Judô

O judô é uma arte marcial japonesa que consiste na prática de técnicas de ataque e defesa. É também uma vivência que extrapola a competição esportiva em si.

O judô é uma arte marcial japonesa aplicada no treinamento físico, intelectual, na educação moral e interação social do praticante. Jigoro Kano foi responsável por desenvolver a luta em 1882 no Japão.

Criado a partir da influência do jiu-jitsu, o judô teve sua expansão para o mundo após a Segunda Guerra Mundial. O objetivo em uma luta de judô é derrubar o adversário, mantendo suas costas e ombros no tatame, por meio da imobilização.

A imigração japonesa impulsionou a prática do judô no Brasil. O país configura entre as nações com o maior número de títulos na modalidade.

Leia também: Jiu-jitsu — detalhes sobre outra arte marcial japonesa

Resumo sobre judô

O que é o judô?

Crianças lutando judô.
O judô pode ser praticado desde a infância, sendo importante para a formação de crianças.

O judô é uma arte marcial japonesa que consiste na prática de técnicas de ataque e defesa. A modalidade, além de contribuir para o desenvolvimento de aspectos físicos como a força, possui como objetivo atuar na formação do praticante.

Apesar de fazer parte do quadro de esportes institucionalizados e ser uma modalidade olímpica, o judô se consolidou como uma vivência que extrapola a competição esportiva em si. A luta foi criada também para a formação cidadã de quem a pratica, com a possibilidade de vivenciar situações de aprendizagem diferentes para verificar as tomadas de decisão do praticante.

Nesse sentido, o judô é uma luta que relaciona os movimentos do corpo com a energia da mente e espiritual. A superação dos próprios limites é outro fator importante presente na modalidade.

Características do judô

O judô é uma prática de luta constituída de projeções ou golpes, que são realizados, de forma inicial, em pé. O conjunto de técnicas desses movimentos é chamado de gokiô, baseado “no mínimo de força para um máximo de eficiência”, estabelecido por Jikoro Kano, criador do judô.

Luta de judô.
A prática do judô é caracterizada por muito contato corporal.

O japonês idealizador da luta utilizou três princípios para desenvolver a modalidade.

De acordo com o professor de Educação Física Ronald Oliveira, a prática do judô é consolidada a partir de três aspectos, sendo eles os seguintes:

O combate em si é intitulado de shiai. Nele são colocados em prática todos os ensinamentos durante o treinamento. Já o kiai é conhecido por ser o momento de concentração máxima, em que se obtém energia e força para realizar um movimento forte e veloz.

O kuatsu consiste nas técnicas de primeiros socorros oriundas da medicina milenar chinesa. Elas são aplicadas em situações de acidentes dentro do dojo, espaço onde se luta o judô.

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Regras do judô

As regras do judô são constituídas dos tipos de técnicas aplicados, equipamentos utilizados, formato da luta, faixas e níveis de graduação. Veja mais detalhes sobre cada um desses aspectos a seguir.

Equipamentos do judô

A roupa utilizada no judô se chama judogui, tradicionalmente na cor branca. A indumentária é composta por:

O judogui na cor azul foi implementado posteriormente.

Fundamentos do judô

Entre os fundamentos do judô estão:

O momento inicial de uma luta de judô é o cumprimento (a saudação “rei”). A situação enfatiza a filosofia da modalidade baseada no respeito e no equilíbrio, conforme pontua Valécio Silva em sua obra O judô na escola: a busca do equilíbrio no desenvolvimento humano. |1|

Professor e aluna em momento de cumprimento do judô.
Cumprimento do judô.

Assim que se entra no dojo é feito um cumprimento a todo faixa-preta presente. Entre as reverências estão: saudação em pé (ritsu-rei) e a saudação joelhado (za-rei).

Dominar a técnica de queda é uma qualidade importante para o judoca. O ukemi, amortecimento de quedas, visa ao aprendizado das situações de queda quando há projeções. Sua importância está no aperfeiçoamento dos rolamentos para que não haja contusões e torções. Esse é o primeiro fundamento ensinado. Os amortecimentos são classificados nas seguintes categorias:

A seguir, veja os nomes atribuídos às posições e posturas no judô:

Técnicas e movimentos do judô

Golpe de judô utilizado para derrubar o oponente no chão.
Golpe de judô utilizado para derrubar o oponente no chão.

No judô são utilizadas técnicas e movimentos que utilizam diferentes partes do corpo com objetivos específicos.

Técnicas do judô em pé (nage-waza)

Técnicas do judô no chão (katame-waza)

Pontuação e tempo de luta do judô

Uma luta no judô possui a duração de cinco minutos. Caso não haja um vencedor nesse período, aplica-se a prorrogação, chamada de “golden score”. Nesse tempo, ganha o atleta que aplicar um golpe ou o adversário que for punido.

Entre os tipos de pontos do judô, estão:

Faixas do judô

Homem segurando sua faixa preta de judô.
A faixa preta no judô é uma das que representam maior conhecimento e prática na luta. [1]

As faixas do judô representam o nível de graduação na luta, ou seja, o conhecimento e experiência na modalidade. As faixas são chamadas de obi, e os primeiros níveis de faixas são intitulados kyu. A mais inferior, utilizada por iniciantes, é a de cor branca. Enquanto a que mais indica experiência é a faixa marrom. Veja a ordem:

Após concluir níveis de kyu, o praticante inicia a trajetória entre os níveis dan. Veja as faixas dan:

Veja também: Taekwondo — arte marcial esportiva que utiliza movimentos realizados tanto com os pés quanto com as mãos

Judô no Brasil

O judô começou a ser praticado no Brasil entre os anos de 1920 e 1930. A imigração japonesa foi o fator mais importante para o início da prática no país, de acordo com a Confederação Brasileira de Judô (CBJ).

Entre os professores-lutadores que se destacaram por difundir a luta pelo país estão Mitsuyo Maeda e Soishiro Satake, que foram alunos de Jigoro Kano.

Fotografia de Mitsuyo Maeda, um dos pioneiros do judô no Brasil.
Mitusyo Maeda foi um dos pioneiros do judô no Brasil.

O professor Maeda, apelidado de Conde Koma, chegou em 1914 à cidade de Porto Alegre. Junto com outros praticantes, Koma viajou pelo país realizando performances japonesas com a realização de técnicas de defesa e torções. Maeda se estabeleceu anos depois em Belém, no Pará. Há relatos que indicam que o treinador deu aulas na Academia Militar. Futuramente, o judô foi incluído na prática dos treinamentos militares no país.

Em 1948, foi criada a primeira instituição do esporte no Brasil, a Associação Budokan, que passou a organizar torneios anuais.

A estreia brasileira em campeonatos mundiais ocorreu na França, em 1961, com Lhofei Shiozawa. Os brasileiros realizaram seu primeiro campeonato mundial no Rio de Janeiro, em 1965.

A fundação da Confederação Brasileira de Judô (CBJ) aconteceu em 18 de março de 1969, tendo o reconhecimento em 1972. São responsabilidades da CBJ dirigir, orientar, regulamentar e fiscalizar a prática de judô por todo o país. O fortalecimento do esporte no Brasil foi consolidado com a criação da instituição.

Rafaela Silva, judoca do Brasil, em luta de judô com Sumiya, judoca da Mongólia.
Rafaela Silva, judoca brasileira, nas Olimpíadas do Rio em 2016. [2]

Medalhas do Brasil no judô

Até o início de 2024, o Brasil conquistou os seguintes números de medalhas:

Judô no mundo

A exportação do judô do Japão para o mundo foi impulsionada por militares que residiam em países do Ocidente. Quando o Japão foi derrotado na Segunda Guerra Mundial, as nações vencedoras (Aliados) proibiram as atividades de luta nos países do Eixo. Mesmo assim, no ano de 1946, o judô começou a ser ensinado a militares ocidentais que estavam no Japão. As aulas eram realizadas por professores do Instituto Kodokan, seguindo o pensamento de Jigoro Kano.

Atualmente, entre os países com mais títulos no judô estão:

Origem e história do judô

O judô foi desenvolvido pelo japonês Jigoro Kano e começou a ser praticado em 1882. A modalidade de luta surgiu do jiu-jitsu, arte marcial também japonesa.

Kano nasceu em 1863, e começou a praticar jiu-jitsu para aperfeiçoar seu físico, na intenção de adquirir força. No entanto, observou que além da melhora da saúde física, as técnicas da luta ajudavam na educação e preparação de jovens de modo geral.

Levando em consideração as técnicas base do jiu-jitsu, Jigoro trabalhou no desenvolvimento de um novo método de arte marcial. Sua intenção era conciliar a força com a racionalidade.

Fotografia em preto e branco de Jigoro Kano, o criador do judô.
Jigoro Kano foi o criador do judô. [3]

Jigoro se formou em Filosofia na Universidade Imperial de Tóquio. Seu objetivo com o judô era não somente criar uma nova modalidade de luta, mas sim uma ferramenta que pudesse possibilitar a educação global do ser humano. Foram então incorporados à “arte dos samurais”, o jiu-jitsu, novos conhecimentos que pudessem trabalhar aspectos físicos e morais dos praticantes. Nascia o judô enquanto prática corporal.

A adoção do nome de judô por Kano se justifica pela caracterização da nova prática enquanto uma doutrina (do), e não apenas uma arte (jitsu).

O primeiro espaço formal para a realização de aulas de judô, o dojo, foi aberto em 1882. Nele, havia 12 tatames e nove alunos. A escola foi nomeada Kodokan, que quer dizer “escola para o estudo da vida”, conforme pontua Ronald Oliveira em seu artigo sobre a história do judô. |2|

Foto em preto e branco de Jikoro Kano e Kyuzo Mifune em luta de judô.
Jigoro Kano e Kyuzo Mifune são dois dos maiores expoentes do judô.

No ano de 1948, foi inaugurada a União Europeia de Judô. A Federação Internacional de Judô (IFJ, sigla em inglês) foi criada em 1951. O primeiro presidente da IJF foi Rissei Kano, filho de Jigoro Kano.

A realização do primeiro Campeonato Mundial de Judô ocorreu em Tóquio em 1956. O evento contou com a participação de 18 países.

A inclusão nas Olimpíadas enquanto esporte de demonstração aconteceu no ano de 1964. A oficialização da luta como esporte olímpico ocorreu na edição dos Jogos Olímpicos de Munique, em 1972. O judô disputado por mulheres nas Olimpíadas foi incluído de forma oficial em 1992, nos jogos de Barcelona.

Curiosidades sobre o judô

Notas

|1| SILVA, Valécio Senna Vasconcelos da. O judô na escola: a busca do equilíbrio no desenvolvimento humano. 1. ed. Jundiaí: Paco e Littera, 2021. E-book. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br.

|2| OLIVEIRA, Ronald. A. M. História do judô, da criação à EsEFEx. Revista De Educação Física / Journal of Physical Education, 76, Rio de Janeiro, 2007. Disponível em: https://revistadeeducacaofisica.emnuvens.com.br/revista/article/view/438.

Créditos de imagem

[1] Victor Velter / Shutterstock

[2] Celso Pupo / Shutterstock

[3] Wikimedia Commons (reprodução)

Fontes

COMITÊ OLÍMPICO BRASILEIRO. Judô. Disponível em: https://www.cob.org.br/pt/cob/time-brasil/esportes/judo/.

CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE JUDÔ. Regulamento para Exame e Outorga de faixas e graus. 2018. Disponível em: https://judorio.org/wp-content/uploads/2018/03/Regulamento-Outorga-de-Faixa_2018.pdf.

FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE JUDÔ. Manual de Graduações e Regulamento de Judô. Disponível em: https://www.fpj.pt/normativos/regulamentos-em-vigor/.

MESQUITA, Chuno. Judô... da reflexão à competição: o caminho suave. 1. ed. Rio de Janeiro: Interciência, 2014. E-book. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br .

OLIVEIRA, Ronald. A. M. História do judô, da criação à EsEFEx. Revista De Educação Física / Journal of Physical Education, 76, Rio de Janeiro, 2007. Disponível em: https://revistadeeducacaofisica.emnuvens.com.br/revista/article/view/438.

SILVA, Valécio Senna Vasconcelos da. O judô na escola: a busca do equilíbrio no desenvolvimento humano. 1. ed. Jundiaí: Paco e Littera, 2021. E-book. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br.


Fonte: Brasil Escola - https://brasilescola.uol.com.br/educacao-fisica/judo.htm