Estilos de época são movimentos literários ou artísticos que apresentam características vinculadas a determinado período histórico. Portanto, autoras e autores de uma mesma época produzem obras com as mesmas características. Já o estilo individual diz respeito a características particulares de determinado(a) artista e independentes de um estilo de época.
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Estilos de época são movimentos literários com características específicas.
Os estilos de época da literatura brasileira são:
quinhentismo (1500-1601);
barroco (1601-1768);
arcadismo (1768-1836);
romantismo (1836-1881);
realismo (1881-1902);
naturalismo (1881-1902);
parnasianismo (1882-1893);
simbolismo (1893-1902);
pré-modernismo (1902-1922) — período de transição;
modernismo (1922-1978).
Enquanto os estilos de época consideram os aspectos em comum, o estilo individual está relacionado a peculiaridades autorais.
Estilos de época são movimentos literários que têm características específicas. Isso ocorre porque as obras literárias apresentam influências do contexto histórico em que vivem seus autores e autoras, de forma que valores e costumes de uma época são registrados nos livros.
Além disso, determinadas características estéticas relacionadas à linguagem, temática e estrutura dos textos são compartilhadas por artistas situados em uma mesma época. E são esses aspectos em comum que caracterizam um estilo de época.
A literatura brasileira se iniciou com o quinhentismo. A literatura de informação foi composta por crônicas, cartas e relatos dos viajantes que aportaram em território brasileiro. Já a literatura de catequese foi formada por poemas e peças teatrais de cunho catequizante.
Pero Vaz de Caminha (1450-1500)
José de Anchieta (1534-1597)
Estilo de época caracterizado pela dualidade, o barroco trabalhou com os opostos. Assim, foi paradoxal ao tratar do sagrado e profano, da razão e fé, por exemplo. Também apresentou morbidez e pessimismo, além de ter sido marcado pelo cultismo (jogo de palavras) e conceptismo (jogo de ideias).
Bento Teixeira (1561-1618)
Padre Antônio Vieira (1608-1697)
Gregório de Matos (1636-1696)
O arcadismo surgiu como forma de combate à contradição e ao feísmo barrocos. Valorizou um estilo de vida bucólico, longe da corrupção das cidades, defendeu a razão e idealizou a mulher e o amor.
José de Santa Rita Durão (1722-1784)
Cláudio Manuel da Costa (1729-1789)
Basílio da Gama (1741-1795)
Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810)
O romantismo no Brasil pode ser observado na poesia, na prosa e no teatro. A poesia romântica dividiu-se em três fases, a fase indianista (nacionalista), a fase ultrarromântica (amor e morte são as principais temáticas) e a fase condoreira (de caráter social).
Por sua vez, a prosa romântica apresentou três tipos de romance, o romance indianista (nacionalista), o romance urbano (evidencia os costumes da elite carioca) e o romance regionalista (mostra os valores do homem do campo). Já o teatro romântico apresentou teor nacionalista e crítica de costumes
Principais poetas:
Gonçalves de Magalhães (1811-1882)
Gonçalves Dias (1823-1864)
Álvares de Azevedo (1831-1852)
Sousândrade (1833-1902)
Casimiro de Abreu (1839-1860)
Fagundes Varela (1841-1875)
Castro Alves (1847-1871)
Principais romancistas:
Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882)
José de Alencar (1829-1877)
Manuel Antônio de Almeida (1831-1861)
Franklin Távora (1842-1888)
Visconde de Taunay (1843-1899)
Principal dramaturgo:
Martins Pena (1815-1848)
O realismo foi um estilo de época antirromântico. Assim, ele se opôs à idealização romântica, e seus autores mostraram a vida como ela é. Por meio da análise psicológica, o narrador busca desvendar o interior de seus personagens, pertencentes à elite burguesa. Com objetividade, ele expõe as mazelas sociais e tem como principal temática o adultério.
Machado de Assis (1839-1908)
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O naturalismo também foi um estilo antirromântico, porém seus autores recorreram a uma objetividade pretensamente científica. Utilizaram, portanto, teorias consideradas científicas na época, como o determinismo, para compor os personagens.
Aluísio Azevedo (1857-1913)
Raul Pompeia (1863-1895)
Adolfo Caminha (1867-1897)
A poesia parnasiana apresentou objetividade, descritivismo, rigor formal e referências greco-latinas. Porém, no Brasil, o caráter objetivo não foi levado tão a sério, de forma que muitas poesias do período mostraram traços de emoção.
Teófilo Dias (1854-1889)
Alberto de Oliveira (1857-1937)
Raimundo Correia (1859-1911)
Olavo Bilac (1865-1918)
Francisca Júlia (1871-1920)
A estética simbolista fez oposição à estética realista ou parnasiana, já que os poetas simbolistas duvidaram do poder da racionalidade. Por isso, valorizaram os aspectos subjetivo, espiritual e inconsciente. Com enorme poder de sugestão, a poesia simbolista pretendeu fazer leitores e leitoras atingirem o plano das essências, ou seja, a realidade ideal.
Cruz e Sousa (1861-1898)
Alphonsus de Guimarães (1870-1921)
O pré-modernismo não foi um estilo de época, já que não teve características específicas. Foi, portanto, apenas um período literário que fez a transição entre o simbolismo e o modernismo. Por isso, apresentou características de estilos passados e preanunciou elementos modernistas.
Euclides da Cunha (1866-1909)
Graça Aranha (1868-1931)
Lima Barreto (1881-1922)
Monteiro Lobato (1882-1948)
Augusto dos Anjos (1884-1914)
A Semana de Arte Moderna de 1922 deu origem ao modernismo brasileiro, que se dividiu em três fases. Na primeira fase (1922-1930), a mais radical, é possível perceber o caráter inovador e contestador do movimento, marcado pelo antiacademicismo e o culto ao verso livre. Já a poesia da segunda fase (1930-1945) buscou conciliar inovação com tradição.
A prosa regionalista ou romance de 30 foi ambientada em diversas regiões do país e teve um caráter de denúncia das péssimas condições sociais da população mais carente. O mesmo não ocorreu com a prosa da terceira fase (ou pós-modernismo), marcada pelo monólogo interior, experimentalismo e universalidade.
A poesia da geração de 1945 foi caracterizada por temática social, crítica política e cuidado formal. Já o concretismo trouxe o experimentalismo e a perspectiva verbivocovisual de sua poesia, que apresentou, concomitantemente, a palavra, o som e a imagem.
Principais poetas:
Manuel Bandeira (1886-1968)
Oswald de Andrade (1890-1954)
Jorge de Lima (1893-1953)
Cecília Meireles (1901-1964)
Murilo Mendes (1901-1975)
Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)
Vinicius de Moraes (1913-1980)
João Cabral de Melo Neto (1920-1999)
Décio Pignatari (1927-2012)
Haroldo de Campos (1929-2003)
Ferreira Gullar (1930-2016)
Augusto de Campos (1931-)
Principais romancistas:
Graciliano Ramos (1892-1953)
Mário de Andrade (1893-1945)
Erico Verissimo (1905-1975)
João Guimarães Rosa (1908-1967)
Rachel de Queiroz (1910-2003)
Jorge Amado (1912-2001)
Clarice Lispector (1920-1977)
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O estilo de época se refere a um conjunto de características estéticas compartilhado por diversos artistas que viveram em uma mesma época. Já o estilo individual está relacionado a características únicas de obras de certos autores e autoras. Assim, estes artistas mostram um ponto de vista diferenciado ou, ainda, utilizam recursos literários não compartilhados com outros de sua época.
Por exemplo, o escritor Machado de Assis é conhecido por suas obras realistas, mas, além de seguir os princípios desse estilo de época, também apresentou elementos peculiares, como a ironia e o diálogo com o leitor, o que fez parte de seu estilo individual.
Por Warley Souza
Professor de Literatura
Fonte: Brasil Escola - https://brasilescola.uol.com.br/literatura/estilos-epoca.htm