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Conceito de sociedade de massa
Sendo um termo mais frequentemente utilizado no meio acadêmico, falamos em “sociedade de massa” quando nos referimos a uma forma de organização social específica e bastante recente. Trata-se de sociedades em que a grande maioria da população encontra-se inserida em um processo de produção e consumo em larga escala de bens de consumo e serviços, além de estar em conformidade com determinado modelo de comportamento generalizado.
A sociedade de massa surgiu em um momento tardio no processo de modernização. O desenvolvimento econômico resultante do rápido processo de industrialização com foco na produção de bens de consumo em massa, bem como o rápido crescimento do setor de serviços, foi uma das forças motivadoras para esse tipo de organização. O processo de urbanização e a concentração da população nas grandes cidades, tornando-as centro do universo social, impactaram o formato das relações entre sujeito, mundo social e instituições do Estado.
A burocratização do meio social e a formalização das relações entre indivíduo e órgãos institucionais, prevalecendo a racionalidade formal como ferramenta de mediação desse vínculo, enfraqueceu as formas de ações individuais, uma vez que o sujeito está sempre submetido ao julgamento de uma entidade maior e fundamentada no agregado de forças do conjunto social.
Por fim, o advento dos meios de comunicação de massa tornou possível a homogeneização da língua, de costumes, de interações e de contextos, neutralizando a diferença que o distanciamento e a falta de referências genéricas e generalizadoras faziam surgir no seio das pequenas comunidades que integram o corpo social.
As grandes populações das metrópoles constituem-se como sociedades de massas
O sujeito da sociedade de massa
De maneira mais sucinta, a sociedade de massa é a culminação de todo um longo caminho de mudanças percorrido pelas formas de estruturação social no decorrer da modernização do mundo ocidental, o que pressupõe um aumento progressivo do engajamento político, social e cultural das grandes massas das populações.
Nesse contexto, o indivíduo também tem suas predisposições de comportamento e posicionamento em relação ao seu convívio nessa realidade, fatores influenciados pelas dinâmicas que se estabelecem.
O filósofo espanhol José Ortega y Gasset utilizou o conceito do “homem-massa” para descrever o sujeito em uma sociedade de massa. Para o filósofo, o homem-massa é a expressão do conformismo com as determinações exteriores. O indivíduo e sua individualidade saem de cena e dão lugar ao sujeito que busca enquadrar-se nas determinações genéricas do mundo social massificado. O “homem-massa”, assim afirma Ortega, sente-se confortável quando se vê igual a todo mundo, em conformidade com a massa.
Outro autor que também se interessou pelo sujeito na sociedade de massa foi o teórico social francês Michel Foucault, que, em sua obra “Vigiar e punir”, buscou lançar luz sobre as formas de controle sobre o sujeito verificadas nas diferentes instituições disciplinares de uma sociedade. Entre escolas, prisões, hospitais e quartéis, Foucault desenvolveu a noção de controle punitivo como forma de assegurar a conivência com as convenções estipuladas pelo meio social em que vive o sujeito.
A ideia do Panóptico é central na teoria foucaultiana. Em resumo, refere-se à noção de um processo de construção da internalização da vigilância do próprio comportamento. Essa internalização acontece por meio do processo disciplinar pelo qual cada sujeito passa em instituições diferentes e em momentos diferentes de sua vida. A ideia é que o sujeito torne-se vigia de suas próprias ações, mesmo que não esteja sob o olhar vigilante de um policial ou um professor, por exemplo. Nesse sentido, o indivíduo deve conformar-se e tornar-se útil ao contexto social, ser submisso e passivo em sua relação com o conjunto em que habita.
Por Lucas Oliveira
Graduado em Sociologia