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Périplo é uma atividade de circum-navegação na qual se faz uma viagem de ida e volta em torno de uma ilha, país, continente ou território específico. Também é o registro escrito (cartográfico ou textual) dessa viagem, e muitos desses documentos atravessaram a história, chegando até os dias de hoje.
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Tópicos deste artigo
Resumo sobre périplo
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Périplo é uma viagem de circum-navegação em torno de um país, continente ou território, no sentido de ida e volta, e o registro escrito (cartográfico ou textual) desta.
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Para a história moderna, o mais famoso périplo é o africano.
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Parte do projeto das Grandes Navegações portuguesas dos séculos XV e XVI, o Périplo Africano tinha como objetivo contornar a África e chegar até a Índia por via marítima.
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Ao longo da história, diversos projetos de navegação de périplos existiram, como o Périplo de Pseudo-Cílax, que estudou a região do mar Mediterrâneo, e o Périplo do Ponto Euxino, que estudou a região do mar Negro.
O que é périplo?
Périplo é um termo utilizado em diversas situações, em seu sentido literal e metafórico. Literalmente, é uma viagem de circum-navegação, em torno de um país, de um continente ou de outro território, que se espera que ocorra no sentido de ida e de volta. Metaforicamente, pode ser uma viagem turística de longa duração, o relato escrito ou contado dessas viagens ou até mesmo um longo trajeto analítico ou argumentativo acerca de um tema de pesquisa.
Etimologicamente, a palavra deriva do grego, com o sentido original de circum-navegação. Na época das navegações gregas, ocorridas em virtude de diásporas e guerras, notadamente as dos séculos V e IV a.C., era comum a produção de um documento manuscrito que elencava quais os locais nos quais era possível atracar embarcações, os melhores pontos geográficos ao longo da costa e até mesmo avisos de perigos.
Périplo Africano
Durante a época das Grandes Navegações (séculos XV e XVI), Portugal, em sua missão de encontrar uma rota alternativa atlântica para a Índia, precisava contornar a África. Como as dimensões do território africano eram-lhe desconhecidas, era necessário realizar uma atividade de navegação e cartografia: a partir de expedições, mapear o território, listar portos seguros e eventuais contratempos que os navegantes poderiam encontrar. Essa atividade toda é a de um périplo. Por isso, o Périplo Africano é definido pelos historiadores como o processo português de navegação, conhecimento e cartografia do continente africano.
Portanto, o Périplo Africano recebe esse nome com seus sentidos literais, pois trata-se da circum-navegação do continente e da produção de inteligência cartográfica. Iniciado em 1415 com a conquista da então muçulmana cidade de Ceuta, o projeto teve como marcos as viagens de Bartolomeu Dias e de Vasco da Gama. Bartolomeu Dias, em 1488, navegou no cabo da Boa Esperança. Já Vasco da Gama completou o périplo em 1498 e chegou efetivamente a Calicute, Índia.
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Exemplos de outros périplos
Ao longo da história, diversas outras circum-navegações aconteceram, para as quais também foram produzidos documentos cartográficos. Como exemplo de outros périplos, podem-se elencar:
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Périplo de Hanno, no qual o navegante cartaginês de mesmo nome explorou e descreveu o litoral do atual Marrocos no século VI a.C.;
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Périplo de Pseudo-Cílax, documento grego do final do século IV a.C. que descreve as condições de navegação na região do mar Mediterrâneo;
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Périplo do Ponto Euxino, documento que descreve as rotas de navegação e comércio na região do mar Negro, produzido no início do século II.
Crédito de imagem
[1] George Tsiagalakis / Wikimedia Commons (reprodução)
Fontes
CARVALHO, M. S. Terrae (in)cognitae. Revista Geograficidade, v. 3, n. extra 1, p. 126-134, 2013. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=4735019.
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PINTO, O. L. V. Entre Egito e Azania: Conexões Afro-Asiáticas a partir do Périplo do Mar Eritreu. Mare Nostrum, v. 13, n. 1, 123-145, 2022. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/marenostrum/article/view/198674.
SANTOS, A. Um Périplo pelo território duplo. Revista Investigações, v. 22, n. 1, p. 51-101, 2009. Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/index.php/INV/article/view/1362.