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Revolução Sandinista

A Revolução Sandinista, em 1979, derrubou a ditadura somozista na Nicarágua, instaurando um governo socialista.

Comemoração dos 10 anos da Revolução Sandinista em 1989.[1]
Comemoração dos 10 anos da Revolução Sandinista em 1989.[1]
Crédito da Imagem: Commons
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A Revolução Sandinista foi o movimento revolucionário que, em 1979, derrubou a ditadura somozista na Nicarágua, instaurando um governo socialista inspirado em ideais marxistas e nacionalistas, em um contexto de décadas de repressão, desigualdade e dependência dos Estados Unidos.

As causas da revolução incluíram extrema desigualdade social, repressão política e crises econômicas agravadas por desastres naturais, enquanto os objetivos do movimento eram derrubar a ditadura, promover reformas sociais e adotar uma política externa independente.

A revolução foi um processo violento que culminou na fuga do ditador Somoza, trazendo mudanças significativas mas também desencadeando uma guerra civil com os Contras, financiados pelos Estados Unidos.

Leia também: Revolução Cubana — o movimento revolucionário que ocorreu em Cuba

Tópicos deste artigo

Resumo sobre a Revolução Sandinista

  • A Revolução Sandinista foi um movimento revolucionário liderado pela Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), que, em 1979, derrubou a ditadura somozista na Nicarágua.
  • Ocorreu em um contexto de décadas de autoritarismo sob a ditadura da família Somoza, marcada por extrema desigualdade, repressão brutal e forte dependência dos Estados Unidos.
  • As causas da Revolução Sandinista incluíram extrema desigualdade social, repressão política da ditadura somozista, e dependência econômica em relação aos Estados Unidos, combinadas com crises econômicas e desastres naturais que exacerbaram o descontentamento popular.
  • Tinha como objetivos derrubar a ditadura de Somoza, instaurar um governo socialista que promovesse reformas sociais, como a redistribuição de terras e a nacionalização de setores estratégicos, além de adotar uma política externa independente.
  • Foi um processo longo e violento que culminou, em 1979, na queda de Anastasio Somoza Debayle, após anos de guerrilha liderada pelo FSLN, crescente apoio popular e uma ofensiva final que levou à fuga do ditador e à tomada do poder pelos revolucionários.
  • A ditadura na Nicarágua, sob a família Somoza, foi marcada por repressão autoritária, corrupção generalizada e dependência dos Estados Unidos, resultando em um regime que controlava o país com mão de ferro e negligenciava os Direitos Humanos e a participação popular, até ser derrubado pela Revolução Sandinista em 1979.

O que foi a Revolução Sandinista?

Bandeira da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN).
Bandeira da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN).

A Revolução Sandinista foi um movimento revolucionário que culminou na derrubada da ditadura somozista na Nicarágua, em 1979. Liderada pela Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), a revolução buscou instaurar um governo socialista e reformista no país, inspirado em ideais marxistas e nacionalistas.

O movimento teve como nome uma homenagem a Augusto César Sandino, um líder guerrilheiro que lutou contra a ocupação norte-americana na Nicarágua nos anos 1920 e 1930. A revolução resultou em profundas transformações políticas, sociais e econômicas na Nicarágua, e seu impacto foi sentido em toda a América Latina, especialmente no contexto da Guerra Fria.

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Contexto histórico da Revolução Sandinista

A Revolução Sandinista ocorreu em um contexto marcado por décadas de autoritarismo e repressão na Nicarágua, sob a ditadura da família Somoza. A dinastia Somoza começou com Anastasio Somoza García, que tomou o poder em 1936 e governou o país com mão de ferro até ser assassinado em 1956. Seu filho, Luis Somoza Debayle, assumiu o poder, e, após sua morte, seu irmão, Anastasio Somoza Debayle, continuou o regime até ser deposto em 1979.

Durante o governo dos Somoza, a Nicarágua enfrentou uma concentração extrema de poder e riqueza nas mãos de uma elite privilegiada, enquanto a maioria da população vivia na pobreza. A corrupção era desenfreada, e o governo utilizava a força militar e a Guarda Nacional para reprimir qualquer oposição.

A presença dos Estados Unidos foi significativa, tanto em termos de apoio econômico e militar ao regime quanto na influência política sobre o governo Somoza. Esse período de intensa repressão, combinado com a desigualdade social e a falta de perspectivas para a população, criou o ambiente propício para o surgimento de movimentos de resistência, como o FSLN.

Anastasio Somoza García, eleito presidente da Nicarágua em 1936.
Anastasio Somoza García, eleito presidente da Nicarágua em 1936.

Causas da Revolução Sandinista

As causas da Revolução Sandinista podem ser divididas em fatores sociais, políticos e econômicos. No plano social, a extrema desigualdade e a pobreza crônica na Nicarágua alimentaram o descontentamento popular. A grande maioria da população vivia em condições precárias, sem acesso a serviços básicos, como saúde e educação, enquanto uma pequena elite ligada ao regime se beneficiava do poder.

Politicamente, a ditadura somozista era marcada pela repressão brutal, falta de liberdade de expressão e ausência de mecanismos democráticos. Qualquer tentativa de oposição ao regime era violentamente reprimida, e os partidos políticos estavam, em grande parte, controlados ou manipulados pelo governo. Esse cenário gerou uma crescente insatisfação entre os setores mais politizados da sociedade, incluindo estudantes, intelectuais e trabalhadores.

No âmbito econômico, a Nicarágua estava profundamente dependente dos Estados Unidos, que controlavam grande parte da economia do país. As políticas econômicas favoreciam as elites locais e as empresas estrangeiras, em detrimento da maioria da população. Essa situação foi agravada por crises econômicas periódicas e desastres naturais, como o terremoto de 1972 que devastou a capital, Manágua, e expôs ainda mais a corrupção e a ineficácia do governo Somoza.

Leia também: Augusto Pinochet e a ditadura no Chile

Objetivos da Revolução Sandinista

A Revolução Sandinista tinha como principais objetivos derrubar a ditadura de Somoza e instaurar um governo mais justo e equitativo que representasse os interesses do povo nicaraguense. O FSLN buscava implementar reformas profundas nas áreas de educação, saúde, e redistribuição de terras, além de nacionalizar setores estratégicos da economia, como bancos, minas e empresas estrangeiras.

Outro objetivo central era reduzir a influência dos Estados Unidos sobre a Nicarágua e adotar uma política externa mais independente. Isso incluía o estabelecimento de relações diplomáticas e comerciais com outros países socialistas e movimentos de libertação nacional ao redor do mundo. O FSLN também pretendia construir uma sociedade baseada nos princípios do socialismo, com uma economia planificada e uma participação mais ampla da população nas decisões políticas.

Fotografia de Augusto Sandino.
Fotografia de Augusto Sandino.

Como aconteceu a Revolução Sandinista?

A Revolução Sandinista foi um processo longo e violento que culminou com a queda de Anastasio Somoza Debayle em 1979. A luta armada contra o regime começou nos anos 1960, com a formação do FSLN, que adotou táticas de guerrilha inspiradas na Revolução Cubana. No início, o movimento era pequeno e enfrentava grandes dificuldades para se organizar e atrair apoio popular.

Na década de 1970, o FSLN passou por uma série de divisões internas mas também ganhou força à medida que a insatisfação com o regime de Somoza crescia. As atrocidades cometidas pela Guarda Nacional, como o assassinato do jornalista Pedro Joaquín Chamorro, em 1978, um crítico feroz do regime, serviram como catalisadores para a revolta popular.

O FSLN conseguiu unificar diversas frentes de oposição e lançou uma ofensiva final contra o governo em 1978-1979. Com o apoio de uma ampla coalizão de forças sociais, incluindo camponeses, estudantes e setores da classe média, os sandinistas conseguiram cercar Manágua. Somoza, cada vez mais isolado e sem o apoio total dos Estados Unidos, fugiu do país em julho de 1979, marcando o fim de sua ditadura.

Consequências da Revolução Sandinista

A Revolução Sandinista trouxe mudanças significativas para a Nicarágua. Politicamente, a derrubada da ditadura de Somoza permitiu a instalação de um governo revolucionário liderado pelo FSLN, que tentou implementar um modelo socialista e de democracia popular. Foram promovidas reformas agrárias, nacionalizações e programas de alfabetização e saúde que alcançaram vastas camadas da população.

Entretanto, a revolução também levou à intensificação do conflito interno. Os Contras, grupos de oposição armada financiados pelos Estados Unidos, iniciaram uma guerra civil que duraria a maior parte dos anos 1980. Esse conflito teve um custo humano e econômico enorme que comprometeu muitas das conquistas iniciais da revolução. Além disso, as pressões externas e internas acabaram forçando o FSLN a moderar suas políticas e, eventualmente, a realizar eleições que levariam ao fim de seu governo, em 1990.

No longo prazo, a Revolução Sandinista deixou um legado ambíguo. Embora tenha trazido importantes avanços sociais e seja lembrada como um símbolo de resistência ao imperialismo, também gerou um período de instabilidade e violência que marcou profundamente a história da Nicarágua.

O que foi o sandinismo?

O sandinismo é uma ideologia política e um movimento social que surgiu na Nicarágua baseado nas ideias e na luta de Augusto César Sandino. Sandino se tornou um herói nacional por liderar uma resistência armada contra a ocupação dos Estados Unidos na Nicarágua entre 1927 e 1933. Seu pensamento, que combinava nacionalismo, anti-imperialismo e uma defesa da justiça social, influenciou a formação do FSLN nos anos 1960.

O sandinismo, tal como desenvolvido pelo FSLN, incorporou elementos do marxismo-leninismo adaptados à realidade nicaraguense. A ideologia sandinista defende a soberania nacional, a reforma agrária, a nacionalização dos recursos naturais e a criação de um Estado forte e centralizado que possa promover a justiça social e econômica. Durante a Revolução Sandinista, o sandinismo foi a base ideológica para as políticas implementadas pelo governo revolucionário.

Após a queda do regime somozista, o sandinismo continuou a evoluir, passando por diferentes fases de adaptação às novas realidades políticas e econômicas. Mesmo após a derrota eleitoral do FSLN em 1990, o sandinismo permaneceu como uma força política significativa na Nicarágua, e o termo ainda é usado para descrever o conjunto de ideias e práticas associadas ao movimento revolucionário.

Ditadura na Nicarágua

A ditadura na Nicarágua, especialmente sob o regime de Anastasio Somoza Debayle, foi caracterizada por um controle autoritário do poder, repressão violenta da oposição e corrupção generalizada. A família Somoza dominou a política nicaraguense por mais de quatro décadas, utilizando a Guarda Nacional como instrumento de coerção e controle social. Durante esse período, a Nicarágua foi governada como uma propriedade privada dos Somoza, com pouca ou nenhuma consideração pelos Direitos Humanos ou pela participação popular.

O regime somozista foi amplamente apoiado pelos Estados Unidos, que viam na ditadura um baluarte contra o comunismo na América Central durante a Guerra Fria. No entanto, essa aliança também significou uma subordinação da soberania nicaraguense aos interesses norte-americanos, o que alimentou o sentimento anti-imperialista que, mais tarde, seria central para a ideologia sandinista.

A queda da ditadura somozista com a Revolução Sandinista, em 1979, não significou o fim dos desafios para a Nicarágua. Embora o regime de Somoza tenha sido derrubado, o país entrou em um período de guerra civil e instabilidade política que continuaria a moldar sua trajetória nas décadas seguintes.

Leia também: Daniel Ortega — guerrilheiro sandinista que atualmente comanda uma ditadura no país

Exercícios resolvidos sobre a Revolução Sandinista

1. A Revolução Sandinista, ocorrida em 1979, na Nicarágua, representou um importante marco na história política da América Latina durante a Guerra Fria. Liderada pela Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), a revolução foi resultado de décadas de repressão sob a ditadura da família Somoza, que governava o país com apoio dos Estados Unidos.  Como a Revolução Sandinista se inseriu no contexto geopolítico da Guerra Fria, qual foi uma de suas principais consequências para a Nicarágua?

a) A Revolução Sandinista se alinhou com os interesses norte-americanos, resultando em uma forte aliança entre a Nicarágua e os Estados Unidos.

b) A Revolução Sandinista ocorreu isoladamente, sem influências externas, e levou à pacificação imediata da Nicarágua.

c) A Revolução Sandinista se posicionou contra o imperialismo norte-americano, resultando em uma guerra civil prolongada devido ao financiamento dos Contras pelos Estados Unidos.

d) A Revolução Sandinista foi apoiada pela maioria das potências ocidentais, garantindo a estabilidade política da Nicarágua por várias décadas.

e) A Revolução Sandinista não teve impacto significativo na Guerra Fria, sendo uma revolta local sem repercussões internacionais.

Resposta: letra C

A Revolução Sandinista se opôs ao imperialismo norte-americano e tentou implementar um modelo socialista, o que provocou a reação dos Estados Unidos, que financiaram grupos contrarrevolucionários (Contras), resultando em uma guerra civil que marcou o período subsequente à revolução.

2. A Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), inspirada nas ideias de Augusto César Sandino, liderou a Revolução Sandinista na Nicarágua, em 1979. Sandino tornou-se um símbolo de resistência anti-imperialista na década de 1920, lutando contra a ocupação norte-americana. Qual das características a seguir NÃO está associada à ideologia sandinista e à sua aplicação durante o governo revolucionário na Nicarágua?

a) Nacionalismo, com ênfase na soberania nacional e na resistência ao imperialismo estrangeiro.

b) Anti-imperialismo, expressando uma postura contrária à influência e intervenção dos Estados Unidos na América Latina.

c) Socialismo, com a tentativa de implementar uma economia planificada e a redistribuição de terras e recursos.

d) Neoliberalismo, com a promoção da desregulamentação econômica e a privatização de empresas estatais.

e) Reforma agrária, com a redistribuição de terras, buscando diminuir a concentração fundiária e promover justiça social.

Resposta: letra D

O sandinismo se opunha ao neoliberalismo, que promove a desregulamentação econômica e a privatização, princípios contrários aos ideais socialistas e de justiça social defendidos pelo FSLN durante a Revolução Sandinista.

Créditos da imagem

[1] Wikimedia Commons (reprodução)

Fontes

ZIMMERMANN, Matilde. Revolução Nicaraguense. São Paulo: Editora Xamã, 2004

STEDILE, Pedro. Sandino: Vida e Obra. São Paulo: Expressão Popular, 2008.

Escritor do artigo
Escrito por: Tiago Soares Campos Bacharel, licenciado e doutorando em História pela USP. Bacharel em Direito e pós-graduado em Direito pela PUC. É professor de História e autor de materiais didáticos há mais de 15 anos.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

CAMPOS, Tiago Soares. "Revolução Sandinista"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historia-da-america/revolucao-sandinista.htm. Acesso em 18 de dezembro de 2024.

De estudante para estudante


Lista de exercícios


Exercício 1

A Revolução Sandinista aconteceu em 1979 e estendeu-se até 1990, quando os sandinistas foram destituídos do poder ao serem derrotados na eleição presidencial. Os sandinistas lutaram contra uma ditadura (dos Somoza) que governou o país por mais de 40 anos. Em qual país da América Central aconteceu a Revolução Sandinista?

a) Guatemala

b) Honduras

c) Nicarágua

d) El Salvador

e) Costa Rica

Exercício 2

Os sandinistas surgiram em torno de Augusto César Sandino, um guerrilheiro que lutou contra a intervenção estrangeira na Nicarágua entre as décadas de 1920 e 1930. Os guerrilheiros sandinistas foram intensamente perseguidos quando os Somoza tomaram o poder do país – o próprio Sandino foi assassinado durante essa perseguição. A luta de Sandino contra a intervenção estrangeira era contra:

a) Estados Unidos

b) Inglaterra

c) França

d) México

e) Honduras