Glúten é uma mistura de diferentes tipos de proteína comumente encontrada em farináceos obtidos a partir de alguns cereais, como trigo, cevada, centeio e aveia. Essa mistura apresenta como principais características:
O glúten pode ser encontrado em uma infinidade de alimentos industrializados, como:
As principais proteínas que podem formar o glúten são a gliadina, glutenina, avenina, secalina e hordeína. Todavia, a sua composição depende do cereal utilizado para a obtenção do farináceo:
A propriedade da elasticidade do glúten advém da glutenina, e a viscosidade é proporcionada pela gliadina. Abaixo vamos conhecer as principais características químicas dessas proteínas:
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Gliadina: apresenta fórmula molecular C29H47N7O9 e possui cadeia longa e linear (sem ramificações). Possui como principal característica a extensibilidade, que é bem evidente quando ela é misturada com a água.
Fórmula estrutural da Gliadina
Suas unidades moleculares unem-se por meio de ligações intramoleculares, como as forças de Van der Waals, formando glóbulos, como na imagem abaixo:
Representação esquemática de unidades de Gliadina
OBS.: A extensibilidade é visível quando manuseamos a massa do pão, por exemplo, e percebemos a sua coesividade ou viscosidade (material bem aderido entre si).
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Glutenina: é uma proteína que apresenta cadeia longa, ramificada e uma elevada massa molecular. A presença das ramificações favorece a elasticidade. As suas unidades moleculares unem-se por meio de ligações dissulfeto (entre átomos de enxofre).
Representação esquemática de molécula de Glutenina
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A formação do glúten só ocorre se misturarmos água com as proteínas dos cereais citados, submetendo-os a uma força mecânica. Com isso, são criadas ligações intermoleculares entre as unidades de Gliadina e Glutenina, como mostrado abaixo:
Representação esquemática da formação do glúten
A presença de glúten na farinha de trigo pode ser facilmente percebida durante a preparação de um pão, por exemplo. Quando levamos a massa de pão ao forno, ela está de um tamanho; mas, ao retirá-la depois de um tempo, o tamanho praticamente dobra. Isso acontece porque o glúten, por ser uma rede formada pela interação de diferentes moléculas proteicas, consegue aprisionar o gás carbônico produzido durante o cozimento, o que ocasiona o crescimento da massa.
Atualmente, uma discussão muito comum sobre o glúten é se a sua ingestão é prejudicial ou não à saúde. Na realidade, existem pessoas que possuem intolerância ao glúten, podendo apresentar uma patologia denominada de doença celíaca, uma inflamação crônica na mucosa intestinal que ocasiona os seguintes sintomas:
Para evitar esses transtornos, é necessária uma dieta com alimentos sem a presença do glúten, que podem ser:
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Cereais: arroz, milho, painço;
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Pseudocereais: quinoa, amaranto, trigo sarraceno;
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Farinhas e féculas: farinha de arroz, amido de milho, fubá, farinha de mandioca, fécula de batata, farinha de soja, polvilho, araruta, flocos de arroz e milho;
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Massas: feitas com as farinhas permitidas.
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Verduras, frutas e legumes: todos, crus ou cozidos;
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Laticínios: leite, manteiga, queijos e derivados;
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Gorduras: óleos e azeites;
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Carnes: bovina, suína, de frango, de peixes, ovos e frutos do mar;
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Grãos: feijão, lentilha, ervilha, grão de bico e soja;
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Sementes oleaginosas: nozes, amêndoas, amendoim, castanha do Brasil, castanha de caju, avelã, macadâmia, linhaça, gergelim, abóbora.
Por Me. Diogo Lopes Dias