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O que foi a Operação Barbarossa?
A Operação Barbarossa foi uma ação militar da Alemanha Nazista que organizou e realizou a invasão da União Soviética, a partir das 3h15 da manhã do dia 22 de junho de 1941. Essa operação mobilizou 3,6 milhões de soldados alemães, auxiliados por 3.600 tanques e 2.700 aviões|1|. A invasão da União Soviética tinha como objetivos principais a destruição do bolchevismo e a obtenção dos recursos da União Soviética.
Antecedentes
Com a escalada da tensão na Europa, esperava-se, com grande apreensão, que um conflito nesse continente passaria obrigatoriamente por um embate direto entre alemães e soviéticos. Isso porque, ao longo de sua carreira, Hitler havia manifestado abertamente a sua oposição contra o bolchevismo, inclusive em seu livro Mein Kampf (Minha Luta). A oposição ideológica do Nazismo ao bolchevismo levou a uma verdadeira doutrinação da população alemã, que passou a encarar o bolchevismo como parte de uma conspiração judaica e a enxergar os eslavos como “povos inferiores”.
Toda essa rivalidade existente fez com que o mundo inteiro fosse surpreendido com a assinatura de um acordo entre Alemanha e União Soviética em agosto de 1939. Esse acordo, conhecido como Pacto Germano-Soviético, instituiu a paz entre essas duas nações por um período de dez anos, mesmo se a guerra começasse na Europa.
Além disso, esse tratado firmou uma série de acordos comerciais entre os dois países e, em cláusulas secretas, estipulou que eles invadiriam e dividiriam entre si o território polonês (o acordo também dava autorização da Alemanha para a União Soviética invadir a Finlândia e os países bálticos).
Esse acordo, no entanto, era parte de uma importante estratégia das duas nações. No caso dos alemães, o acordo garantia acesso a importantes recursos para a economia de seu país e dava-lhes a possibilidade de concentrar-se no cenário de guerra ocidental (contra franceses e britânicos). Para os soviéticos, o acordo possibilitava uma preparação melhor de suas defesas para um futuro (e provável) ataque alemão.
Poucos dias depois da assinatura desse pacto, a Alemanha iniciou a invasão da Polônia (1º de setembro de 1939), evento que deu início à Segunda Guerra Mundial.
Estratégia e objetivos alemães
Primeiramente, os objetivos alemães com a invasão da União Soviética faziam parte da ideia do “espaço vital” (lebensraum), formada por Adolf Hitler. Essa ideia consistia na formação de um reino voltado à habitação do povo ariano (germânicos) e sua sobrevivência às custas da exploração e escravização do povo eslavo.
Essa ideia da escravização do povo eslavo afirmava, inclusive, que cerca de 30 milhões de pessoas deveriam morrer de fome para que os grãos produzidos pela União Soviética fossem deslocados para a sobrevivência do povo alemão. Enquanto isso, os eslavos receberiam o mínimo de alimentos possível, enquanto eram escravizados pelos alemães.
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Ideologicamente, a invasão da União Soviética visava à destituição do governo de Stalin e a destruição do bolchevismo soviético. O Partido Nazista, desde suas origens, havia lutado contra partidos e grupos comunistas e anarquistas da Alemanha e, com a guerra, Hitler colocou em prática seu projeto de extinguir com essa ideologia.
Militarmente falando, a estratégia da Operação Barbarossa consistia em conquistar a União Soviética o mais rápido possível (Hitler queria que a vitória viesse em até oito semanas). Isso porque as dimensões territoriais e a capacidade de mobilização de recursos e soldados da União Soviética eram gigantescos, e, com uma vitória rápida, seria evitada a drenagem dos recursos alemães.
A estratégia de Hitler foi pensada para a conquista de quatro alvos, a partir de três grupos do exército alemão:
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Ao norte, os alemães atacariam a cidade de Leningrado, que era um importante centro industrial soviético.
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Ao centro, os alemães arremeteriam contra a capital Moscou.
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Ao sul, os exércitos alemães deveriam concentrar-se contra Kiev e, depois, contra Stalingrado.
Os ataques visavam neutralizar a União Soviética, de maneira fulminante, ao destruir a capacidade industrial do país conquistando Leningrado, ao decapitar a estrutura de poder conquistando Moscou e garantir importantes recursos para o funcionamento da economia alemã com a obtenção da produção de grãos de Kiev e dos minérios e petróleo concentrados em Stalingrado.
União Soviética pouco antes da invasão
O ataque alemão pegou os soviéticos completamente despreparados, e isso contribuiu para a velocidade do avanço alemão durante as primeiras semanas. A culpa pelo despreparo do exército soviético foi atribuída ao líder do país, Josef Stalin, que, em sua paranoia, havia realizado expurgos no Exército Vermelho e executado estrategistas militares importantes, substituindo-os por estrategistas inexperientes.
Além disso, Stalin recusou-se veementemente a acreditar que os alemães estariam planejando atacar o território soviético. Os avisos sobre esse provável ataque vieram das mais diferentes partes, como de um embaixador alemão, de agentes soviéticos instalados em Berlim e Tóquio, da inteligência britânica, de um desertor alemão etc. Ao todo, foram mais de 80 avisos recebidos a respeito dessa ofensiva alemã, e todos foram taxados como “desinformação” pelo líder soviético|2|. Stalin chegou a mandar executar pessoas que lhe informaram sobre essa ação militar da Alemanha.
Pouco antes do ataque alemão, os postos de fronteira haviam recebido a informação do suposto ataque alemão apenas uma hora antes dos alemães chegarem. Além disso, haviam sido instaladas, de maneira emergencial, barreiras antiaéreas na capital Moscou. Ao todo, o exército soviético tinha mobilizado 2,5 milhões de soldados, além de 10 mil tanques e 8 mil aeronaves|3|.
|1| HASTINGS, Max. Inferno: o mundo em guerra 1939-1945. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2012, p. 157.
|2| BEEVOR, Anthony. A Segunda Guerra Mundial. Rio de Janeiro: Record, 2015, p. 216.
|3| HASTINGS, Max. Inferno: o mundo em guerra 1939-1945. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2012, p. 157.
Por Daniel Neves
Graduado em História