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Mulheres no mercado de trabalho

Mulheres no mercado de trabalho são importantes por aspectos sociais e econômicos significativos, como promoção da igualdade de gênero e redução da pobreza familiar.

Executiva olhando a paisagem do topo de um edifício, exemplo da presença das mulheres no mercado de trabalho.
A mulher no mercado de trabalho conquista cada vez mais o seu espaço enquanto enfrenta desafios persistentes para chegar ao topo.
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Mulheres no mercado de trabalho são importantes por aspectos sociais e econômicos significativos, como promoção da igualdade de gênero e redução da pobreza familiar. Desde o século passado, a mulher vem conquistando novas funções remuneradas no mercado de trabalho, o que levou a triplicar em muitos países de rendimento elevado a proporção de mulheres ocupadas, sejam assalariadas, sejam empreendedoras. No entanto, mesmo nas nações onde se considera que houve maiores avanços no campo dos direitos das mulheres, permanecem problemas importantes e diferenças significativas.

Leia também: Qual é o papel da mulher na sociedade?

Tópicos deste artigo

Resumo sobre a presença da mulher no mercado de trabalho

  • Mulheres no mercado de trabalho são importantes por aspectos sociais e econômicos significativos, como promoção da igualdade de gênero e redução da pobreza familiar.
  • A participação feminina no mercado de trabalho tem impacto econômico significativo, estimula o crescimento e reduz a pobreza.
  • A participação global da mulher no mercado de trabalho cresceu vertiginosamente no último século. Houve a triplicação da proporção de mulheres trabalhando em países de rendimento elevado.
  • Apesar dos avanços, a mulher enfrenta desafios como taxas de desemprego mais altas, salários inferiores e concentração em setores que pagam menos.
  • Não é incomum que as mulheres que exercem funções remuneradas recebam salários inferiores aos dos homens, por exemplo.
  • Atuação do Estado e governos é necessária para transformar estruturas sociais e reduzir desigualdades.

Importância da mulher no mercado de trabalho

A importância feminina no mercado de trabalho é crescente desde o século passado. Além de ser relevante do ponto de vista econômico, a mulher no mercado de trabalho fortalece a democracia e promove uma sociedade mais justa.

Políticas públicas que incentivem a participação feminina podem gerar efeitos positivos substanciais na economia, como o aumento dos rendimentos das mulheres, que estimula a demanda por serviços e sustenta o crescimento e o emprego. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) já estimou, no período 2017-2025, que a inserção de mais mulheres na economia brasileira poderia acrescentar R$ 131 bilhões em receita tributária e aumentar o PIB nacional em 3,3%.

De um ponto de vista sociológico, a importância da mulher no mercado de trabalho é crucial por várias razões. A participação feminina no mercado de trabalho, por exemplo, está diretamente relacionada à redução da pobreza familiar e ao aumento do bem-estar das crianças. Mulheres tendem a investir mais de seus rendimentos em suas famílias, melhorando a nutrição, saúde e educação.

A empregabilidade feminina é importante para o empoderamento das mulheres e a promoção da igualdade de gênero. Ao garantir que as mulheres tenham acesso a oportunidades econômicas iguais, podemos desafiar normas de gênero prejudiciais para uma sociedade igualitária.

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História e evolução da mulher no mercado de trabalho

A história e evolução da mulher no mercado de trabalho, ao longo dos anos, reflete uma jornada de lutas, conquistas e desafios contínuos. Iniciada em meados do século XVIII, a Revolução Industrial marcou um ponto de virada significativo, introduzindo as mulheres em massa no mercado de trabalho, embora em condições muitas vezes precárias e por salários significativamente inferiores aos dos homens.

Esse período foi caracterizado por uma transformação profunda nos modos de produção, que levou muitas mulheres a trocar o trabalho doméstico ou artesanal pelo trabalho nas fábricas. Ao longo dos séculos XIX e XX, movimentos sociais e feministas ganharam força, desafiando as normas de gênero e lutando por direitos trabalhistas igualitários, incluindo salários justos, condições de trabalho seguras e o direito ao voto. A participação feminina no mercado de trabalho continuou a evoluir, especialmente após as duas Guerras Mundiais, quando a necessidade de mão de obra feminina se tornou incontornável.

Mulher em um contexto trabalhista de automação como exemplo da presença das mulheres no mercado de trabalho.
Com a automação da sociedade, a mulher passou a ocupar novas e imprevistas posições no mercado de trabalho.

No século XXI, apesar dos avanços significativos, as mulheres ainda enfrentam desafios persistentes, como a desigualdade salarial, sub-representação em cargos de liderança e a difícil conciliação entre a vida profissional e as responsabilidades domésticas e de cuidado.

Professora da Universidade de Harvard, Claudia Goldin foi a primeira mulher a receber sozinha o Nobel de Economia. Ela foi agraciada com o prêmio em 2023 por suas contribuições significativas ao entendimento da evolução da participação feminina no mercado de trabalho ao longo da história.

Abrangendo mais de 200 anos de dados nos Estados Unidos, a pesquisa de Goldin destaca a evolução da participação das mulheres no trabalho e os fatores que influenciaram essa trajetória. Ela empregou métodos inovadores na área da história econômica para demonstrar que certos fatores influenciaram historicamente a oferta e a procura de trabalho feminino.

Uma das descobertas mais notáveis de Goldin é a curva em forma de U que descreve a participação feminina no mercado de trabalho. Inicialmente, com a transição de uma sociedade agrária para uma industrial, a participação das mulheres casadas no mercado de trabalho diminuiu. No entanto, essa tendência se inverteu com o crescimento do setor de serviços no início do século XX, levando a um aumento na participação feminina. Goldin atribui esse padrão a mudanças estruturais e à evolução das normas sociais.

Outra contribuição significativa de Goldin foi destacar o papel da pílula anticoncepcional na abertura de novas possibilidades de carreira para as mulheres, impulsionando sua participação no mercado de trabalho. A capacidade de controlar a reprodução permitiu que as mulheres planejassem melhor suas carreiras e educação, contribuindo para uma maior igualdade de gênero no trabalho.

Portanto, a evolução da mulher no mercado de trabalho depende de políticas públicas que facilitem a constituição de uma família; decisões relativas à educação e criação dos filhos, como creches e escolas em tempo integral; inovações na tecnologia, nas leis e nas normas; e a transformação estrutural da economia.

Acesse também: Presença das mulheres na política

Impactos da mulher no mercado de trabalho

Os impactos da mulher no mercado de trabalho têm resultados econômicos substanciais, contribuindo significativamente para o crescimento do PIB e para a redução das disparidades salariais entre gêneros. Estudos da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e do Fundo Monetário Internacional (FMI) apontam que políticas públicas voltadas para a inclusão feminina no mercado de trabalho podem gerar efeitos positivos consideráveis na economia, como o aumento dos rendimentos das mulheres, que, por sua vez, estimula a demanda por serviços e sustenta o crescimento e o emprego.

Desafios da mulher no mercado de trabalho

Os desafios da mulher no mercado de trabalho, atualmente, são significativos. As taxas de desemprego são mais elevadas entre as mulheres, os salários são mais baixos que dos homens e o emprego feminino é altamente concentrado em determinados setores e ocupações. A desigualdade salarial, por exemplo, é um dos desafios mais persistentes da mulher no mercado de trabalho.

As mulheres brasileiras recebem, em média, 20% a menos que os homens, mesmo quando possuem ensino superior e exercem a mesma função. Esse cenário é ainda mais grave para as mulheres negras, que recebem cerca de 44,4% da renda média dos homens brancos. Além de ganhar menos, a mulher é significativamente menos representada em cargos de liderança, evidenciando uma barreira significativa à ascensão profissional das mulheres.

A mulher também é penalizada excessivamente pela situação doméstica. Aproximadamente 30% das mulheres afirmam ter que deixar o emprego para cuidar dos filhos ou de pessoas idosas, mas entre os homens o número é três vezes menor. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua 2022, as mulheres dedicam, em média, 21,3 horas semanais aos afazeres domésticos e cuidados de pessoas, enquanto os homens utilizam 11,7 horas para as mesmas tarefas.

Esse desequilíbrio sobrecarrega as mulheres, especialmente nas tarefas associadas ao cuidar, limitando suas oportunidades de desenvolvimento profissional e participação igualitária no mercado de trabalho. O tema é tão relevante que se tornou tema da redação do Enem 2023: “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”.

A socióloga Heleieth Saffioti, uma das pioneiras nos estudos de gênero no Brasil, aborda a opressão feminina em diferentes estruturas sociais, incluindo o mercado de trabalho. Em suas análises sobre a mulher na sociedade capitalista, destaca a dupla jornada de trabalho e a desvalorização do trabalho feminino, tanto no âmbito produtivo quanto reprodutivo. Sua obra ressalta como o capitalismo se beneficia da opressão das mulheres, extraindo delas um valor de trabalho sub-remunerado e, muitas vezes, invisibilizado.

Mulher trabalhando de casa enquanto cuida do seu filho como exemplo de um dos desafios das mulheres no mercado de trabalho.
Em muitos lares, a mulher é sobrecarregada pela jornada tripla: trabalhar, cuidar da casa e cuidar dos filhos.

Existem muitos outros desafios, como a discriminação e o assédio no ambiente de trabalho, os altos custos com cuidados infantis, que dificultam a participação das mulheres, e a persistência de normas sociais que associam o cuidado das famílias predominantemente às mulheres. Para enfrentar esses desafios, é necessário implementar políticas públicas que promovam a igualdade de gênero, como o aumento da licença parental e a flexibilização no mercado de trabalho.

Desigualdade de gênero no mercado de trabalho

A desigualdade de gênero no mercado de trabalho manifesta-se quando a mulher é tratada de maneira desigual em relação ao homem em vários aspectos e se expressa tanto em termos salariais como também na ocupação de cargos de poder e liderança. Além da disparidade salarial (20,5% a menos do que os homens), a situação da mulher é agravada pela segregação ocupacional, com mulheres frequentemente concentradas em setores da economia que remuneram menos.

Mesmo diante de avanços no que diz respeito à igualdade entre os gêneros, as posições de chefia ainda são ocupadas em sua maioria por homens brancos em empresas privadas e organizações como sindicatos e associações de classe. Os estereótipos de gênero reforçam papéis diferenciados, destinando ao homem as atividades do espaço público e à mulher, as do espaço privado.  

Os estereótipos resultam no fato de que as mulheres representam apenas 37% dos postos de liderança nas empresas brasileiras, e esse índice cai para 10% em grandes corporações. As diferenças se acentuam quando investigamos a interseccionalidade da dimensão de gênero com classe, raça ou etnia, e orientação sexual. Frente a diversos tipos de preconceito e discriminação, as mulheres negras têm ainda menos acesso aos espaços de poder e decisão que as mulheres brancas, por exemplo.

Cabe ao Estado e aos governos atuarem na transformação das estruturas sociais que ainda reproduzem e reafirmam a desigualdade de gênero no mercado de trabalho. A elaboração de políticas para a mulher, que defendem a sua autonomia e igualdade, é o caminho para reduzir as taxas da desigualdade de gênero no país. Para saber mais detalhes sobre desigualdade de gênero e sobre seus impactos, clique aqui.

Mulher no mercado de trabalho do Brasil

A presença da mulher no mercado de trabalho do Brasil foi crescente a partir de 1930. Com o avanço dos processos de industrialização, o aumento da demanda por mão de obra abriu espaço para que a mulher trabalhasse na indústria e no setor de serviços e comércio. Sempre com salários inferiores aos dos homens.

A participação da mulher no mercado de trabalho brasileiro aumentou consideravelmente nas últimas décadas. De acordo com estimativas da Organização Internacional do Trabalho (OIT), em 1990 a participação feminina na força de trabalho foi de 47,60%, e em 2013 65,07% das mulheres entre 16 e 64 anos estavam ativas no mercado de trabalho. Cada vez mais, aquelas que encontraram emprego são as mais qualificadas, ou seja, que fazem uma faculdade e continuam a estudar enquanto trabalham.

Fontes

AFONSO, Ismália. Nem trabalha nem estuda? Desigualdade de gênero e raça na trajetória das jovens da periferia de Brasília. Appris, 2018.

ALVAREZ, S. Politizando as relações de gênero e engendrando a democracia. In: STEPAN, A. Democratizando o Brasil. Rio de Janeiro, Paz e Terra, p.315-380, 1988.

AVELAR, Lúcia. Mulheres na elite política brasileira: canais de acesso ao poder. Fundação Konrad Adenauer, São Paulo, 1996.

BLAY, E. A. Violência contra a mulher e políticas públicas. Estudos Avançados, São Paulo, v. 17, n. 49, p. 90-102, 2003.

JOHNSON, Allan G. Dicionário de sociologia. Rio de Janeiro: Zahar, 1997.

SAFFIOTI, Heleieth. Gênero, patriarcado e violência. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2015.

Escritor do artigo
Escrito por: Rafael Pereira da Silva Mendes Licenciado e bacharel em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Atuo como professor de Sociologia, Filosofia e História e redator de textos.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

MENDES, Rafael Pereira da Silva. "Mulheres no mercado de trabalho"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/a-mulher-mercado-trabalho.htm. Acesso em 28 de março de 2024.

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