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Melatonina

A melatonina é um importante hormônio que tem potente efeito indutor do sono. É produzida pelo corpo humano, mas pode ser obtida por meio de suplementação.

Mulher dormindo, uma alusão à melatonina, um potente indutor do nosso sono.
A melatonina é um potente indutor do nosso sono.
Crédito da Imagem: Shutterstock.com
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A melatonina é um hormônio sintetizado na glândula pineal a partir do aminoácido triptofano. Sua produção é aumentada em ambientes de escuridão, sendo minimizada quando há a presença de luz. Como induz o sono com grande eficiência, a melatonina é conhecida como o “hormônio do sono”.

A melatonina é produzida pelos seres humanos, mas sua produção cai naturalmente com o passar dos anos. Sua suplementação é indicada para pessoas que sofrem com distúrbio do sono, como pessoas com o transtorno espectro autista, assim como pessoas que sofrem com jet lag, trabalhadores noturnos e deficientes visuais.

Leia também: Adrenalina — um hormônio produzido pela glândula adrenal

Tópicos deste artigo

Resumo sobre melatonina

  • A melatonina é um hormônio sintetizado na glândula pineal.

  • Ela tem sido empregada de forma clínica e em tratamentos.

  • A produção de melatonina é estimulada com a baixa luminosidade e diminui com a presença de luminosidade.

  • Ela é uma forte indutora de sono.

  • A produção de melatonina pelos seres humanos decai com o avanço da idade.

  • Sua suplementação é indicada para pessoas que possuem distúrbios de sono, sofrem com jet lag, são deficientes visuais, são trabalhadores noturnos e até mesmo pessoas com o transtorno espectro autista.

O que é melatonina?

A estrutura da melatonina.
A estrutura da melatonina.

A melatonina é o “hormônio do sono”. Também conhecida como N-acetil-5-metoxitriptamina, a melatonina é um hormônio indolamínico sintetizado pelos pinealócitos presentes na glândula pineal a partir do aminoácido triptofano.

Para que serve a melatonina?

Devido ao fato de ser indutora do sono, a melatonina tem vários usos nesse sentido, mas não somente. Atualmente, a melatonina tem sido empregada de forma clínica e em tratamentos. Tal hormônio está envolvido na adaptação dos ciclos diurnos e dos ciclos noturnos do ambiente e, devido a isso, tem sido empregado no tratamento de transtornos do sono e em alterações do ritmo sono-vigília, como a insônia.

Após sua administração, vê-se que a melatonina tem potencial efeito na indução do sono, embora seja esperado que o sono total, tanto em termos de qualidade quanto em termos de arquitetura, mantenha-se inalterado. Em pacientes epilépticos, a administração de melatonina, inclusive, aumentou o limiar convulsivo. Por sua vez, em pacientes com Parkinson, percebeu-se uma diminuição da rigidez e dos tremores.

Aproveitando-se tal efeito, a melatonina também é empregada no chamado efeito jet lag, causado após viajar por diversas horas cruzando diversos fusos horários. Como consequência, o relógio biológico não está sincronizado com o horário do local de desembarque, causando, assim, insônia, fadiga e irritabilidade. Assim, a melatonina pode ser utilizada para aliviar os efeitos do jet lag.

Trabalhadores noturnos também possuem dificuldades relacionadas ao sono. Isso porque a melatonina é produzida na ausência de luz, de modo que a exposição à luz artificial diminui os níveis de melatonina. Sendo assim, é importante que, durante o dia (teoricamente, o turno de descanso), mantenham-se em ambientes de baixa luz e façam o uso de melatonina, de modo que possam dormir adequadamente dentro de sua realidade laboral.

Como funciona a melatonina?

A melatonina é produzida em maior quantidade na escuridão, pois sua produção na glândula pineal e sua concentração sanguínea são reguladas pela enzima arilalquilamina N-acetiltransferase. Em períodos de escuridão, a atividade dessa enzima aumenta, enquanto, na presença de luz, ela é inibida. Uma vez formada, a melatonina se difunde facilmente, tendo em vista sua grande lipofilia (maior caráter apolar), chegando, assim, aos receptores corretos e induzindo o sono.

Produção de melatonina, o hormônio do sono.
Produção da melatonina: a luz inibe, a escuridão estimula.

O ritmo da secreção de melatonina pineal é regulado por um circuito neural bem caracterizado, regulado pelo nosso ritmo cicardiano (uma espécie de relógio biológico, ou seja, as nossas variações biológicas que se repetem a cada 24 horas, basicamente), o qual tem origem no núcleo supraquiasmático (NSQ).

Em idade fetal, ainda não temos o NSQ formado, então a melatonina é provida pela mãe, auxiliando no desenvolvimento do NSQ. A produção de melatonina decai com o passar dos anos, assim como o período em que ela atinge concentração máxima durante a noite.

A nossa temperatura corporal também se altera ao longo do dia, sendo ela mais alta nos períodos diurnos e de maior luz em comparação às períodos noturnos e de menor luz. Essa queda que ocorre pela noite pode justamente ser revertida pela exposição à luz. Como esse efeito é regulado pela melatonina, ela está ligada à queda da temperatura corporal.

Veja também: Como funciona a somatotropina, o “hormônio do crescimento”?

Indicações da melatonina

Criança mexendo no celular antes de dormir, uma das causas da insônia, que pode ser reduzida com suplementação de melatonina.
A melatonina ajuda pessoas que possuam distúrbios do sono, como a insônia. O uso excessivo de telas antes de dormir é uma das causas da insônia.

A suplementação de melatonina é possível em alguns casos, tais como:

  • Atraso da fase do sono: um transtorno que ocorre com pessoas que têm dificuldade de conciliar seu horário de sono, sendo que o sono vem tardiamente, prejudicando sua qualidade de vida.

  • Jet Lag: o transtorno temporário do sono associado às viagens muito longas que permeiam diversos fusos horários.

  • Distúrbios do sono: a situação na qual as pessoas sofrem diversos problemas associados ao sono, tais como a insônia e o transtorno comportamental do sono REM (a última fase, com maior atividade cerebral e mais propensa aos sonhos), em que o paciente tem pesadelos e alterações motoras que impactam na qualidade do seu sono.

  • Deficientes visuais: pessoas que possuam deficiência visual possuem problemas em seu ritmo circadiano, pois não possuem o estímulo adequado de luz.

  • Trabalhadores noturnos: pessoas que trabalham de noite e têm dificuldade para se adaptar ao novo turno, assim como deficientes visuais, tem problemas com seu ritmo circadiano, pois descansam e dormem em períodos de baixa produção de melatonina.

  • Pessoas pertencentes ao espectro autista: pessoas do transtorno espectro autista possuem maior risco para desenvolvimento de distúrbios do sono, como a própria insônia.

Alimentos ricos em melatonina

A tabela a seguir traz informações de alimentos ricos em melatonina, bem como suas quantidades:

Alimento

Teor de melatonina (ng/g ou ng/mL)

Carne bovina

2,1 ± 0,13

Carne suína

2,5 ± 0,18

Salmão

3,7 ± 0,21

Frango

2,3 ± 0,23

Leite de vaca

14,45 ± 0,12

Arroz

1,50

Arroz parboilizado

28,33 ± 0,61

Abacaxi

0,28

Morango

0,14

Bananna

0,66

Maçã Fuji

5

Uva

1,2

Cebola

0,30

Cenoura

0,49

Soja

0,45 ± 0,03

Semente de Girassol

29

Semente de Avelã

39

Pistache

233.000

Suco de laranja

3,15-21,80

Vinho (Cabernet Sauvignon)

14,2 ± 0,2

Vinho (Merlot)

0,21 ± 0,02

Vinho (Chardonnay)

0,16

Efeitos colaterais da melatonina

Os sintomas mais comuns em caso de doses maiores de melatonina são os seguintes:

  • sonolência diurna;

  • dores de cabeça;

  • náuseas;

  • cólicas abdominais;

  • boca seca;

  • sudorese noturna;

  • aumento da pressão arterial;

  • dores nas pernas e nos braços;

  • sonhos estranhos ou pesadelos;

  • tremores.

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Há, em alguns casos, relatos de pioras de quadros de depressão, além de ansiedade leve. Em casos mais severos, pode haver:

  • alterações na visão periférica;

  • visão turva;

  • fraqueza e desmaios;

  • tontura;

  • confusão;

  • sensação de que as coisas estão rodando (vertigem);

  • sangramentos que não cessam;

  • hematomas inexplicáveis;

  • sangue na urina.

Há, ainda, casos raríssimos associados a reações alérgicas severas à melatonina (anafilase).

Importante: Nesses casos mais severos, deve-se buscar auxílio médico o quanto antes.

Fontes

ALVES, R. S. C.; CIPOLLA-NETO, J.; NAVARRO, J. M.; OKAY, Y. A melatonina e o sono em crianças. Pediatria (São Paulo). v. 20, n. 2, p. 99-105, 1998. Disponível em: https://repositorio.usp.br/directbitstream/e4f1c63a-38ab-4d91-9648-689b58ad6636/996425.pdf.

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HARDELAND, R.; PERUMAL-PANDI, S. R.; CARDINALI, D. P. Melatonin. The International Journal of Biochemistry & Cell Biology. v. 38, n. 3, p. 313-316, mar. 2006.

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NATIONAL HEALTH SERVICE – NHS. About melatonin. Disponível em: https://www.nhs.uk/medicines/melatonin/about-melatonin/.

RIBEIRO, M. Melatonina ajuda a regular o sono, mas não trata insônia. Drauzio Varella. 12 mai. 2022. Disponível em: https://drauziovarella.uol.com.br/endocrinologia/melatonina-ajuda-a-regular-o-sono-mas-nao-trata-insonia/.

ZIMMERMAN, R. C.; OLCESE, J. M. Melatonin. In: Treatment of the Postmenopausal Woman. 3a. ed. Cap. 58, p. 829-836, Academic Press: 2007.

Escritor do artigo
Escrito por: Stéfano Araújo Novais Stéfano Araújo Novais, além de pai da Celina, é também professor de Química da rede privada de ensino do Rio de Janeiro. É bacharel em Química Industrial pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e mestre em Química pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

NOVAIS, Stéfano Araújo. "Melatonina"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/quimica/melatonina.htm. Acesso em 26 de julho de 2024.

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