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Hanseníase

Hanseníase é uma doença que afeta pele e nervos periféricos e é causada por uma bactéria (bacilo de Hansen), a qual pode ser transmitida de uma pessoa para outra.

Pessoa com hanseníase.
A hanseníase leva a manchas na pele com alteração na sensibilidade.
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A hanseníase é uma das doenças mais antigas que conhecemos, sendo que alguns registros datam-na em 600 a.C. É uma doença crônica e infectocontagiosa causada por uma bactéria chamada Mycobacterium leprae, que afeta pele e nervos periféricos. Vamos conhecer, a seguir, mais sobre a hanseníase, sua forma de transmissão, seu agente causador, seus tipos, seus sintomas e seu tratamento.

Leia também: Hanseníase: a doença mais antiga do mundo

Tópicos deste artigo

O que é a hanseníase?

A hanseníase é uma doença crônica, que pode ser transmitida de uma pessoa para outra e que apresenta como agente etiológico uma bactéria, o Mycobacterium leprae, conhecida como bacilo de Hansen. Esse patógeno, identificado pelo médico norueguês Gerhard Henrik Armauer Hansen, pertence à ordem Actinomycetales e à família Mycobacteriaceae, e seu tamanho fica em torno de 1 µm a 8 µm de comprimento e 0,3 µm de diâmetro.

O bacilo de Hansen atua afetando a pele e os nervos periféricos. Como consequência, a doença leva a lesões na pele com alterações na sensibilidade e também a problemas relacionados com a força muscular. Se não tratada precocemente, pode levar a complicações graves e, muitas vezes, incapacitantes.

Transmissão da hanseníase

O bacilo de Hansen destaca-se por ser capaz de infectar uma grande quantidade de indivíduos, entretanto, poucos dos infectados realmente adoecem, o que significa que ele apresenta baixa patogenicidade.

A doença é transmitida, de uma pessoa para outra, quando o doente elimina o agente causador, principalmente, por meio das vias aéreas superiores. O contato com o doente deve ser direto e prolongado para que ocorra a transmissão.

A transmissão da hanseníase ocorre principalmente por meio dos pacientes chamados de multibacilares, os quais apresentam uma grande carga bacilar. Pacientes paucibacilares (com menor carga bacilar) não são considerados uma importante fonte de transmissão.

Outro ponto importante a ser salientado é que, logo no início do tratamento, a pessoa para de transmitir a doença.

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Tipos da hanseníase

Os pacientes com hanseníase são classificados, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, em dois grupos: paucibacilares e multibacilares. Aqueles são os que apresentam exames com poucos ou nenhum bacilo; já estes são os que apresentam em seus exames muito bacilos.

De acordo com a classificação de Madri, a hanseníase pode ser classificada em: hanseníase indeterminada (paucibacilar), tuberculoide (paucibacilar), dimorfa (multibacilar) e virchowiana (multibacilar). Veja a definição de cada um desses tipos, de acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia:

  • Indeterminada: Pacientes possuem até cinco manchas de contornos imprecisos, e, nesse caso, não há comprometimento neural. É a fase inicial da doença.

  • Tuberculoide: Paciente apresenta até cinco lesões bem definidas e um nervo comprometido.

  • Dimorfa: Paciente apresenta mais de cinco lesões, com bordos que podem estar bem ou pouco definidos, e o comprometimento de dois ou mais nervos.

  • Virchowiana: Paciente apresenta a forma mais disseminada da doença, sendo observada grande parte da pele danificada e, algumas vezes, comprometimento de órgãos, como nariz e rins.

Leia também: Bactérias presentes no corpo humano – formação da macrobiota

Sintomas da hanseníase

A hanseníase é uma doença que, como dito, afeta pele e nervos periféricos, sendo assim, os seus sintomas estão relacionados com o comprometimento dessas áreas. Sem dúvida, uma das manifestações mais marcantes dela são as manchas na pele que apresentam sensibilidade alterada, entretanto, esse não é o único sintoma.

Veja, a seguir, os principais sinais e sintomas observados em pacientes com hanseníase:

  • Manchas (esbranquiçadas, amarronzadas e avermelhadas) na pele com mudanças na sensibilidade à dor, térmica e tátil;

  • Sensação de fisgada, choque, dormência e formigamento ao longo do trajeto dos nervos dos membros;

  • Perda de pelos em algumas áreas e redução da transpiração;

  • Pele seca;

  • Inchaço nas mãos e nos pés;

  • Inchaço e dor nas articulações;

  • Redução da força muscular nos locais em que os nervos foram afetados;

  • Dor e espessamento nos nervos periféricos;

  • Caroços no corpo;

  • Olhos ressecados;

  • Feridas, sangramento e ressecamento no nariz;

  • Febre e mal-estar geral.

Complicações da hanseníase

A hanseníase, se não tratada inicialmente, pode evoluir para incapacitações físicas. Entre as sequelas deixadas pela doença, estão:

  • Incapacidade de elevar o pé (“pé caído”);

  • Incapacidade de extensão dos dedos e do punho (“mão caída”);

  • Incapacidade de fechar os olhos (lagoftalmo);

  • Necrose e ulceração da cartilagem do nariz (“nariz desabado”).

Mãos afetadas pela hanseníase.
A hanseníase pode levar a uma série de complicações, muitas vezes, incapacitantes.

Diagnóstico da hanseníase

O diagnóstico da hanseníase é feito basicamente analisando-se a manifestação clínica da doença. Além disso, o exame denominado baciloscopia do raspado intradérmico é utilizado a fim de confirmá-lo. Esse exame visa identificar a presença de bacilos. Vale destacar que o resultado negativo do exame não descarta a doença caso o paciente apresente sintomas.

Tratamento da hanseníase

A hanseníase é uma doença que atualmente possui cura. No passado o doente era isolado da sociedade, e a doença, considerada um castigo, sendo associada ao pecado e à impureza. Hoje, no entanto, isso mudou e o paciente pode seguir seu tratamento em casa.

O tratamento da hanseníase é feito por meio da poliquimioterapia (PQT), que consiste na associação de vários antimicrobianos. Esse tratamento é feito gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde, e o paciente não fica internado. Ele garante a completa cura da doença.

Você sabia que, desde 1976, em nosso país, o termo lepra (denominação antiga para hanseníase) não deve mais ser utilizado? Essa medida foi adotada pelo fato de que o termo carrega uma triste história de preconceito.


Leia também: Uso correto de antibióticos - resistência bacteriana e consequências

Dia Nacional de Combate e Prevenção da Hanseníase

No Brasil, no último domingo de janeiro, comemora-se o Dia Nacional de Combate e Prevenção da Hanseníase. A data foi instituída pela lei nº 12.135, de 18 de dezembro de 2009. No último domingo de janeiro, também é comemorado o Dia Mundial contra a Hanseníase.

Desde 2016 o Ministério da Saúde oficializou o mês de janeiro como o período para o combate à hanseníase, e fixou a cor roxa para a campanha educativa. Sendo assim, o mês de janeiro passou a ser intitulado Janeiro Roxo e é dedicado à consciencização da doença.

Escritor do artigo
Escrito por: Vanessa Sardinha dos Santos Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual de Goiás (2008) e mestrado em Biodiversidade Vegetal pela Universidade Federal de Goiás (2013). Atua como professora de Ciências e Biologia da Educação Básica desde 2008.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SANTOS, Vanessa Sardinha dos. "Hanseníase"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/doencas/hanseniase.htm. Acesso em 21 de novembro de 2024.

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