Livermório (Lv)

O livermório (Lv) é um elemento sintético, superpesado e altamente instável produzido em laboratórios por meio de fusões nucleares.

Imprimir
A+
A-
Escutar texto
Compartilhar
Facebook
X
WhatsApp
Play
Ouça o texto abaixo!
1x

O livermório (Lv) é um elemento químico sintético de número atômico 116 e massa atômica 293, situado na tabela periódica entre os elementos superpesados. Nesse sentido, ele não ocorre naturalmente na crosta terrestre e só pode ser produzido em laboratórios especializados, onde átomos de cálcio são acelerados e colidem com átomos de cúrio, resultando em sua formação. Em vista disso, sua descoberta e estudo proporcionam novas perspectivas sobre a Química Nuclear e o entendimento da tabela periódica, destacando a contínua exploração dos limites da matéria e das interações nucleares.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

Leia também: Moscóvio — detalhes sobre esse elemento químico sintético localizado no grupo 15 da tabela periódica

Tópicos deste artigo

Resumo sobre livermório

  • O livermório (Lv) é um elemento químico sintético de número atômico 116 e massa atômica 293, situado na tabela periódica entre os elementos superpesados.

  • É um calcogênio, superpesado, radioativo e pertence à série dos metais pós-transurânicos.

  • Foi obtido por meio de fusões nucleares envolvendo cálcio-48 e cúrio-248.

  • É extremamente instável com meia-vida de milissegundos a segundos.

  • Não é encontrado na natureza, apenas em laboratórios.

    Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)
  • Possibilita a expansão do conhecimento sobre elementos superpesados e Química Nuclear.

  • Possui aplicações restritas à pesquisa científica devido à sua alta instabilidade.

  • Ajuda na compreensão da tabela periódica e dos limites da matéria.

  • Descoberto no Instituto Conjunto de Pesquisa Nuclear (Rússia) e Laboratório Nacional Lawrence Livermore (EUA).

  • Seu nome foi uma homenagem ao Laboratório Nacional Lawrence Livermore.

Propriedades do livermório

  • Símbolo: Lv.

    Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)
  • Massa atômica: 293 u.

  • Número atômico: 116.

  • Configuração eletrônica: [Rn] 5f14 6d10 7s2 7p4.

  • Eletronegatividade: 1,3 (na escala Pauling).

  • Série química: metais pós-transurânicos.

  • Ponto de fusão: 364 – 507 ºC (estimado).

    Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)
  • Ponto de ebulição: 762 – 862 ºC (estimado).

  • Raio atômico: 183 pm (previsto).

  • Estado de oxidação: +4, +2, -2 (estimado).

Propriedades como energia de ionização, afinidade eletrônica e densidade ainda são desconhecidos para esse elemento, devido aos desafios enfrentados pelos cientistas frente às técnicas de medição e à instabilidade do livermório. Quanto aos pontos de fusão e ebulição, raio atômico e estados de oxidação, estudos teóricos possibilitaram estabelecer uma estimativa.

Características do livermório

Além de ter uma natureza radioativa, o livermório tem como uma de suas principais características o seu tempo de meia-vida, que é extremamente curto, variando de milissegundos a segundos, isto é, nenhum de seus isótopos dura mais do que 53 milissegundos antes de sofrerem decaimento. Embora não se possa afirmar, estudos teóricos o classificam como um metal, e espera-se que ele seja sólido nas condições normais de temperatura e pressão.

Onde o livermório é encontrado?

Por se tratar de um elemento químico sintético, o livermório não é encontrado na natureza, mas sim produzido em laboratório. Portanto, todo o livermório que existe foi produzido artificialmente em experimentos científicos, e ele não pode ser encontrado em nenhum lugar fora desses ambientes laboratoriais especializados.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

Ocorrência do livermório

No que tange à sua natureza sintética, a ocorrência do livermório ainda está limitada a pequenas quantidades e condições controladas em laboratórios que utilizam equipamentos avançados, como aceleradores de partículas, para realizar as colisões necessárias e detectar a formação de novos elementos. Vale lembrar que ele tem uma meia-vida extremamente curta, sendo assim, logo após sua formação, ele se transforma em outros elementos mais leves por meio de processos de decaimento radioativo, como a emissão de partículas alfa.

Obtenção do livermório

A obtenção do livermório ocorre em laboratórios por meio da fusão nuclear de cálcio e cúrio em aceleradores de partículas. Tal processo exige condições precisas e equipamentos avançados para superar as barreiras energéticas e detectar o elemento resultante, que é altamente instável e de curta duração. Diante disso, podemos dividir esse processo em cinco etapas importantes, tais como:

  1. Escolha dos elementos: o cálcio utilizado é geralmente o isótopo cálcio-48, que tem 20 prótons e 28 nêutrons. O cúrio, por sua vez, é tipicamente o isótopo cúrio-248, que possui 96 prótons e 152 nêutrons.

  2. Acelerador de partículas: um acelerador de partículas é utilizado para acelerar os íons de cálcio a altas velocidades. Esses íons são carregados eletricamente e, ao serem acelerados, atingem energias cinéticas muito elevadas.

  3. Colisão: os íons de cálcio acelerados são direcionados para um alvo de cúrio, cujos núcleos colidem ocasionando a fusão nuclear. Entretanto, essa colisão precisa ocorrer com a energia exata necessária para que os núcleos se fundam, superando a força de repulsão eletrostática entre os prótons.

  4. Formação do livermório: se a colisão for bem-sucedida, os núcleos de cálcio e cúrio se combinam, onde geralmente três nêutrons são ejetados, resultando no núcleo de livermório, o qual possui 116 prótons, conforme a equação nuclear simplificada:

    Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

48Ca + 248Cm → 293Lv + 3 n

  1. Detecção e identificação: após a formação, o livermório decai rapidamente devido à sua instabilidade. Por isso, equipamentos de detecção altamente sensíveis são utilizados para identificar os produtos de decaimento e confirmar a sua formação por meio da análise dos padrões de radiação emitida durante esse fenômeno.

Aplicações do livermório

Devido à sua altíssima instabilidade e à sua produção em quantidades extremamente pequenas e por períodos muito curtos, o livermório ainda não possui aplicações práticas conhecidas fora do âmbito da pesquisa científica. Contudo, seu estudo é fundamental para expandir o conhecimento sobre a química dos elementos superpesados e para a compreensão mais profunda da estrutura da tabela periódica.

Veja também: Oganessônio — outro elemento sintético que ainda não possui aplicações práticas conhecidas fora do âmbito da pesquisa científica

Precauções com o livermório

Tal qual todo elemento instável e radioativo, que apresenta de certa forma algum risco à saúde, o livermório não é diferente. Assim, sua natureza radioativa requer precauções especiais durante seu manuseio e estudo. Por exemplo:

  • Só pode ser manuseado em laboratórios especializados equipados com medidas de segurança adequadas para lidar com materiais radioativos.

    Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)
  • Os pesquisadores devem usar vestimentas de proteção adequadas, como aventais de chumbo, luvas e óculos de proteção, para evitar a exposição à radiação.

  • Devido à sua meia-vida extremamente curta, o tempo de exposição ao livermório deve ser minimizado ao máximo.

  • Deve ser armazenado em recipientes seguros e isolados para evitar a contaminação e a exposição acidental.

  • É essencial monitorar constantemente os níveis de radiação no ambiente onde ele está sendo manipulado para garantir a segurança dos pesquisadores e do ambiente.

História do livermório

A história do livermório está intrinsecamente ligada à busca por elementos superpesados e à expansão da tabela periódica. Nesse sentido, a primeira síntese bem-sucedida desse elemento foi realizada em no ano 2000 por uma equipe de cientistas russos no Instituto Conjunto de Pesquisa Nuclear em Dubna, Rússia, em colaboração com o Laboratório Nacional Lawrence Livermore nos Estados Unidos.

Em meio a isso, utilizando um acelerador de partículas, a equipe bombardeou átomos de cálcio-48 em um alvo de cúrio-248, resultando na fusão nuclear e na formação de átomos de livermório, cuja descoberta foi confirmada pela análise dos produtos de seu decaimento, que coincidiam com os previstos pelos modelos teóricos.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

Já em 2012, a União Internacional de Química Pura e Aplicada (Iupac) e a União Internacional de Física Pura e Aplicada (Iupap) reconheceram a descoberta do elemento 116 e atribuíram o nome livermório (Lv) em homenagem ao Laboratório Nacional Lawrence Livermore. Em vista disso, o livermório, juntamente com outros elementos superpesados, contribui significativamente para a compreensão da Química Nuclear e a extensão da tabela periódica para elementos mais pesados.

Por fim, vale ressaltar que sua produção e estudo ajudaram os cientistas a confirmar e expandir os modelos teóricos sobre a estabilidade e propriedades dos elementos superpesados. Embora a produção e estudo desse elemento enfrentem desafios significativos devido à sua instabilidade e vida útil muito curta, a pesquisa continua a fim de aprimorar os métodos de síntese, compreender melhor suas propriedades e explorar suas aplicações potenciais na Física e na Química.

Curiosidades sobre o livermório

  • O livermório foi nomeado em homenagem ao Laboratório Nacional Lawrence Livermore, nos Estados Unidos, onde parte da pesquisa sobre elementos superpesados foi conduzida.

  • Antes de receber o nome livermório, o elemento era conhecido temporariamente como ununhexium (Uuh), que significa 116 em latim.

  • É um dos elementos mais pesados já sintetizados pelos seres humanos, com 116 prótons em seu núcleo.

Fontes

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

DAY, K. Uuh? No. It’s livermorium! Nature Chemistry, [s. l.], v. 8, n. 9, p. 896–896, 2016. Disponível em: https://www.nature.com/articles/nchem.2593.

DMITRIEV, S. N.; POPEKO, A. G. Superheavy Elements with Z=114 and 116 have been Named Flerovium and Livermorium. Mendeleev Communications, [s. l.], v. 23, n. 1, p. 1–2, 2013. Disponível em: https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0959943613000023.

FLEROVIUM AND LIVERMORIUM JOIN THE PERIODIC TABLE. Chemistry International -- Newsmagazine for IUPAC, [s. l.], v. 34, n. 4, 2012. Disponível em: https://www.degruyter.com/document/doi/10.1515/ci.2012.34.4.19a/html.

HESSBERGER, F. P. Discovery of the Heaviest Elements. ChemPhysChem, [s. l.], v. 14, n. 3, p. 483–489, 2013. Disponível em: https://chemistry-europe.onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/cphc.201201011.

INTRODUCING FLEROVIUM AND LIVERMORIUM. Physics World, [s. l.], v. 25, n. 01, p. 9–9, 2012. Disponível em: https://iopscience.iop.org/article/10.1088/2058-7058/25/01/18.

KULEFF, I. Again about the end of the periodic table of chemical elements. Chemistry, [s. l.], v. 22, n. 2, p. 286–299, 2013.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

LIU, J. et al. Ionization potentials of the superheavy element livermorium (Z = 116). The Journal of Chemical Physics, [s. l.], v. 152, n. 20, p. 204303, 2020. Disponível em: https://pubs.aip.org/jcp/article/152/20/204303/597061/Ionization-potentials-of-the-superheavy-element.

LOSS, R. D.; CORISH, J. Names and symbols of the elements with atomic numbers 114 and 116 (IUPAC Recommendations 2012). Pure and Applied Chemistry, [s. l.], v. 84, n. 7, p. 1669–1672, 2012. Disponível em: https://www.degruyter.com/document/doi/10.1351/PAC-REC-11-12-03/html.

NATIONAL LIBRARY OF MEDICINE. Livermorium. Disponível em: https://pubchem.ncbi.nlm.nih.gov/element/116. Acesso em: jun. 15DC.

WITZE, A. Matter & energy: Meet flerovium and livermorium: Group confers official names on two superheavy elements. Science News, [s. l.], v. 181, n. 13, p. 10–10, 2012. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/scin.5591811311.  

Pessoa segurando um bloco com o símbolo, o número atômico e a massa atômica do livermório.
O livermório está localizado no grupo de 16 da tabela periódica, sendo, portanto, um calcogênio.
Crédito da Imagem: Shutterstock.com
Escritor do artigo
Escrito por: Jhonilson Pereira Gonçalves Graduado em ciências licenciatura/química (UEMA), mestre em química (UFMA) e pós-graduado em metodologia do ensino de física e química. Possui experiência na área da educação como professor do ensino fundamental ao superior.
Deseja fazer uma citação?
GONçALVES, Jhonilson Pereira. "Livermório (Lv)"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/quimica/livermorio-lv.htm. Acesso em 20 de dezembro de 2025.
Copiar