PUBLICIDADE
Auto-hemoterapia é uma técnica que foi descrita pela primeira vez em 1910 e baseia-se na retirada do sangue de um paciente e sua posterior readministração nesse mesmo paciente. De acordo com o parecer nº 12 do Conselho Federal de Medicina (CFM), publicado no dia 16 de outubro de 2007, existem várias modalidades de auto-hematoterapia: a auto-hematoterapia propriamente dita, a auto-hematoterapia ocular (usada no tratamento de queimaduras oculares), tampão sanguíneo peridural (sangue retirado da veia e administrado no espaço peridural da coluna vertebral) e a auto-hematoterapia com sangue submetido à ação de certos reagentes, como radiação ou ozônio.
Leia também: Doação de sangue
A auto-hemoterapia que atualmente vem sendo discutida é aquela em que o sangue é retirado por via intravenosa e administrado por via intramuscular, a chamada auto-hemoterapia propriamente dita. É feita em seres humanos, geralmente, retirando-se sangue de uma veia localizada na dobra do cotovelo (cerca de 5 ml a 20 ml de sangue) e reaplicando esse sangue no músculo deltoide (músculo que recobre o ombro) ou glúteo (músculo da nádega) a cada sete dias. Esse sangue não recebe nenhum tratamento.
Apesar de ser uma técnica proposta há vários anos, ainda não há pesquisas relevantes que mostrem efeitos concretos a respeito dessa técnica. Diante disso, o Conselho Federal de Medicina (CFM) alerta para os perigos da realização do procedimento e proíbe a prática por médicos. Além do do CFM, também proíbem a realização da técnica a Associação Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), o Conselho Federal de Biomedicina (CFBM) e o Conselho Federal de Farmácia (CFF).
Tópicos deste artigo
- 1 - → Para que serve a auto-hemoterapia?
- 2 - → Benefícios da auto-hemoterapia
- 3 - → Riscos da auto-hemoterapia
- 4 - → Dr. Luiz Moura e a Auto-hemoterapia
- 5 - → Resumo
→ Para que serve a auto-hemoterapia?
A auto-hematoterapia, de acordo com seus adeptos, leva a um aumento dos macrófagos no organismo.
De acordo com os adeptos dessa técnica, a auto-hemoterapia estimula o sistema imunológico, aumentando a quantidade de macrófagos circulantes. Os macrófagos são glóbulos brancos que atuam na defesa do organismo por meio do englobamento e destruição de organismos invasores.
Vale salientar que não há trabalhos confiáveis que confirmam a eficiência dessa técnica. De acordo com o parecer nº12 do CFM, publicado no dia 16 de outubro de 2007, “a auto-hemoterapia não foi submetida a testes genuínos, não foi corroborada, e nada há, além de indícios, casos isolados narrados com dramaticidade, que pouco se prestam a provar coisa alguma perante a ciência e que ampare o seu valor, sendo o seu uso atual em seres humanos uma aventura irresponsável.”
Leia também: História da medicina
→ Benefícios da auto-hemoterapia
Segundo as pessoas que fazem uso da técnica, a auto-hemoterapia ajuda no tratamento de uma série de doenças, como doenças de pele, hipertensão, diabetes e esclerose múltipla. Existe uma lista com 41 doenças que podem ser tratadas com essa técnica. Alguns pesquisadores associam a ação da auto-hemoterapia com a de um placebo, em que não há propriedades farmacológicas que garantem a cura de um problema, entretanto, causa a melhora em razão da crença do paciente, o que leva a uma melhora no sistema imunológico. Vale destacar mais uma vez que não há registros científicos de que a técnica resulte na melhora de algum problema, sendo, inclusive, uma técnica proibida e condenada por muitas instituições.
→ Riscos da auto-hemoterapia
A auto-hematoterapia é um prática que vem ganhando cada vez mais adeptos e, por ser realizada sem a devida autorização e sem o conhecimento científico necessário, pode expor o paciente a diversos riscos. Médicos, enfermeiros, biomédicos e farmacêuticos são profissionais que não possuem autorização para a realização da prática por causa da proibição de seus respectivos Conselhos, portanto, normalmente, a auto-hematoterapia é realizada por pessoas sem capacitação e em locais com condições inadequadas. Diante disso, alguns riscos estão associados à técnica, tais como:
A aplicação do sangue de maneira incorreta na auto-hematoterapia pode gerar o surgimento de hematomas.
-
Reações alérgicas;
-
Surgimento de hematomas, abscessos (pequena elevação com pus) e infecções;
-
Transmissão de doenças por causa da manipulação de material biológico.
Por causa da falta de informação sobre o tema, não são conhecidos os benefícios e, tampouco, os riscos concretos da prática. Sendo assim, mais estudos devem ser realizados para esclarecer essas questões.
→ Dr. Luiz Moura e a Auto-hemoterapia
Dr. Luiz Moura é um médico bastante conhecido por defender a técnica da auto-hemoterapia, possuindo inclusive vídeos nos quais estimula a prática da técnica. De acordo com o médico, a auto-hemoterapia consiste na retirada do sangue da veia do braço e a reaplicação por via intramuscular. Essa técnica elevaria o número de macrófagos, passando de 5% a 22% em cerca de 8 horas e permanecendo desse modo por cinco dias. De acordo com o médico, a auto-hemoterapia possui bom resultado em doenças autoimunes, como lúpus eritematoso sistêmico e artrite reumatoide. O Dr. Luiz Moura faleceu aos 91 anos no ano de 2016.
→ Resumo
A auto-hematoterapia é uma técnica que se baseia na retirada do sangue de uma pessoa e na reaplicação desse sangue na mesma pessoa. A auto-hematoterapia propriamente dita é aquela em que o sangue é retirado de uma veia e administrado no músculo sem que esse sangue passe por nenhum tratamento. De acordo com alguns adeptos a essa prática, a auto-hematoterapia estimula a produção de células de defesa no organismo, sendo um bom tratamento para cerca de 41 doenças. Apesar de ser uma prática bastante conhecida e realizada, não há comprovação científica da sua eficácia, por isso, ela é condenada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), Conselho Federal de Biomedicina (CFBM), Conselho Federal de Farmácia (CFF) e Associação Brasileia de Hematologia e Hemoterapia.
Por Ma. Vanessa Sardinha dos Santos