)

Um texto cita outra com, basicamente, duas finalidades distintas:

a) para reafirmar alguns dos sentidos do texto citado;

b) para inverter, contestar e deformar alguns dos sentidos do texto citado; para “polemizar com ele".

Com base nisso, observe os três textos a seguir:

TEXTO 1

Pescador tão entretido
numa pedra ao sol,
esperando o peixe ferido
pelo teu anzol,

há um fio do céu descido
sobre o teu coração:
de longe estás sendo ferido
por outra mão.

MEIRELES, Cecília. "Flor de poemas". 3ª edição - Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1972. p.162

TEXTO 2

"tô descendo a serra
cego pela serração*
salvo pela imagem
pela imaginação
de uma bailarina no asfalto
fazendo curvas sobre patins

tô descendo a serra
cego pela neblina
você nem imagina
como tem curvas esta estrada
ela parece uma serpente morta
às portas do paraíso

o inferno ficou para trás
com as luzes lá em cima
o céu não seria rima
nem seria solução"
* (sic)

Engenheiros do Hawaii

TEXTO 3

Relacionando o fragmento extraído de Platão & Fiorin, o seu conhecimento e os textos apresentados, podemos afirmar que:

a)      No texto 3, não se evidencia intertextualidade, pois ela ocorre somente entre textos literários.

b) Nos textos 1 e 2, evidencia-se intertextualidade: esses textos remetem, respectivamente, a "No meio do caminho" e "Confidência de Itabirano", de Drummond.

c) No texto 1, evidencia-se intertextualidade: ele remete a "No meio do caminho", de Drummond.

d) Nos textos 2 e 3, evidencia-se intertextualidade: esses textos remetem, respectivamente, a "Poema de sete faces" e "No meio do caminho", de Carlos Drummond de Andrade.

e) No texto 2, evidencia-se intertextualidade: ele remete a "Confidência de Itabirano", de Drummond.