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A melatonina é um hormônio sintetizado na glândula pineal a partir do aminoácido triptofano. Sua produção é aumentada em ambientes de escuridão, sendo minimizada quando há a presença de luz. Como induz o sono com grande eficiência, a melatonina é conhecida como o “hormônio do sono”.
A melatonina é produzida pelos seres humanos, mas sua produção cai naturalmente com o passar dos anos. Sua suplementação é indicada para pessoas que sofrem com distúrbio do sono, como pessoas com o transtorno espectro autista, assim como pessoas que sofrem com jet lag, trabalhadores noturnos e deficientes visuais.
Leia também: Adrenalina — um hormônio produzido pela glândula adrenal
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre melatonina
- 2 - O que é melatonina?
- 3 - Para que serve a melatonina?
- 4 - Como funciona a melatonina?
- 5 - Indicações da melatonina
- 6 - Alimentos ricos em melatonina
- 7 - Efeitos colaterais da melatonina
Resumo sobre melatonina
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A melatonina é um hormônio sintetizado na glândula pineal.
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Ela tem sido empregada de forma clínica e em tratamentos.
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A produção de melatonina é estimulada com a baixa luminosidade e diminui com a presença de luminosidade.
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Ela é uma forte indutora de sono.
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A produção de melatonina pelos seres humanos decai com o avanço da idade.
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Sua suplementação é indicada para pessoas que possuem distúrbios de sono, sofrem com jet lag, são deficientes visuais, são trabalhadores noturnos e até mesmo pessoas com o transtorno espectro autista.
O que é melatonina?
A melatonina é o “hormônio do sono”. Também conhecida como N-acetil-5-metoxitriptamina, a melatonina é um hormônio indolamínico sintetizado pelos pinealócitos presentes na glândula pineal a partir do aminoácido triptofano.
Para que serve a melatonina?
Devido ao fato de ser indutora do sono, a melatonina tem vários usos nesse sentido, mas não somente. Atualmente, a melatonina tem sido empregada de forma clínica e em tratamentos. Tal hormônio está envolvido na adaptação dos ciclos diurnos e dos ciclos noturnos do ambiente e, devido a isso, tem sido empregado no tratamento de transtornos do sono e em alterações do ritmo sono-vigília, como a insônia.
Após sua administração, vê-se que a melatonina tem potencial efeito na indução do sono, embora seja esperado que o sono total, tanto em termos de qualidade quanto em termos de arquitetura, mantenha-se inalterado. Em pacientes epilépticos, a administração de melatonina, inclusive, aumentou o limiar convulsivo. Por sua vez, em pacientes com Parkinson, percebeu-se uma diminuição da rigidez e dos tremores.
Aproveitando-se tal efeito, a melatonina também é empregada no chamado efeito jet lag, causado após viajar por diversas horas cruzando diversos fusos horários. Como consequência, o relógio biológico não está sincronizado com o horário do local de desembarque, causando, assim, insônia, fadiga e irritabilidade. Assim, a melatonina pode ser utilizada para aliviar os efeitos do jet lag.
Trabalhadores noturnos também possuem dificuldades relacionadas ao sono. Isso porque a melatonina é produzida na ausência de luz, de modo que a exposição à luz artificial diminui os níveis de melatonina. Sendo assim, é importante que, durante o dia (teoricamente, o turno de descanso), mantenham-se em ambientes de baixa luz e façam o uso de melatonina, de modo que possam dormir adequadamente dentro de sua realidade laboral.
Como funciona a melatonina?
A melatonina é produzida em maior quantidade na escuridão, pois sua produção na glândula pineal e sua concentração sanguínea são reguladas pela enzima arilalquilamina N-acetiltransferase. Em períodos de escuridão, a atividade dessa enzima aumenta, enquanto, na presença de luz, ela é inibida. Uma vez formada, a melatonina se difunde facilmente, tendo em vista sua grande lipofilia (maior caráter apolar), chegando, assim, aos receptores corretos e induzindo o sono.
O ritmo da secreção de melatonina pineal é regulado por um circuito neural bem caracterizado, regulado pelo nosso ritmo cicardiano (uma espécie de relógio biológico, ou seja, as nossas variações biológicas que se repetem a cada 24 horas, basicamente), o qual tem origem no núcleo supraquiasmático (NSQ).
Em idade fetal, ainda não temos o NSQ formado, então a melatonina é provida pela mãe, auxiliando no desenvolvimento do NSQ. A produção de melatonina decai com o passar dos anos, assim como o período em que ela atinge concentração máxima durante a noite.
A nossa temperatura corporal também se altera ao longo do dia, sendo ela mais alta nos períodos diurnos e de maior luz em comparação às períodos noturnos e de menor luz. Essa queda que ocorre pela noite pode justamente ser revertida pela exposição à luz. Como esse efeito é regulado pela melatonina, ela está ligada à queda da temperatura corporal.
Veja também: Como funciona a somatotropina, o “hormônio do crescimento”?
Indicações da melatonina
A suplementação de melatonina é possível em alguns casos, tais como:
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Atraso da fase do sono: um transtorno que ocorre com pessoas que têm dificuldade de conciliar seu horário de sono, sendo que o sono vem tardiamente, prejudicando sua qualidade de vida.
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Jet Lag: o transtorno temporário do sono associado às viagens muito longas que permeiam diversos fusos horários.
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Distúrbios do sono: a situação na qual as pessoas sofrem diversos problemas associados ao sono, tais como a insônia e o transtorno comportamental do sono REM (a última fase, com maior atividade cerebral e mais propensa aos sonhos), em que o paciente tem pesadelos e alterações motoras que impactam na qualidade do seu sono.
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Deficientes visuais: pessoas que possuam deficiência visual possuem problemas em seu ritmo circadiano, pois não possuem o estímulo adequado de luz.
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Trabalhadores noturnos: pessoas que trabalham de noite e têm dificuldade para se adaptar ao novo turno, assim como deficientes visuais, tem problemas com seu ritmo circadiano, pois descansam e dormem em períodos de baixa produção de melatonina.
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Pessoas pertencentes ao espectro autista: pessoas do transtorno espectro autista possuem maior risco para desenvolvimento de distúrbios do sono, como a própria insônia.
Alimentos ricos em melatonina
A tabela a seguir traz informações de alimentos ricos em melatonina, bem como suas quantidades:
Alimento |
Teor de melatonina (ng/g ou ng/mL) |
Carne bovina |
2,1 ± 0,13 |
Carne suína |
2,5 ± 0,18 |
Salmão |
3,7 ± 0,21 |
Frango |
2,3 ± 0,23 |
Leite de vaca |
14,45 ± 0,12 |
Arroz |
1,50 |
Arroz parboilizado |
28,33 ± 0,61 |
Abacaxi |
0,28 |
Morango |
0,14 |
Bananna |
0,66 |
Maçã Fuji |
5 |
Uva |
1,2 |
Cebola |
0,30 |
Cenoura |
0,49 |
Soja |
0,45 ± 0,03 |
Semente de Girassol |
29 |
Semente de Avelã |
39 |
Pistache |
233.000 |
Suco de laranja |
3,15-21,80 |
Vinho (Cabernet Sauvignon) |
14,2 ± 0,2 |
Vinho (Merlot) |
0,21 ± 0,02 |
Vinho (Chardonnay) |
0,16 |
Efeitos colaterais da melatonina
Os sintomas mais comuns em caso de doses maiores de melatonina são os seguintes:
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sonolência diurna;
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dores de cabeça;
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náuseas;
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cólicas abdominais;
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boca seca;
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sudorese noturna;
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aumento da pressão arterial;
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dores nas pernas e nos braços;
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sonhos estranhos ou pesadelos;
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tremores.
Há, em alguns casos, relatos de pioras de quadros de depressão, além de ansiedade leve. Em casos mais severos, pode haver:
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alterações na visão periférica;
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visão turva;
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fraqueza e desmaios;
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tontura;
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confusão;
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sensação de que as coisas estão rodando (vertigem);
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sangramentos que não cessam;
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hematomas inexplicáveis;
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sangue na urina.
Há, ainda, casos raríssimos associados a reações alérgicas severas à melatonina (anafilase).
Importante: Nesses casos mais severos, deve-se buscar auxílio médico o quanto antes.
Fontes
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