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O processo de industrialização do Brasil ocorreu de maneira muito tardia, porém se manifestou em um período de tempo relativamente curto, isto é, iniciou-se a partir da década de 1930 e consolidou-se a partir da década de 1970 em diante. Em termos de distribuição espacial, houve uma grande concentração das indústrias no país, fruto, principalmente, do aproveitamento das infraestruturas previamente existentes na economia cafeeira da região Sudeste do país.
Nesse sentido, referir-se aos processos de concentração e desconcentração industrial no Brasil é referir-se ao movimento migratório realizado pelas fábricas e empresas por todo o território brasileiro ao longo dos últimos tempos. Em síntese, pode-se afirmar que a intensa concentração industrial na região Sudeste do país está lentamente se desfazendo, embora o quadro esteja muito longe de se reverter.
O processo de concentração industrial do Brasil ocorreu com o desenvolvimento da política de substituição de importações, assumida de maneira mais proeminente durante o Governo Vargas, após os eventos relativos à Crise de 1929 e o consequente declínio da economia cafeeira. Assim, graças às estruturas de transporte e comunicação existentes e também ao maior poderio político e econômico das elites do eixo São Paulo-Rio de Janeiro, a maior parte das industrias ergueu-se nessa região, o que enfraqueceu a produção têxtil e alimentícia preponderantes na região Nordeste.
Mais tarde, durante o Governo JK, houve novamente um impulso à industrialização do Brasil e de novo sob a ótica da política de substituição de importações anteriormente preconizada. Com isso, a partir da liderança das indústrias automobilísticas, o processo de industrialização do Brasil manifestou-se de maneira mais efetiva e reproduziu a concentração anteriormente existente.
Para reverter esse cenário, o governo brasileiro começou a reunir esforços para promover uma maior democratização, o que se efetivou a partir de 1968 com o desenvolvimento da Zona Franca de Manaus. Seguindo nesse ritmo, foram criadas as usinas hidrelétricas de Tucuruí, Sobradinho e outras na região Norte do país a fim de oferecer condições estruturais para a instalação de mais empresas no interior do território nacional.
Mas podemos dizer que a desconcentração industrial do Brasil passou a acontecer, de fato, a partir da década de 1990, quando a maior presença de infraestruturas (comunicação e meios de transporte) nas áreas anteriormente marginalizadas passou a apresentar um maior efeito.
Outro peso muito importante para isso foi a difusão da “Guerra Fiscal”, em que os estados e municípios passaram a competir pela atração de empresas por meio do fornecimento de incentivos fiscais, traduzidos em isenção de impostos e outras condições, como fornecimento de terrenos em posições estratégicas e formações dos polos industriais ou tecnopolos. Além disso, as grandes indústrias migraram em busca de mão de obra mais barata e sindicalmente desorganizada a fim de reduzir os custos e elevar os lucros.
Atualmente, existe uma migração, mesmo que gradativa, das grandes companhias em direção às áreas interioranas dos estados e, principalmente, às chamadas Cidades Médias. Com a evolução das técnicas e dos meios de transporte e comunicação, a tendência atual é a formação de regiões especializadas em setores produtivos específicos, como o farmoquímico, o automobilístico, o alimentício, o industrial de base, entre muitos outros. Existe, com isso, uma série de fatores locacionais que deve ser atendida pelos governos regionais e municipais para a atração do maior número de empresas, geração de empregos e dinamização da economia.
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* Créditos da imagem: AFNR / Shutterstock
Por Me. Rodolfo Alves Pena