PUBLICIDADE
Os poríferos (Filo Porifera), também conhecidos popularmente como esponjas, são animais bastante simples que vivem exclusivamente no ambiente aquático. Não possuem tecidos verdadeiros, logo também não possuem órgãos e sistemas. São sésseis (não se movem) e podem viver sozinhos ou em colônias. Apresentam o corpo repleto de poros, daí o nome poríferos (do latim: porus = poro e ferre = possuidor).
Leia também: Recifes de corais, um local onde é possível avistar esponjas
Tópicos deste artigo
- 1 - Características gerais dos poríferos
- 2 - Fisiologia dos poríferos
- 3 - Reprodução dos poríferos
- 4 - Importância econômica dos poríferos
Características gerais dos poríferos
Os poríferos são animais muito simples e que não possuem células organizadas em tecidos verdadeiros, assim, essas células apresentam certa independência. Esses animais são sésseis e filtradores, ou seja, não se locomovem e retiram as partículas necessárias para a sua sobrevivência do ambiente aquático. Algumas espécies apresentam grande capacidade de regeneração.
Variam muito de tamanho, apresentando desde alguns milímetros até vários metros. Normalmente são assimétricos, mas podem ser observadas espécies com simetria radial. Ocorrem tanto em água doce quanto em água salgada; porém, há mais espécies marinhas. Existem mais de 8000 espécies diferentes de esponjas descritas atualmente, as quais variam em cores e formatos.
-
O corpo dos poríferos
O corpo dos poríferos é bastante simples, mas é possível observar diferentes arranjos internos. A seguir descreveremos a organização mais simples, a estrutura asconoide.
As esponjas apresentam um corpo geralmente cilíndrico e rico em poros. Estes são formados por uma célula, que possui forma de anel, denominada de porócito. Esses poros servem de local de entrada para a água, que segue para uma cavidade central (espongiocele ou átrio) e sai por uma grande abertura, chamada de ósculo. No corpo desse animal, observa-se uma corrente de água constante.
O corpo das esponjas consiste em duas camadas de células, que se separam por uma camada gelatinosa chamada mesoílo. A superfície externa apresenta células achatadas, chamadas de pinacócitos, que formam a pinacoderme. Essas células apresentam a capacidade de expandir e contrair suas margens, o que pode promover uma pequena variação no tamanho do animal.
O mesoílo apresenta-se como uma porção gelatinosa e nele se encontram amebócitos e material esquelético. Os amebócitos apresentam movimentação por meio de pseudópodes e ajudam, entre outras funções, a transportar nutrientes para outras células e produzir materiais que formarão o esqueleto. O material esquelético, por sua vez, é formado por espículas e/ou fibras de espongina. As espículas apresentam diferentes formas e tamanhos e podem ser formadas por sílica ou calcário.
Voltada para o interior da esponja, observa-se a presença de uma camada de células flageladas, chamadas de coanócitos. Esses flagelos estão voltados para o interior da espongiocele, e a agitação deles garante a movimentação da água no interior do corpo do animal e também a captura do alimento. Os coanócitos apresentam projeções que formam uma espécie de colar em volta do flagelo. Por essa razão, são também denominados de células de colar.
-
Tipos de esponjas
O corpo das esponjas apresenta diferentes organizações, sendo possível observar três tipos estruturais diferentes. Vejamos a seguir um pouco mais sobre esses três tipos de esponjas:
- Asconoide ou tipo Áscon: é o tipo mais simples, sendo observada uma parede fina, perfurada por poros, os quais se abrem na espongiocele. Esta se abre no ósculo. Normalmente, esponjas com essa estrutura tendem a ser pequenas.
- Siconoide ou tipo Sícon: possuem corpo mais complexo, havendo dobras nas paredes. Nesse grupo, os coanócitos não revestem a espongiocele, sendo observados em canais radiais.
- Leuconoide ou tipo Lêucon: tipo mais complexo de esponja, apresentando um grande grau de pregueamento do corpo. Possui diversos canais e, usualmente, o átrio desaparece ou se apresenta bem reduzido.
Leia também: Reino Animalia – conheça os organismos que fazem parte desse grupo
Fisiologia dos poríferos
Os poríferos são animais que não possuem órgãos e sistemas, sendo assim, alguns processos fundamentais para a sua sobrevivência são bem diferentes de outros animais. A digestão, por exemplo, não ocorre em um sistema digestório. São os coanócitos os responsáveis por retirar da água o alimento necessário para a esponja, fazendo, posteriormente, a digestão intracelular. Eles podem também transferir os alimentos aos amebócitos, que levam as substâncias para outras células.
As trocas gasosas ocorrem em todas as células dos poríferos por meio de difusão. No que diz respeito à excreção, esta também ocorre em todas as células, sendo os produtos nitrogenados liberados na água.
Reprodução dos poríferos
As esponjas podem reproduzir-se tanto de forma assexuada como de forma sexuada. No que diz respeito à reprodução sexuada, devemos destacar que a maioria das esponjas é hermafrodita, ou seja, um mesmo indivíduo é responsável pela produção de gametas masculinos e femininos. Entretanto, essa produção não costuma ocorrer ao mesmo tempo, sendo observada a produção de um tipo de gameta antes da produção de outro, uma condição chamada de hermafroditismo sequencial. Isso evita que ocorra a autofecundação.
Os gametas das esponjas não são produzidos em estruturas especializadas, sendo formados a partir dos coanócitos ou amebócitos. Os gametas masculinos são liberados na água, e a corrente de água transporta-os até outro indivíduo que está produzindo um gameta feminino, o qual fica no interior do corpo da esponja. O gameta masculino é captado por um coanócito, que o transporta até o gameta feminino. Após a fecundação, forma-se uma larva livre e natante, que pode colonizar uma área longe da esponja parental. A larva, então, fixa-se no substrato e desenvolve-se em uma esponja adulta e séssil.
Já com relação à reprodução assexuada, dois tipos podem ocorrer: o brotamento e a gemulação. No brotamento, formam-se brotos no corpo do animal, os quais podem desprender-se do corpo da esponja-mãe ou permanecer fixos a ele. Na gemulação, por sua vez, formam-se estruturas reprodutoras denominadas de gêmulas, que são formadas por células indiferenciadas que possuem um envoltório. As gêmulas são capazes de permanecer em repouso em ambientes desfavoráveis, dando origem a uma nova esponja quando as condições ideais surgem.
Veja também: Invertebrados – grupo de animais do qual os poríferos fazem parte
Importância econômica dos poríferos
Os poríferos são animais de grande valor comercial. Algumas esponjas, por exemplo, produzem compostos que apresentam potencial antibacteriano e anti-inflamatório. Atualmente vários estudos são realizados também para testar compostos produzidos por esses animais que apresentam ação importante contra células cancerígenas. Não podemos nos esquecer ainda de que, no passado, as esponjas eram usadas para o banho. Hoje, no entanto, utilizam-se esponjas sintéticas.
Por Vanessa Sardinha dos Santos
Professora de Biologia