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A Copa do Mundo Feminina é uma competição internacional de futebol feminino organizada pela Federação Internacional de Futebol (Fifa). O campeonato mundial acontece a cada quatro anos, assim como a versão masculina.
A primeira versão oficial da Copa do Mundo Feminina reconhecida e realizada pela Fifa foi em 1991, na China. No ano em questão, a seleção dos Estados Unidos saiu vitoriosa.
Em 2023, ocorrerá a nona edição da Copa Feminina. Desta vez, dois países sediarão o evento: Austrália e Nova Zelândia. A edição será realizada em julho.
Leia também: Copa das Américas — a competição mais antiga do mundo entre seleções de futebol
Tópicos deste artigo
- 1 - História da Copa do Mundo Feminina
- 2 - Copa do Mundo Feminina de 2023
- 3 - Futebol feminino no Brasil
- 4 - Futebol feminino no mundo e o papel da Fifa
História da Copa do Mundo Feminina
Em 1970, a Federação Internacional de Futebol Feminino — em italiano, Federazione Internazionale Europea Football Femminile (FIEFF) — organizou o primeiro grande campeonato de futebol feminino em nível internacional, a Coppa del Mondo, na Itália.
Internacionalmente, o evento é conhecido como a primeira copa extraoficial do futebol feminino. O evento foi patrocinado pela empresa de bebidas Martini & Rossi. Os patrocinadores realizaram uma segunda edição do campeonato, dessa vez em 1971, no México. A copa reuniu 10 mil espectadores.
Em 1991, a primeira versão oficial da Copa do Mundo de Futebol Feminina foi realizada pela Fifa, na China. Os Estados Unidos venceram a Noruega por 2x1, em uma partida que aconteceu na cidade de Cantão (Guangzhou).
Na primeira edição, apenas 12 seleções participaram do campeonato mundial. Em 1999, o número subiu para 16, mudando em 2015, quando 24 países participaram do campeonato. A edição de 2023 marcará o maior número de países participantes: 32 ao todo.
Confira abaixo a tabela com países-sede e ganhadores de cada edição.
Edição |
Primeiro Lugar |
Segundo lugar |
País-sede |
1991 |
Estados Unidos |
Noruega |
China |
1995 |
Noruega |
Alemanha |
Suécia |
1999 |
Estados Unidos |
China |
Estados Unidos |
2003 |
Alemanha |
Suécia |
Estados Unidos |
2007 |
Alemanha |
Brasil |
China |
2011 |
Japão |
Estados Unidos |
Alemanha |
2015 |
Estados Unidos |
Japão |
Canadá |
2019 |
Estados Unidos |
Países Baixos |
França |
Na primeira edição da Copa do Mundo Feminina, realizada na China, em 1991, os jogos tinham a duração de 80 minutos e não 90, pois acreditava-se que as mulheres se desgastariam em jogos de 90 minutos. A partir da segunda edição, realizada na Suécia em 1995, os jogos passaram a ter a duração de 90 minutos.
Após o sucesso do primeiro torneio de futebol feminino, realizado em Atlanta, nos Estados Unidos, em 1996, os Estados Unidos foram escolhidos para sediar a Copa do Mundo Feminina em 1999. Após o torneio, inclusive, o interesse do público por jogos femininos aumentou no país, levando cerca de 37 mil espectadores para os jogos femininos. Na final da copa de 1999, 90 mil pessoas assistiram ao jogo que deu vitória para os Estados Unidos.
Em 2003, os Estados Unidos sediaram novamente a Copa do Mundo Feminina. Era previsto que a China fosse a anfitriã, mas ela não pôde sediar no ano em questão devido a uma epidemia de síndrome respiratória aguda grave (SARS). Por esse motivo, automaticamente, tornou-se a anfitriã do ano de 2007.
Após isso, sediaram também a Alemanha, em 2011, o Canadá, em 2015, e a França, em 2019. Em 2023, dois países sediarão a Copa do Mundo Feminina: Austrália e Nova Zelândia.
A Seleção Brasileira de Futebol Feminino participou de todas as edições da Copa do Mundo Feminina. No ano de 1999, ficou em terceiro lugar. Já no ano de 2007, foi a segunda colocada, perdendo na final de 2 a 0 para a Alemanha.
Copa do Mundo Feminina de 2023
Pela primeira vez, a Copa do Mundo Feminina de 2023 será realizada em dois países: Austrália e Nova Zelândia. O campeonato mundial terá início no dia 20 de julho, com final no dia 20 de agosto.
Além dos dois países-sede, a edição de 2023 trará outro marco: a participação de 32 seleções disputando o título mundial. A marca representa o maior número de participantes em uma Copa do Mundo Feminina de Futebol.
Outra novidade é que, nesta edição, a Fifa realizou repescagem para três vagas da Copa. Os jogos da repescagem aconteceram entre os dias 17 e 23 de janeiro, na Nova Zelândia. As vagas foram ocupadas por Haiti, Panamá e Portugal.
O torneio contará com duas seleções da Ásia (China Taipei e Tailândia), duas da África (Senegal e Camarões), duas da América do Sul (Paraguai e Chile) e uma da Oceania (Papua Nova Guiné). Além disso, haverá duas seleções da Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caribe (Concaf), serão elas o Haiti e o Panamá.
Confira abaixo a divisão de grupos da Copa do Mundo Feminina de 2023:
Divisão de grupos da Copa do Mundo Feminina de 2023 |
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Grupo A Nova Zelândia Noruega Suíça Filipinas |
Grupo B Canadá Nigéria Austrália Irlanda |
Grupo C Japão Croácia Espanha Zâmbia |
Grupo D Inglaterra China Dinamarca Haiti |
Grupo E Estados Unidos Países Baixos Vietnã Portugal |
Grupo F França Brasil Jamaica Panamá |
Grupo G Suécia África do Sul Itália Argentina |
Grupo H Alemanha Colômbia Coreia do Sul Marrocos |
Pertencente ao grupo F, o primeiro jogo do Brasil será no dia 24 de julho. O adversário foi definido na repescagem e será o Panamá.
Futebol feminino no Brasil
O futebol feminino no Brasil é um direito bem recente na história de nosso país, assim como outros, como o direito ao trabalho regulamentado, ao voto e ao divórcio.
Se, em 1932, o então presidente Getúlio Vargas deu um grande passo ao decretar o direito ao voto pelas mulheres, em 1941 Vargas retrocedeu com os direitos femininos quando proibiu a prática do futebol feminino no Brasil. Na época, o decreto-lei n. 3.199 impedia a prática esportiva pelas mulheres, considerando o futebol restrito para homens. O artigo número 54 trazia a seguinte afirmação:
Às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza, devendo, para este efeito, o Conselho Nacional de Desportos baixar as necessárias instruções às entidades desportivas do país.
As mulheres ficaram impedidas da prática desportiva por 40 anos, quando, em 1982, a atleta Rose do Rio, com os jogadores do São Paulo e Corinthians, organizou uma partida de futebol feminino no Estádio do Morumbi.
Para burlar a proibição, o evento ocorreu durante o 1º Festival Nacional das Mulheres nas Artes e foi divulgado como preliminar com caráter beneficente. A partida foi o marco para a descriminalização do futebol feminino, ainda durante a Ditadura Militar, em 1983.
Apesar da então legalidade da modalidade feminina do esporte, em seus primeiros anos, o futebol feminino sofreu preconceitos e falta de investimento. Na Copa do Mundo de 1999, por exemplo, a seleção não tinha uniforme próprio, sendo obrigada a usar os uniformes restantes do time masculino.
O decreto da Era Vargas, o preconceito e o machismo foram os principais prejuízos da profissionalização do futebol feminino no Brasil. Apesar das dificuldades e barreiras, o futebol feminino brasileiro possui uma série de recordes e grandes marcas para o futebol mundial. A maioria dessas marcas foi batida por Marta, uma das maiores artilheiras de todos os tempos.
A considerada Rainha do Futebol possui duas medalhas de ouro em Pan-Americanos (2003 e 2007) e seis bolas de ouro (2006, 2007, 2008, 2009, 2010 e 2018). A critério de comparação, o único camisa 10 que se igualou à Marta em números de bolas de ouro foi Lionel Messi.
Veja também: Pelé — o maior jogador da história do futebol
Futebol feminino no mundo e o papel da Fifa
Não há dúvidas de que há grande diferença de investimento entre as modalidades masculina e feminina do futebol, sentida no público, nos números de patrocinadores e nas condições de exercício da profissão de atleta em cada gênero.
Infelizmente, a situação extrapola o Brasil, sendo sentida por diversos outros países, em especial os emergentes e pobres. Visando à equidade entre as modalidades de futebol, a Fifa criou, em 2018, o programa Estratégia do Futebol Feminino.
A iniciativa trabalha com confederações, membros de associações, clubes, jogadoras, imprensa e fãs de futebol na tomada de ações de forma concreta para o empoderamento feminino e a luta contra o machismo dentro do futebol.
A Estratégia destina recursos financeiros e ações para o futebol feminino. Uma das possíveis consequências do programa é o recorde de espectadores da Copa do Mundo da França, em 2019, que atingiu mais de um bilhão de pessoas em 205 países. A final da Copa de 2019 foi a mais assistidas de todos os tempos, com audiência de 263.3 milhões de pessoas (por transmissão).
Créditos de imagem
[1] Romain Biard / Shutterstock
[2] Museu do Futebol / Wikimedia Commons (reprodução)
[3] Jeevandhika / Shutterstock
[4] Salty View / Shutterstock
[5] lev radin / Shutterstock
Por Miguel Souza
Jornalista