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Mayombe é um livro do escritor angolano Pepetela. Conta as histórias de guerrilheiros reunidos em uma base na floresta do Mayombe. Provenientes de diversas tribos, eles se unem para lutar contra os tugas, isto é, os portugueses, que buscam manter seu domínio sobre o país.
Em meio à guerra, há espaço para reflexões políticas e também para o sentimento amoroso. Assim, o romance, publicado pela primeira vez em 1980, apresenta caráter anticolonialista e mostra, além disso, os conflitos internos entre as diversas tribos angolanas, as quais são responsáveis pela diversidade cultural do país.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo da obra Mayombe
- 2 - Videoaula com a análise literária de Mayombe
- 3 - Análise da obra Mayombe
- 4 - Importância da floresta do Mayombe na obra
- 5 - Pepetela, o autor de Mayombe
- 6 - Contexto histórico de Mayombe
Resumo da obra Mayombe
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Romance pertencente à literatura contemporânea de Angola.
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Seu autor é o escritor e ex-guerrilheiro Pepetela.
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Contexto histórico: Guerra de Independência de Angola.
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Conta a história de guerrilheiros em uma base na floresta do Mayombe.
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Apresenta elementos da cultura angolana e o conflito entre as tribos.
Videoaula com a análise literária de Mayombe
Análise da obra Mayombe
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Personagens da obra Mayombe
- Guerrilheiros:
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Chefe de Operações;
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Chefe do Depósito;
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Comissário Político;
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Ekuikui: o caçador do Bié;
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Ingratidão do Tuga;
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Kiluanje;
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Lutamos;
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Milagre;
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Muatiânvua;
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Mundo Novo;
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Pangu-Akitina: o enfermeiro;
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Sem Medo;
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Teoria: o professor;
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Verdade;
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Vewê: o cágado.
- André.
- Kandimba.
- Leli: amada de Sem Medo.
- Manuela: amada de Teoria.
- Ondina: noiva de Comissário.
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Tempo da obra Mayombe
A narrativa ocorre durante a Guerra de Independência de Angola. A princípio, portanto, em algum momento entre 1961 e 1974. No entanto, o personagem Sem Medo menciona sua ida à Europa em 1962 e sua volta para a guerrilha em 1964. Por fim, no epílogo, temos o relato do último narrador — o Comissário Político —, assinado em Dolisie, no ano de 1971.
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Espaço da obra Mayombe
A ação se passa, principalmente, na floresta do Mayombe, onde está a base do grupo rebelde que luta pela independência de Angola, mas também na cidade de Dolisie, situada no Congo.
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Enredo da obra Mayombe
Alguns guerrilheiros estão em um acampamento na floresta do Mayombe. Então, o personagem Teoria assume a função de narrador e se descreve para o leitor e a leitora. Na sequência, o narrador principal fala sobre o estado do professor, que está ferido, mas insiste em continuar.
Teoria fala de Manuela, a quem renunciou, e também expõe sua condição social de homem miscigenado: “Criança ainda, queria ser branco, para que os brancos me não chamassem negro. Homem, queria ser negro, para que os negros me não odiassem. Onde estou eu, então?”.
Já o narrador principal nos informa sobre a diversidade étnica dos guerrilheiros: o Comandante é kikongo; e o Comissário, kimbundo. Além deles, existem também os cabindas, lundas, umbundos e lumpens. E, outra vez, Teoria assume o posto de narrador para explicar que seus conhecimentos fizeram que o nomeassem “professor da Base”.
O narrador principal narra uma discussão, entre os guerrilheiros, sobre a importância de politizar os trabalhadores. Os rebeldes também planejam uma ação militar para combater os tugas (portugueses). Assim, os guerrilheiros aprisionam alguns trabalhadores e buscam saber informações sobre o quartel. O plano é seguir o caminho do Congo, libertar os trabalhadores e voltar para surpreender os tugas.
Na sequência, o Comissário tenta politizar os trabalhadores; Milagre assume a narrativa e expõe sua visão sobre a rivalidade entre as tribos; o plano é colocado em prática, de forma que os tugas são pegos desprevenidos; e, por fim, Ingratidão, acusado de roubo, é julgado pelos guerrilheiros e condenado a seis meses de cadeia.
Em seguida, o narrador principal conta a história da base guerrilheira, construída no Mayombe. Relata que oito jovens guerrilheiros — entre eles, Vewê — chegaram à base três dias após a missão contra os tugas e permite que Mundo Novo comande a narrativa e exponha seus pensamentos críticos em relação ao Comandante.
A situação na Base é crítica, pois a comida chega ao fim, o que gera um clima de revolta entre os combatentes. Porém, o Chefe de Operações traz o reabastecimento, para a alegria geral. E traz também a notícia de que o camarada André e a camarada Ondina foram “apanhados no capim”, ou seja, tiveram uma relação sexual.
O Comissário então vai para Dolisie. Ele e Ondina conversam e se acertam. Mais tarde, o narrador dá a voz para André, que está “a caminho do desterro” em Brazzaville, por decisão da Direção. Na sequência, o narrador principal nos informa sobre a fuga de Ingratidão do Tuga.
Tempos depois, ocorre um envolvimento amoroso entre Ondina e Sem Medo, após ela e o Comissário terminarem o relacionamento. Então, a Base é invadida, e Vewê vai a Dolisie chamar Sem Medo, que leva reforços. No entanto, ao chegarem, Sem Medo e os outros descobrem que a Base, na verdade, não foi atacada pelos tugas.
O que aconteceu foi que Teoria viu uma surucucu e, assustado, deu “uma rajada e a seguir uma outra”. Como Vewê ouviu gritar “apanhem vivos”, quando na verdade o Comissário gritava “apanhem os abrigos”, o jovem guerrilheiro concluiu que era um ataque dos tugas e correu para buscar ajuda em Dolisie.
No final do romance, Sem Medo retorna a Dolisie para se despedir de Ondina, pois será transferido, e volta para sua última operação no Mayombe. Então, Lutamos assume a narrativa e conta que eles vão, no dia seguinte, avançar para o Pau Caído, ocupado pelos tugas. Em seguida, o narrador principal toma a palavra e narra o combate.
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Narrador da obra Mayombe
A obra Mayombe possui alguns narradores. O principal deles é um narrador-observador, que, às vezes, se torna onisciente. Ele compartilha a tarefa de narrar com os seguintes narradores-personagens: Teoria, Milagre, Mundo Novo, Muatiânvua, André, Chefe do Depósito, Chefe de Operações, Lutamos e o Comissário Político.
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Características da obra Mayombe
O romance Mayombe, publicado em 1980, é dividido em cinco capítulos:
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A missão
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A base
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Ondina
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A surucucu
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A amoreira
Conta também com um epílogo, onde o narrador se identifica como “O Comissário Político”. Desse modo, essa obra da literatura contemporânea de Angola mostra o engajamento político de seu autor, que utiliza seus narradores para realizar uma crítica sociopolítica do país.
É possível, portanto, perceber o nacionalismo crítico nessa ficção histórica, que, de forma realista, apresenta uma visão anticolonialista, além de valorizar a identidade nacional, formada pela diversidade cultural do povo angolano, o qual, por muitos anos, esteve sob o domínio de Portugal.
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Importância da floresta do Mayombe na obra
A floresta do Mayombe também pode ser considerada uma personagem do romance. Talvez seja a grande protagonista, já que dá nome ao livro. Assim, ela é personificada pelo narrador:
O Mayombe tinha aceitado os golpes dos machados, que nele abriram uma clareira. Clareira invisível do alto, dos aviões que esquadrinhavam a mata, tentando localizar nela a presença dos guerrilheiros. As casas tinham sido levantadas nessa clareira e as árvores, alegremente, formaram uma abóbada de ramos e folhas para as encobrir. [...]. E os homens, vestidos de verde, tornaram-se verdes como as folhas e castanhos como os troncos colossais.
Desse modo, os guerrilheiros e a floresta acabam se tornando uma coisa só, já que o Mayombe é descrito como um espaço protetor, que permite que os rebeldes se escondam e se organizem para a luta. É como se a própria natureza africana estivesse lutando contra a dominação portuguesa:
A comida faltava e a mata criou as “comunas”, frutos secos, grandes amêndoas, cujo caroço era partido à faca e se comia natural ou assado. As “comunas” eram alimentícias, tinham óleo e proteínas, davam energia, por isso se chamavam “comunas”. E o sítio onde os frutos eram armazenados e assados recebeu o nome de “Casa do Partido”. O “comunismo” fez engordar os homens, fê-los restabelecer dos sete dias de marchas forçadas e de emoções. [...]. E os guerrilheiros perceberam então que o deus-Mayombe lhes indicava assim que ali estava o seu tributo à coragem dos que o desafiavam: Zeus vergado a Prometeu, Zeus preocupado com a salvaguarda de Prometeu, arrependido de o ter agrilhoado, enviando agora a águia, não para lhe furar o fígado, mas para o socorrer.
Pepetela, o autor de Mayombe
Pepetela (Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos) nasceu em 29 de outubro de 1941, na cidade de Benguela, em Angola. Em 1958, foi morar em Portugal. Nesse país, estudou no Instituto Superior Técnico e na Universidade de Lisboa. Mas o escritor era anticolonialista e antifascista, de forma que se negou a se alistar no exército português.
Assim, viveu seis meses na França, antes de fixar residência na Argélia, onde se formou em Sociologia. Mais tarde, o romancista, filiado ao Movimento Popular de Libertação de Angola, se tornou guerrilheiro e lutou durante os anos de 1969 a 1974, período em que recebeu seu nome de guerra: Pepetela (“pestana”, em língua bantu).
Conquistada a independência de Angola, o escritor, entre 1975 e 1982, ocupou o cargo de vice-ministro de Educação. Em seguida, começou a trabalhar na Universidade de Luanda, como professor de Sociologia. Em 1997, recebeu o Prêmio Camões, considerado a mais importante homenagem a autores de língua portuguesa. Para saber mais o autor, leia: Pepetela.
Contexto histórico de Mayombe
O Partido da Luta Unida dos Africanos de Angola (PLUA) foi criado em 1953. Em seguida, em 1956, foi criado o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), de ideologia marxista. Foram criados também outros movimentos que lutavam pela independência.
A Guerra de Independência foi iniciada em 1961, quando membros do MPLA invadiram cadeias de Luanda com a intenção de libertar presos políticos. A luta armada só terminou em 1974, ano em que as tropas portuguesas abandonaram o país. E, em 1975, Portugal assinou o Acordo de Alvor.
Esse acordo dava início a um governo de transição, formado por militantes de movimentos angolanos e de membros do governo português. E quando o MPLA, naquele mesmo ano, proclamou a independência do país, mas sem a participação dos outros movimentos, teve início, em Angola, uma guerra civil.
Créditos das imagens
[1] Editora Leya (reprodução)
[2] Wikimedia Commons (reprodução)
Por Warley Souza
Professor de Literatura