PUBLICIDADE
Os vikings foram povos que habitaram a Escandinávia, ao norte da Europa, mas que, a partir da Era Viking (século VIII ao XI), expandiram-se para outras regiões da Europa, como Normandia, Bretanha e Islândia. Conhecidos por serem grandes guerreiros e espalharem terror pelas regiões que invadiam, os povos vikings também praticavam agricultura, comércio e possuíam uma religião característica.
Religião Nórdica
Não existe um termo específico utilizado pelos vikings que defina sua religião, portanto, emprega-se para caracterizar a religiosidade viking o termo paganismo, ou seja, práticas religiosas de um povo não cristianizado. A religião viking era marcada pelo politeísmo, ou seja, a crença em mais de um deus, e possuía influência em vários aspectos da vida humana.
A crença dos nórdicos nos deuses relacionava-se com o cotidiano desses povos, ou seja, os cultos concentravam-se em épocas específicas, como as festas que pediam aos deuses fertilidade do solo, funerais, homenagens aos antepassados etc. Além disso, o culto a um deus nórdico poderia surgir da necessidade de uma pessoa, que, almejando algo, prestava o culto a um deus como forma de alcançá-lo. Assim “fora das grandes celebrações dos solstícios, o Viking não era particularmente religioso, tampouco manejava um conjunto de concepções de tipo abstrato com respeito ao divino”. [1]
Por ser uma religião em que o culto aos deuses limitava-se aos festivais anuais e ao culto individual, não havia necessidade de uma classe específica de sacerdotes, assim, o culto aos deuses nos festivais era responsabilidade dos reis ou da classe de nobres (jarls). Os locais de culto poderiam ser bosques ou também templos construídos para esse fim. Por fim, a religião viking utilizava-se da magia para diversos fins, como para curar doenças, buscar proteção dos deuses ou até mesmo para prejudicar alguma pessoa.
Mitologia
Selo norueguês em homenagem ao aniversário de 700 anos da morte de Snorri Sturluson **
Apesar das tradições religiosas nórdicas terem sido transmitidas principalmente pela oralidade, existem alguns relatos que organizaram parte da crença religiosa dos nórdicos, sendo os principais conhecidos como Edda em Prosa e Edda Poética. A Edda em Prosa, que é também conhecida como Edda Maior, foi escrita por Snorri Sturluson, um poeta islandês que organizou parte do conhecimento mítico dos nórdicos nesse livro em um capítulo específico chamado de Gylfaginning (o logro de Gylfi).
A mitologia nórdica traz várias histórias dos deuses em batalhas e festas, mas também retrata a criação e destruição do mundo. Segue o relato da criação do mundo de acordo com a mitologia nórdica:
“Segundo a mitologia nórdica, no início dos tempos, existia um abismo chamado Ginnungagap. Próximo dele, estendiam-se duas regiões: uma gelada e nebulosa, com o nome de Niflheimr, e outra clara e resplandecente, denominada Múspell. Quando o gelo de Niflheimr caiu no abismo e derreteu, formou um gigante, Ymir, e uma vaca, Audumla, que lambeu o gelo salgado. Conforme lambia, surgiam seres antropomórficos: os deuses Odin, Vili e Ve, que mataram o gigante Ymir. A partir deste cadáver, o trio de deuses formou toda a estrutura do universo conhecido, desde a abóbada do cosmos até os homens”[2].
Por fim, dentro da mitologia nórdica, existiam vários deuses, como Odin, Thor, Balder, Týr, Heimdall, Freyja, Njord e Loki. Destacaram-se Odin, cultuado principalmente pela classe de nobres e pelos reis, e Thor, que era o mais conhecido dos deuses e seu culto era realizado principalmente pelos camponeses.
[1] LANGER, Johnni. Paganismo nórdico. In.: LANGER, Johnni (org.) Dicionário de mitologia nórdica: símbolos, mitos e ritos. São Paulo: Hidra, 2015, p. 358.
[2] LANGER, Johnni. Deuses, monstros e heróis: ensaios de mitologia e religião viking. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2009, p. 184.
*Créditos da imagem: Commons
** Créditos da imagem: Boris15 e Shutterstock
Por Daniel Neves
Graduado em História