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A Civilização Micênica desenvolveu-se na Grécia continental, aproximadamente entre 1600 a.C. e 1200 a.C., durante o Período Pré-Homérico. Os micênicos, também conhecidos como aqueus, formaram a última grande civilização desse período, e sua sociedade possuía um comércio ativo e era governada por um rei auxiliado por uma aristocracia guerreira.
Surgimento dos micênicos
Os historiadores acreditam que os micênicos tenham se fixado na Península Balcânica (onde fica a Grécia) por volta de 2000 a.C. Ainda assim, o período de 1600 a.C. e 1200 a.C. foi estabelecido como o auge dos micênicos, época em que exerceram a hegemonia sobre a Grécia continental e as ilhas do Mar Egeu.
Os micênicos eram um povo indo-europeu que, assim como muitos outros, iniciou um processo de migração e acabou estabelecendo-se na Europa (outros povos indo-europeus estabeleceram-se no planalto iraniano e na Índia). A partir de registros arqueológicos, os historiadores concluíram que os micênicos referiam-se a si mesmos como “aqueus”. O nome “micênico” foi utilizado em referência à cidade de Micenas.
Por volta de 1400 a.C., os micênicos absorveram a civilização cretense e ampliaram seu domínio para a ilha de Creta e todo o Mar Egeu. Isso fez com que determinados elementos da cultura cretense fossem assimilados pelos micênicos, como certos símbolos sagrados da religião cretense que também foram encontrados na religião micênica: o labrys (machado de lâmina dupla) e o chifre.
Características da sociedade micênica
Típico capacete feito de presas de javalis que era utilizado pelos guerreiros micênicos*
Os micênicos constituíram grandes cidades na Grécia continental e, entre elas, destacaram-se: Pilos, Tirinto, Argos. A grande cidade micênica, porém, era Micenas, localizada na Península do Peloponeso, que era caracterizada como extremamente fortificada.
A construção de fortificações era uma característica das cidades micênicas, e algumas chegavam a ter muros de 13 metros de altura e de até 8 metros de largura. As cidades micênicas – assim como nas cidades cretenses – tinham no palácio o grande centro administrativo, econômico e religioso, além de ser um local onde se estocavam inúmeras mercadorias.
A partir da existência de grandes fortificações, e também das evidências registradas nos afrescos (pinturas nas paredes dos palácios), os historiadores conseguiram concluir que a sociedade micênica era militarizada e que possuía uma aristocracia guerreira. Essa elite guerreira tinha importante papel na sociedade junto de sacerdotes e do rei, a autoridade máxima. Isso nos leva à conclusão de que a sociedade micênica também fosse estratificada.
O comércio micênico era extremamente ativo e manteve contato com inúmeros povos da Antiguidade. Isso foi comprovado por historiadores e arqueólogos pela grande variedade de mercadorias encontradas nas cidades micênicas e também pelo fato de que itens tipicamente micênicos foram encontrados em locais como Egito, Mesopotâmia, Chipre etc.
Especula-se ainda que, se a Guerra de Troia tiver de fato existido, aconteceu durante o período de existência dos micênicos. O grande registro a respeito da Guerra de Troia é o poema épico de Homero, a Ilíada. A falta de evidências arqueológicas dificultam o trabalho dos historiadores em concluir se o conflito em Troia foi, de fato, real ou apenas um mito micênico transmitido de maneira oral para as gerações helênicas seguintes.
Apesar disso, algumas fontes hititas (povo que habitava a Anatólia) referiram-se à presença de um povo chamado Ahhiyawa (provavelmente os micênicos) na Ásia Menor, no período entre 1400 a.C. e 1200 a.C. A presença dos Ahhiyawa, segundo o termo usado pelos hititas, acabou interferindo na política dos reis hititas, que interviram militarmente contra esse povo em uma região chamada Wilusa, local que pode ter sido Troia. Esse fato, especula-se, pode ser a fundamentação histórica para a conhecida Guerra de Troia.
Decadência dos micênicos
Os micênicos iniciaram um processo de decadência por volta de 1200 a.C. A decadência e o fim da cultura micênica, assim como no caso dos cretenses, podem estar relacionados a uma junção de fatores. Os historiadores sugerem que grandes terremotos possam ter causado grande destruição nas cidades micênicas. Além disso, acredita-se que a chegada dos dórios – outro povo indo-europeu – à região tenha desencadeado o fim dos micênicos.
Isso porque os dórios possuíam capacidade militar superior à dos micênicos, como o uso de armas de ferro, enquanto os micênicos ainda utilizavam o bronze. Os dórios eram um povo que falava grego e que, muito provavelmente, havia migrado desde a região da Macedônia até penetrar o território grego.
A decadência dos micênicos iniciou um processo de diminuição populacional em toda Grécia (que pode estar relacionado com os desastres naturais e com a invasão dórica) e de ruralização, com a formação de pequenas comunidades rurais que receberam o nome de genos. Com isso, principiou o Período Homérico (1200 a.C. - 800 a.C.) da história da Grécia Antiga.
*Créditos da imagem: Pavel Kirichenko e Shutterstock