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No ano de 2006 cientistas do Laboratório Nacional Lawrence Livermore, da Califórnia (EUA), e do Instituto Conjunto de Pesquisa Nuclear, de Dubna (Rússia), anunciaram a descoberta de um novo elemento químico. Este é, até a publicação deste artigo, o elemento mais pesado até então descoberto, tendo número atômico igual a 118.
Ele foi batizado com o nome de Ununócio, um nome provisório que deriva do seu número atômico, pois vem do latim “um, um, oito”. Seu símbolo, também provisório, é Uuo.
Distribuição eletrônica dos 118 elétrons do Ununócio em suas camadas eletrônicas*
Tais cientistas conseguiram essa façanha por meio do bombardeamento de átomos de califórnio (Cf) com íons de cálcio (Ca2+) .
- Histórico da descoberta de elementos em laboratório:
A partir do ano de 1934, as tentativas de se descobrir elementos químicos com número atômico maior que o do urânio (92) se intensificaram nos laboratórios. Os primeiros desses elementos, denominados de elementos transurânicos, foram descobertos em 1940. O elemento de número atômico 93 (netúnio) foi descoberto por E. M. McMillan e P. H. Abelson, e o elemento de número atômico 94 (plutônio), por G. Seaborg, E. M. McMillan, J. W. Kennedy e A. C. Wahl.
Daí em diante, cada vez mais elementos transurânicos foram descobertos, preenchendo os espaços vazios da Tabela Periódica.
Todos esses elementos foram obtidos e descobertos em laboratório por meio do bombardeamento com partículas de núcleos atômicos estáveis, de elementos que não são naturalmente radioativos. Assim, eles sofrem transmutação e se transformam em outros elementos. Usando-se um acelerador, são gerados feixes de alta energia de íons, que são lançados contra alvos, na tentativa de que ocorra fusão nuclear. A probabilidade de isso acontecer é baixíssima, porém, alguns casos ocorrem.
Abaixo temos os nomes atualizados de alguns elementos que foram sintetizados em laboratório dessa forma:
Observe que a maioria dos seus nomes é em homenagem a cientistas (Dmitri Ivanovich Mendeleiev, Alfred B. Nobel, Ernest O. Lawrence, Ernest Rutherford, Glenn Seaborg, Niels Bohr e Lise Meitner). Os que vêm depois do Férmio (número atômico igual a 100 – nome em homenagem a Enrico Fermi) são chamados de elementos transférmicos.
Os elementos de números atômicos 110 (ununílio (Uun)) e 111 (ununúnio (Uuu)) foram descobertos em 1994, o elemento 112 (unúnbio (Uub)) foi descoberto em 1996. Os elementos 113 a 115 foram descobertos em 2004 e o último elemento, de número atômico 118, foi descoberto em 2006, o Ununócio.
O interessante é que todos esses elementos são muito instáveis, desintegrando-se rapidamente. Com o aumento do número atômico do elemento, os valores dos tempos de meia-vida diminuem, o que dificulta a caracterização desses elementos. No caso do Ununócio, por exemplo, os cientistas detectaram três átomos, com duração apenas de 0,9 milésimos de segundos, ao longo de meses de experimentos. O tempo é suficiente apenas para que os cientistas registrem o aparecimento da nova forma atômica.
* Autor da imagem: Pumbaa (original work by Greg Robson)
Por Jennifer Fogaça
Graduada em Química