Em pronunciamento na tarde desta quarta-feira (7), o presidente do Peru, Pedro Castillo, afirmou que irá dissolver o congresso, de forma temporária, e disse que adotará um "governo de exceção para restabelecer o estado de direito e a democracia".
Castillo anunciou também que irá convocar novas eleições e decretou toque de recolher entre 22h e 4h partir de hoje (7). A mensagem do chefe de estado foi transmitida em rede nacional.
As crises políticas no Peru estão sendo recorrentes. Já são seis presidentes desde 2016.
O que é estado de exceção?
O estado de exceção é "quando determinadas circunstâncias ensejam na suspensão temporária da constituição, de todos os direitos do regime constitucional", afirma a cientista política Ludmila Rosa.
De acordo com Rosa, as modulações de efeitos e circunstâncias do estado de exceção podem ser diferentes em cada carta constitucional.
A ideia central deste processo é a suspensão da constituição em momentos de crise, diz a historiadora Yordanna Lara.
"O estado de exceção é uma ferramenta jurídica. Que também é uma grande contradição do capitalismo. E, historicamente, é uma ferramenta golpista. Se trata da suspensão do Estado de Direito através do direito. Geralmente esse recurso é usado no caso de “ameaça à ordem pública”, “à nação”. É estabelecido para que o Executivo possa agir com “presteza”, “prontidão”, “energicamente”.
Yordanna Lara - Historiadora e mestra em Antropologia Social
O tema se refere aos casos em que a legislação prevê que o cidadão não pode contar com as leis para se defender, completa Yordanna.
A circulação de pessoas (direito de ir e vir) pode ser restringida durante este processo.
Entre as ações tomadas no estado de exceção estão:
Leia também: o que é o estado democrático de direito
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Impeachment e prisão de Pedro Castillo
Na tarde desta quarta (7), o Congresso do Peru aprovou o impeachment do presidente Pedro Castillo. O político foi detido pela Política Federal peruana.
Foram 101 votos a favor, 6 contrários e 10 abstenções.
A vice-presidente Dina Boluarte irá assumir o cargo ainda hoje (7), de acordo com o presidente do Congresso, José Williams. Ela deve fazer um juramento às 15 horas (horário local, 17h em Brasília). Ela havia denunciado um "golpe de estado" após o pronunciamento de Castillo. O mandato deve ser concluído até julho de 2026.
A "incapacidade moral permanente", alegada pelos parlamentares opositores a Castillo, está prevista no artigo 113 da Constituição peruana como motivo legal de uma destituição.
Saiba mais: o que é um impeachment, origem e como acontece
Por Lucas Afonso
Jornalista
Crédito da imagem:
[1] Salma Bashir Motiwala | Shuttestock