PUBLICIDADE
O judô é uma arte marcial japonesa aplicada no treinamento físico, intelectual, na educação moral e interação social do praticante. Jigoro Kano foi responsável por desenvolver a luta em 1882 no Japão.
Criado a partir da influência do jiu-jitsu, o judô teve sua expansão para o mundo após a Segunda Guerra Mundial. O objetivo em uma luta de judô é derrubar o adversário, mantendo suas costas e ombros no tatame, por meio da imobilização.
A imigração japonesa impulsionou a prática do judô no Brasil. O país configura entre as nações com o maior número de títulos na modalidade.
Leia também: Jiu-jitsu — detalhes sobre outra arte marcial japonesa
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre judô
- 2 - O que é o judô?
- 3 - Características do judô
- 4 - Regras do judô
- 5 - Judô no Brasil
- 6 - Medalhas do Brasil no judô
- 7 - Judô no mundo
- 8 - Origem e história do judô
- 9 - Curiosidades sobre o judô
Resumo sobre judô
-
O judô é uma arte marcial japonesa que consiste na prática de técnicas de ataque e defesa.
-
O judô foi criado em 1882 por Jigoro Kano no Japão.
-
A prática foi desenvolvida a partir do jiu-jitsu, arte marcial japonesa.
-
Além de desenvolver aspectos físicos como a força, a educação do praticante de forma global é um dos pilares dessa luta.
-
Os judocas utilizam uma vestimenta chamada judogui. O lugar onde eles lutam se chama dojo.
-
O amortecimento das quedas (ukemi) é um dos principais fundamentos do judô.
-
Ganha uma luta de judô quem derruba o adversário e o maném com as costas e ombros no tatame por 20 segundos.
-
No Brasil, a imigração japonesa foi um dos principais fatores para o início da prática do judô por aqui.
-
Nas Olimpíadas de Munique de 1972, o judô foi incluído de forma oficial como esporte olímpico na categoria masculina. Enquanto as mulheres começaram a competir na prática nos Jogos Olímpicos somente em 1992, no evento de Barcelona.
O que é o judô?
O judô é uma arte marcial japonesa que consiste na prática de técnicas de ataque e defesa. A modalidade, além de contribuir para o desenvolvimento de aspectos físicos como a força, possui como objetivo atuar na formação do praticante.
Apesar de fazer parte do quadro de esportes institucionalizados e ser uma modalidade olímpica, o judô se consolidou como uma vivência que extrapola a competição esportiva em si. A luta foi criada também para a formação cidadã de quem a pratica, com a possibilidade de vivenciar situações de aprendizagem diferentes para verificar as tomadas de decisão do praticante.
Nesse sentido, o judô é uma luta que relaciona os movimentos do corpo com a energia da mente e espiritual. A superação dos próprios limites é outro fator importante presente na modalidade.
Características do judô
O judô é uma prática de luta constituída de projeções ou golpes, que são realizados, de forma inicial, em pé. O conjunto de técnicas desses movimentos é chamado de gokiô, baseado “no mínimo de força para um máximo de eficiência”, estabelecido por Jikoro Kano, criador do judô.
O japonês idealizador da luta utilizou três princípios para desenvolver a modalidade.
-
Princípio da máxima eficácia do corpo e do espírito: a prática da luta serve para tornar o corpo forte, saudável e útil. A energia do corpo e do espírito é utilizada de maneira global e utilitária.
-
Princípio da prosperidade e benefícios mútuos: progresso pessoal que auxilia na ajuda ao próximo, possibilitando com que o atleta se torne um ser humano mais completo.
-
Princípio da suavidade (Ju): diz respeito ao uso do físico a partir do plano intelectual. Um duelo corporal pode ser ganho não somente com o uso da força em si, mas da mente e da energia.
De acordo com o professor de Educação Física Ronald Oliveira, a prática do judô é consolidada a partir de três aspectos, sendo eles os seguintes:
-
Condicionamento físico: exigência do esforço físico para os movimentos.
-
Espírito de luta: condição de defesa quando o praticante é ameaçado.
-
Atitude moral autêntica: desenvolvimento de fatores como humildade, tolerância e cooperação.
O combate em si é intitulado de shiai. Nele são colocados em prática todos os ensinamentos durante o treinamento. Já o kiai é conhecido por ser o momento de concentração máxima, em que se obtém energia e força para realizar um movimento forte e veloz.
O kuatsu consiste nas técnicas de primeiros socorros oriundas da medicina milenar chinesa. Elas são aplicadas em situações de acidentes dentro do dojo, espaço onde se luta o judô.
Acesse também: Capoeira — origem e características dessa luta afro-brasileira
Regras do judô
As regras do judô são constituídas dos tipos de técnicas aplicados, equipamentos utilizados, formato da luta, faixas e níveis de graduação. Veja mais detalhes sobre cada um desses aspectos a seguir.
→ Equipamentos do judô
A roupa utilizada no judô se chama judogui, tradicionalmente na cor branca. A indumentária é composta por:
-
casaco (wagui);
-
calça (shitabaki);
-
faixa (obi);
-
chinelo (zori).
O judogui na cor azul foi implementado posteriormente.
→ Fundamentos do judô
Entre os fundamentos do judô estão:
-
Ukemi: amortecimento das quedas (rolamentos).
-
Shintai: tipos de movimentos.
-
Shisei: postura.
-
Kumi-kata: pegada.
-
Kusushi: desequilíbrio.
-
Tsukuri: preparação.
-
Kake: execução.
O momento inicial de uma luta de judô é o cumprimento (a saudação “rei”). A situação enfatiza a filosofia da modalidade baseada no respeito e no equilíbrio, conforme pontua Valécio Silva em sua obra O judô na escola: a busca do equilíbrio no desenvolvimento humano. |1|
Assim que se entra no dojo é feito um cumprimento a todo faixa-preta presente. Entre as reverências estão: saudação em pé (ritsu-rei) e a saudação joelhado (za-rei).
Dominar a técnica de queda é uma qualidade importante para o judoca. O ukemi, amortecimento de quedas, visa ao aprendizado das situações de queda quando há projeções. Sua importância está no aperfeiçoamento dos rolamentos para que não haja contusões e torções. Esse é o primeiro fundamento ensinado. Os amortecimentos são classificados nas seguintes categorias:
-
caídas para trás (ushiro-ukemi);
-
caídas para o lado (yoko-ukemi);
-
caídas de frente (mae-ukemi);
-
rolamento sobre o ombro para frente (zempô-kaeten);
-
rolamento sobre o ombro para trás (ushiro-ukemi).
A seguir, veja os nomes atribuídos às posições e posturas no judô:
-
Jigotai: posição de defesa.
-
Jigo-hontai: pernas flexionadas.
-
Migi: avançar o pé direito.
-
Hikari: avançar o pé esquerdo.
→ Técnicas e movimentos do judô
No judô são utilizadas técnicas e movimentos que utilizam diferentes partes do corpo com objetivos específicos.
◦ Técnicas do judô em pé (nage-waza)
-
Koshi-waza: técnicas de quadril.
-
Te-waza: técnicas de braço.
-
Ashi-waza: técnicas de perna.
-
Sutemi-waza: técnicas de sacrifício.
◦ Técnicas do judô no chão (katame-waza)
- Osaekomi-waza: técnicas de imobilização.
-
Shime-waza: técnicas de estrangulamento.
-
Kansetsu-waza: técnicas de chaves de braço.
→ Pontuação e tempo de luta do judô
Uma luta no judô possui a duração de cinco minutos. Caso não haja um vencedor nesse período, aplica-se a prorrogação, chamada de “golden score”. Nesse tempo, ganha o atleta que aplicar um golpe ou o adversário que for punido.
Entre os tipos de pontos do judô, estão:
-
Ippon: caracterizado por derrubar o oponente com força e velocidade, colocando as costas do adversário no chão. A finalização do golpe é marcada por uma imobilização no solo que dura 20 segundos. É considerado “nocaute” e vale dois pontos, o que indica a vitória do atleta.
-
Wazari: o oponente é colocado no chão, mas não com a velocidade de um ippon. O período de imobilização é menor. Vale um ponto.
→ Faixas do judô
As faixas do judô representam o nível de graduação na luta, ou seja, o conhecimento e experiência na modalidade. As faixas são chamadas de obi, e os primeiros níveis de faixas são intitulados kyu. A mais inferior, utilizada por iniciantes, é a de cor branca. Enquanto a que mais indica experiência é a faixa marrom. Veja a ordem:
-
Faixa branca - iniciante
-
Faixa branca com cinza - 11º kyu
-
Faixa cinza - 10º kyu
-
Faixa cinza com azul - 9º kyu
-
Faixa azul - 8º kyu
-
Faixa azul com amarela - 7º kyu
-
Faixa amarela - 6º kyu
-
Faixa amarela com laranja - 5º kyu
-
Faixa laranja - 4º kyu
-
Faixa verde - 3º kyu
-
Faixa roxa - 2º kyu
-
Faixa marrom - 1º kyu
Após concluir níveis de kyu, o praticante inicia a trajetória entre os níveis dan. Veja as faixas dan:
-
Faixa preta com uma listra branca - 1º dan
-
Faixa preta com duas listras brancas - 2º dan
-
Faixa preta com três listras brancas - 3º dan
-
Faixa preta com quatro listras brancas - 4º dan
-
Faixa preta com cinco listras brancas - 5º dan
-
Faixa vermelha e branca - 6º ao 8º dan
-
Faixa vermelha - 9º e 10º dan
Veja também: Taekwondo — arte marcial esportiva que utiliza movimentos realizados tanto com os pés quanto com as mãos
Judô no Brasil
O judô começou a ser praticado no Brasil entre os anos de 1920 e 1930. A imigração japonesa foi o fator mais importante para o início da prática no país, de acordo com a Confederação Brasileira de Judô (CBJ).
Entre os professores-lutadores que se destacaram por difundir a luta pelo país estão Mitsuyo Maeda e Soishiro Satake, que foram alunos de Jigoro Kano.
O professor Maeda, apelidado de Conde Koma, chegou em 1914 à cidade de Porto Alegre. Junto com outros praticantes, Koma viajou pelo país realizando performances japonesas com a realização de técnicas de defesa e torções. Maeda se estabeleceu anos depois em Belém, no Pará. Há relatos que indicam que o treinador deu aulas na Academia Militar. Futuramente, o judô foi incluído na prática dos treinamentos militares no país.
Em 1948, foi criada a primeira instituição do esporte no Brasil, a Associação Budokan, que passou a organizar torneios anuais.
A estreia brasileira em campeonatos mundiais ocorreu na França, em 1961, com Lhofei Shiozawa. Os brasileiros realizaram seu primeiro campeonato mundial no Rio de Janeiro, em 1965.
A fundação da Confederação Brasileira de Judô (CBJ) aconteceu em 18 de março de 1969, tendo o reconhecimento em 1972. São responsabilidades da CBJ dirigir, orientar, regulamentar e fiscalizar a prática de judô por todo o país. O fortalecimento do esporte no Brasil foi consolidado com a criação da instituição.
Medalhas do Brasil no judô
Até o início de 2024, o Brasil conquistou os seguintes números de medalhas:
-
Jogos Olímpicos: 24 medalhas (4 ouros | 3 pratas | 17 bronzes).
-
Mundiais sênior: 54 medalhas (9 ouros | 13 pratas | 32 bronzes).
-
Jogos Pan-Americanos: 150 medalhas (47 ouros | 39 pratas | 64 bronzes).
-
Mundiais por equipes mistas: 8 medalhas (5 pratas | 3 bronzes).
-
Mundiais júnior: 79 medalhas (14 ouros | 23 pratas | 42 bronzes).
-
Mundiais juvenis: 28 medalhas (5 ouros | 11 pratas | 12 bronzes).
Judô no mundo
A exportação do judô do Japão para o mundo foi impulsionada por militares que residiam em países do Ocidente. Quando o Japão foi derrotado na Segunda Guerra Mundial, as nações vencedoras (Aliados) proibiram as atividades de luta nos países do Eixo. Mesmo assim, no ano de 1946, o judô começou a ser ensinado a militares ocidentais que estavam no Japão. As aulas eram realizadas por professores do Instituto Kodokan, seguindo o pensamento de Jigoro Kano.
Atualmente, entre os países com mais títulos no judô estão:
-
Japão;
-
França;
-
Coreia do Sul;
-
Brasil;
-
Portugal.
Origem e história do judô
O judô foi desenvolvido pelo japonês Jigoro Kano e começou a ser praticado em 1882. A modalidade de luta surgiu do jiu-jitsu, arte marcial também japonesa.
Kano nasceu em 1863, e começou a praticar jiu-jitsu para aperfeiçoar seu físico, na intenção de adquirir força. No entanto, observou que além da melhora da saúde física, as técnicas da luta ajudavam na educação e preparação de jovens de modo geral.
Levando em consideração as técnicas base do jiu-jitsu, Jigoro trabalhou no desenvolvimento de um novo método de arte marcial. Sua intenção era conciliar a força com a racionalidade.
Jigoro se formou em Filosofia na Universidade Imperial de Tóquio. Seu objetivo com o judô era não somente criar uma nova modalidade de luta, mas sim uma ferramenta que pudesse possibilitar a educação global do ser humano. Foram então incorporados à “arte dos samurais”, o jiu-jitsu, novos conhecimentos que pudessem trabalhar aspectos físicos e morais dos praticantes. Nascia o judô enquanto prática corporal.
A adoção do nome de judô por Kano se justifica pela caracterização da nova prática enquanto uma doutrina (do), e não apenas uma arte (jitsu).
O primeiro espaço formal para a realização de aulas de judô, o dojo, foi aberto em 1882. Nele, havia 12 tatames e nove alunos. A escola foi nomeada Kodokan, que quer dizer “escola para o estudo da vida”, conforme pontua Ronald Oliveira em seu artigo sobre a história do judô. |2|
No ano de 1948, foi inaugurada a União Europeia de Judô. A Federação Internacional de Judô (IFJ, sigla em inglês) foi criada em 1951. O primeiro presidente da IJF foi Rissei Kano, filho de Jigoro Kano.
A realização do primeiro Campeonato Mundial de Judô ocorreu em Tóquio em 1956. O evento contou com a participação de 18 países.
A inclusão nas Olimpíadas enquanto esporte de demonstração aconteceu no ano de 1964. A oficialização da luta como esporte olímpico ocorreu na edição dos Jogos Olímpicos de Munique, em 1972. O judô disputado por mulheres nas Olimpíadas foi incluído de forma oficial em 1992, nos jogos de Barcelona.
Curiosidades sobre o judô
-
O holandês Anton Geesink se tornou o primeiro campeão mundial de judô sem ser japonês, em 1961.
-
O judô já foi chamado de jiu-do, jujutsu e jiu-jitsu Kano.
-
A primeira medalha para o Brasil nos Jogos Olímpicos foi conquistada por Chiaki Ishii, em 1972, na cidade alemã Munique.
-
A institucionalização do judô no Brasil ficou a cargo da colônia japonesa. Depois, da Confederação Brasileira de Pugilismo, para posteriormente ser comandada pela atual CBJ.
Notas
|1| SILVA, Valécio Senna Vasconcelos da. O judô na escola: a busca do equilíbrio no desenvolvimento humano. 1. ed. Jundiaí: Paco e Littera, 2021. E-book. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br.
|2| OLIVEIRA, Ronald. A. M. História do judô, da criação à EsEFEx. Revista De Educação Física / Journal of Physical Education, 76, Rio de Janeiro, 2007. Disponível em: https://revistadeeducacaofisica.emnuvens.com.br/revista/article/view/438.
Créditos de imagem
[1] Victor Velter / Shutterstock
[3] Wikimedia Commons (reprodução)
Fontes
COMITÊ OLÍMPICO BRASILEIRO. Judô. Disponível em: https://www.cob.org.br/pt/cob/time-brasil/esportes/judo/.
CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE JUDÔ. Regulamento para Exame e Outorga de faixas e graus. 2018. Disponível em: https://judorio.org/wp-content/uploads/2018/03/Regulamento-Outorga-de-Faixa_2018.pdf.
FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE JUDÔ. Manual de Graduações e Regulamento de Judô. Disponível em: https://www.fpj.pt/normativos/regulamentos-em-vigor/.
MESQUITA, Chuno. Judô... da reflexão à competição: o caminho suave. 1. ed. Rio de Janeiro: Interciência, 2014. E-book. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br .
OLIVEIRA, Ronald. A. M. História do judô, da criação à EsEFEx. Revista De Educação Física / Journal of Physical Education, 76, Rio de Janeiro, 2007. Disponível em: https://revistadeeducacaofisica.emnuvens.com.br/revista/article/view/438.
SILVA, Valécio Senna Vasconcelos da. O judô na escola: a busca do equilíbrio no desenvolvimento humano. 1. ed. Jundiaí: Paco e Littera, 2021. E-book. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br.