PUBLICIDADE
Raimundo Correia foi um escritor brasileiro. Ele nasceu em 13 de maio de 1859, a bordo de um navio, no estado do Maranhão. Mais tarde, fez faculdade de Direito em São Paulo e trabalhou como promotor, juiz e professor, além de assumir o cargo de segundo secretário da Legação do Brasil em Portugal.
O poeta, que faleceu em 13 de setembro de 1911, em Paris, na França, é um importante representante do Parnasianismo brasileiro. Seus poemas, portanto, apresentam rigor formal, descritivismo e antirromantismo. Um dos poemas mais conhecidos do autor é o soneto “As pombas”.
Leia também: Francisca Júlia — outro nome do Parnasianismo brasileiro
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre Raimundo Correia
- 2 - Biografia de Raimundo Correia
- 3 - Características da obra de Raimundo Correia
- 4 - Obras de Raimundo Correia
- 5 - Poemas de Raimundo Correia
- 6 - “As pombas”
Resumo sobre Raimundo Correia
-
O autor Raimundo Correia nasceu em 1859 e faleceu em 1911.
-
Além de poeta, também atuou como promotor, juiz e professor.
-
O escritor é um dos principais nomes do Parnasianismo brasileiro.
-
Suas obras são marcadas pelo rigor formal e pelo descritivismo.
-
“As pombas” é um dos mais famosos sonetos desse poeta.
Biografia de Raimundo Correia
Raimundo Correia nasceu em 13 de maio de 1859, a bordo do navio São Luís, no estado do Maranhão, na baía de Mangunça. No início de sua adolescência, se mudou para o Rio de Janeiro. Estudou no colégio Pedro II, a partir de 1872, em regime de externato, até 1876. No ano seguinte, iniciou faculdade de Direito, em São Paulo.
Em 1879, publicou seu primeiro livro — Primeiros sonhos —, onde ainda se percebem influências do Romantismo. Formado, atuou como promotor público, na cidade fluminense de São João da Barra, e juiz, em Vassouras (onde publicou textos no jornal O Vassourense) e Resende.
Também trabalhou como juiz em Turiaçu, no Maranhão, e São Gonçalo do Sapucaí, em Minas Gerais. Já em 1896, se tornou professor de Direito Criminal na Faculdade de Direito de Minas Gerais. Em 1897, recebeu nomeação para o cargo de segundo secretário da Legação do Brasil em Portugal.
De volta ao Brasil, em 1899, também atuou como vice-diretor do Ginásio Fluminense de Petrópolis. Já em 1907, assumiu o cargo de juiz de direito na cidade do Rio de Janeiro. Tinha tuberculose e, por isso, foi se tratar em Paris, na França, onde morreu em 13 de setembro de 1911.
-
Raimundo Correia na Academia Brasileira de Letras
O poeta Raimundo Correia foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. Ele foi o primeiro ocupante da cadeira de número 5. Após sua morte, essa cadeira foi ocupada por Oswaldo Cruz (1872-1917).
Características da obra de Raimundo Correia
Raimundo Correia é um dos principais autores do Parnasianismo brasileiro. Suas obras, portanto, apresentam as seguintes características:
-
antirromantismo;
-
linguagem objetiva;
-
descritivismo;
-
rigor formal;
-
alienação social;
-
referências greco-latinas;
-
distanciamento do eu lírico;
-
uso de polissíndeto.
No entanto, é preciso mencionar que, no Brasil, os autores parnasianos nem sempre seguiram à risca a norma da objetividade. Portanto, é possível perceber, em alguns poemas, elementos subjetivos.
Obras de Raimundo Correia
-
Primeiros sonhos (1879)
-
Sinfonias (1883)
-
Versos e versões (1887)
-
Aleluias (1891)
-
Poesias (1898)
Leia também: Alberto de Oliveira — autor parnasianismo que foi chamado de Príncipe dos Poetas
Poemas de Raimundo Correia
“Último porto”, escrito em versos decassílabos e presente no livro Aleluias, fala do Brasil, da natureza e de um amor do passado. Assim, após descrever a natureza brasileira, a voz poética deseja que ela envolva um “extinto amor” e que, no fim da vida, a terra se abra para abrigar os ossos do eu lírico:
Este o país ideal que em sonhos douro;
Aqui o estro das aves me arrebata,
E em flores, cachos e festões, desata
A Natureza o virginal tesouro.
Aqui, perpétuo dia ardente e louro
Fulgura; e, na torrente e na cascata,
A água alardeia toda a sua prata,
E os laranjais e o sol todo o seu ouro...
Aqui, de rosas e de luz tecida,
Leve mortalha envolva estes destroços
Do extinto amor, que inda me pesam tanto;
E a terra, a mãe comum, no fim da vida,
Para a nudeza me cobrir dos ossos,
Rasgue alguns palmos do seu verde manto.
Também possui versos decassílabos o soneto “O misantropo”, do livro Versos e versões. Nesse poema, a voz poética revela que há inveja por trás do louvor e hipocrisia por trás do pranto. Essa realidade se mostrou desde o momento em que o eu lírico começou a odiar. Então ele questiona se é preciso odiar para enxergar a verdade e ser justo:
A boca, às vezes, o louvor escapa
E o pranto aos olhos; mas louvor e pranto
Mentem: tapa o louvor a inveja, enquanto
O pranto a vesga hipocrisia tapa.
Do louvor, com que espanto, sob a capa
Vejo tanta dobrez, ludíbrio tanto!
E o pranto em olhos vejo, com que espanto,
Que escarnecem dos mais, rindo à socapa!
Porque, desde que esse ódio atroz me veio,
Só traições vejo em cada olhar venusto?
Perfídias só em cada humano seio?
Acaso as almas poderei sem custo
Ver, perspícuo e melhor, só quando odeio?
E é preciso odiar para ser justo?!
“As pombas”
“As pombas” é um dos poemas mais conhecidos de Raimundo Correia. Ele é composto em versos decassílabos e foi publicado, originalmente, em seu livro Sinfonias. Nesse soneto, o eu lírico fala de pombas que acordam, quando raia “sanguínea e fresca a madrugada” e “vão-se dos pombais”, mas voltam à tarde.
Em seguida, o eu lírico compara as pombas aos sonhos, que saem “dos corações” e voam, durante a adolescência. Porém, ao contrário das pombas, que voltam aos pombais, os sonhos não voltam aos corações:
Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada...
E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...
Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;
No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais...
Por Warley Souza
Professor de Literatura