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O que foram as invasões normandas?
As invasões normandas foram expedições organizadas por vikings na região onde ficava o Reino dos Francos, a partir do século IX. Os invasores vikings tinham como principal objetivo a obtenção, de maneira fácil, de grandes somas de riqueza. Essas incursões normandas na região povoada pelos francos perdeu força na transição do século IX para o século X.
As invasões normandas levaram ao estabelecimento de nórdicos em determinada região da Normandia (norte da França) a partir de 911. Essa região ocupada pelos normandos foi cedida a Rollo pelo rei dos Francos Ocidentais, Carlos III.
Quem eram os normandos?
Os normandos eram originários da Escandinávia, região ao Norte da Europa, ou seja, os normandos eram vikings. Os francos utilizavam o termo “nortmanni” para referirem-se aos vikings, que seriam os “homens do norte”. Os historiadores consideram que o elemento majoritário que compôs as invasões normandas era de vikings dinamarqueses. Isso não significa que as expedições contra os francos eram compostas apenas por dinamarqueses, mas que, em geral, eram formadas por esse povo.
Durante o período da Era Viking, os vikings dinamarqueses tiveram como foco principal das suas expedições duas regiões da Europa: o norte da região ocupada pelos francos (atualmente a França) e a região ocupada pelos saxões (atualmente a Inglaterra). Os vikings noruegueses direcionaram suas navegações aos territórios da Escócia, Irlanda e Ilhas Atlânticas, e os vikings suecos tiveram como foco de suas expedições o leste europeu.
Por Era Viking, os historiadores consideram o período que vai de 793, com o ataque nórdico contra o mosteiro de Lindisfarne, no norte da Inglaterra, até 1066, com a invasão e conquista da Inglaterra pelo normando Guilherme, o conquistador.
Como aconteciam e qual o principal objetivo das invasões normandas?
As invasões normandas tinham como objetivo principal a obtenção de grande quantidade de riquezas de maneira rápida e fácil a partir dos saques. As regiões francas foram vistas como ideais para realização de saques, pois suas vilas e cidades eram, em geral, pouco protegidas e, portanto, muito fáceis de serem saqueadas. O principal alvo dos normandos eram as abadias e mosteiros por causa da grande quantidade de itens em ouro e prata que armazenavam.
As expedições organizadas pelos normandos contavam com o elemento surpresa para saquear as aldeias francas. Essa estratégia era importante para surpreender os francos e impedi-los de organizar suas defesas ou solicitar reforços. Os normandos, em geral, escolhiam cuidadosamente os dias de realização dos ataques, preferindo, sobretudo, os domingos e feriados e precisamente no horário em que eram realizados os cultos religiosos.
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O principal meio de transporte utilizado pelos normandos era o navio. Seus ataques, no começo do século IX, concentravam-se nas regiões litorâneas da Frísia (Holanda e Bélgica) e Normandia (França). No entanto, à medida que essas regiões empobreciam com os sucessivos saques, os normandos passaram a adentrar nos rios e atacar regiões interioranas.
Com a exploração dos rios do interior do Reino dos Francos, os normandos passaram a atacar as regiões ribeirinhas e, conforme conheciam melhor a região, começaram a utilizar-se do cavalo e investir contra regiões mais distantes dos rios, instalando, para isso, acampamentos. Esses acampamentos permitiram aos normandos aumentar o seu raio de ação, mas também, como consequência, aumentou a possibilidade de serem emboscados.
Resistência dos francos
Os primeiros anos das invasões normandas encontraram praticamente nenhum tipo de resistência organizada que pudesse atrapalhar a ação dos normandos (e quando a encontraram foi uma resistência muito pequena e frágil). Essa ação foi muito facilitada pela postura da nobreza franca de não mobilizar e mandar seus exércitos para expulsar os invasores, mesmo quando solicitada pelo rei.
Assim, restavam aos francos duas escolhas: fugir dos normandos ou suborná-los. A população, sobretudo os religiosos (principal alvo dos normandos), fugia para salvar suas vidas e salvar o máximo de bens que pudesse carregar. O suborno era praticado pelos reis francos que, sem o auxílio dos nobres, via nele uma forma de fazer com que os invasores fossem embora.
Esse suborno chamava-se Danegeld (“tributo dinamarquês”), e o pagamento era realizado, geralmente, em ouro. Os invasores prometiam ir embora caso recebessem o pagamento, porém, tempos depois, quase sempre retornavam exigindo mais ouro dos francos. Os historiadores apontam que, durante o século IX, os francos deram cerca de 39 mil libras (18 mil quilos, aproximadamente) em ouro para os normandos, e essa quantidade, muito provavelmente, representa apenas um terço do total que foi cedido|1|.
Com o passar do tempo, os francos foram conseguindo organizar-se e formar resistências que dificultaram a ação dos normandos. Esse feito atribui-se, principalmente, à ação do rei Carlos, o Calvo, que promoveu a construção de muralhas e fossos de proteção, além de obras que aumentavam a segurança das cidades, como torres de vigilância.
As resistências desenvolvidas pelos francos foram fundamentais para garantir a defesa da cidade de Paris no cerco promovido pelos normandos em 885 e 886, por exemplo. Com o fortalecimento das defesas francas, as invasões normandas foram perdendo força a partir do século X.
|1| D’HAENENS, Albert. As Invasões Normandas: Uma catástrofe? São Paulo: Perspectiva, 1997, p. 45.
Por Daniel Neves
Graduado em História