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Dia da Mulher: especialistas refletem sobre a importância das mulheres na educação, cultura e cargos de liderança

Nesta sexta, 8 de março, comemora-se o Dia da Mulher. Entenda a importância das mulheres no campo da educação, cultura e cargos de liderança

Em 06/03/2024 18h31 , atualizado em 07/03/2024 10h14
Fotos das entrevistadas, texto Mulheres na educação, cultura e cargos de liderança
Dia Internacional da Mulher relembra lutas históricas pelos direitos das mulheres.
Ouça o texto abaixo!

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O Dia Internacional da Mulher é celebrado nesta sexta-feira, 8 de março. A data reforça o processo de luta dos direitos conquistados pelas mulheres, da valorização das mulheres na sociedade, como também enfatiza o combate às desigualdades de gênero.

O Brasil Escola conversou com diferentes profissionais que comentam, sob diversas perspectivas, a importância da presença e trabalho das mulheres no campo da educação, na cultura e nos cargos de liderança no ambiente corporativo.

Leia também: As origens do Dia Internacional da Mulher

Mulheres na educação

A educação é uma ferramenta importante para a compreensão das diferenças na comunidade escolar, pondera Clarissa Lima, doutoranda em educação e assessora pedagógica da Amplia.

A partir da educação é possível "quebrar paradigmas que contribuem para a reprodução de desigualdades". Ela lembra do pensamento da pesquisadora Vera Candau em que a mesma afirma que a igualdade não é uma oposição à diferença e sim à desigualdade, bem como a diferença é uma oposição à uniformização. Clarissa reforça a importância da presença das mulheres nos mais diversos e relevantes espaços sociais. 

Clarissa Lima é uma mulher negra
Clarissa Lima é doutoranda em educação e assessora pedagógica da Amplia. 
Crédito: Arquivo Pessoal. 

No caso da educação, para além da presença, é importante, conforme a pesquisadora, construir um currículo que privilegie a autoria feminina nas mais diversas áreas do conhecimento. Isso quer dizer, nas aulas, as e os professores utilizarem conteúdos e livros escritos por mulheres, das mais diversas disciplinas.

A professora de Geografia Rafaela Locali conta como faz para abordar assuntos relacionados à igualdade de gênero em suas aulas. A educadora contextualiza a temática levando em consideração a própria realidade do país. Neste caso, ela cita a transição demográfica, que envolve a redução da natalidade.

Ela pontua que a diminuição dos índices de natalidade ocorrem concomitantemente com o processo de aumento da inserção das mulheres no mercado de trabalho. A partir desse fato ela reflete sobre uma mudança social ocorrida no país.

Além disso, a urbanização e o êxodo rural contribuíram para que as mulheres vivenciassem a realidade urbana onde muitas trabalham fora de casa. 

Rafaela Locali é uma mulher branca e loira
Rafaela Locali é professora de Geografia do curso Anglo.
Crédito: Arquivo Pessoal.

A respeito da igualdade de gênero, Rafaela relata que leva para a sala de aula o caso da Islândia, país pioneiro na adoção da igualdade salarial entre homens e mulheres, e possui um dos melhores índices de desenvolvimento humano (IDH) no mundo. 

Discutir sobre igualdade de gênero não deve ser uma ação pontual levantada somente no Dia Internacional da Mulher, por exemplo, defende Talita Fagundes, gerente pedagógica da plataforma par. É fundamental que essa abordagem faça parte de uma postura das escolas e não de iniciativas pontuais.

Talita Fagunes é uma mulher branca
Talita Fagundes é gerente pedagógica da plataforma par.
Crédito: Arquivo Pessoal.

A respeito de pautas que abordam esta discussão, Talita lista algumas atividades e temas que podem ser desenvolvidos no ambiente escolar para contribuir na valorização da mulher na sociedade:

  • estudar sobre grandes autoras literárias mulheres;

  • ter acesso a mulheres cientistas e seus estudos;

  • livros que abordam a vida de mulheres que lutaram por uma determinada causa;

  • a relevância da atuação da mulher em casa;

  • famílias que são lideradas por mulheres;

  • empresas que são lideradas por mulheres;

  • porque há leis que consideram especificamente a defesa das mulheres.

Confira também: A importância da representatividade feminina

Mulheres na cultura

A arte-educadora Glória Maria dos Santos, da Fundação Maria Luisa e Oscar Americano, afirma que nos processos de retratar e valorizar a trajetória feminina em acervos de museus, é possível perceber diversos pontos de referência que ultrapassam a identificação superficial, mas permitir acessar um passado que é coletivo.

Glória  considera que a partir dos artefatos e produções em exposição o que se tem é uma revisão e ampliação da história que já foi escrita. O retrato das mulheres nesse lugar é importante, na perspectiva da arte-educadora para compreender as suas lutas e entender as lutas já conquistadas. Além disso, acessar as reivindicações do tempo presente, enfatiza. 

Glória Maria é uma mulher branca de cabelo cacheado
Glória Maria é arte-educadora da Fundação Maria Luisa e Oscar Americano.
Crédito: Arquivo Pessoal.

"Criamos pela presença um espaço de diálogo com outras existências. E a partir disso conseguimos ouvir demandas que não são impositivas, de como devemos nos vestir e agir, mas abrir possibilidades de demandas de respeito, de cuidado com o outro."

Glória Maria dos Santos

A profissional explica que o lugar da representação da mulher no universo cultural é percebido por dois aspectos, o da imagem (representada em obras, por exemplo) e o da gestão, em que se tem mulheres diretoras, curadoras, artistas, produtoras. 

Quando há mulheres produzindo conteúdos artísticos e culturais, possibilita-se outras leituras possíveis. Glória cita o caso do trabalho de Grada Kilomba à frente de curadoria da Bienal de São Paulo.

Veja: Os desafios das mulheres na sociedade - quando a proporção não garante igualdade

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O papel da literatura para as mulheres 

A literatura pode contribuir para a construção de identidade de meninas e mulheres de diversas maneiras, segundo Laura Vecchioli do Prado, coordenadora editorial de literatura e informativos da SOMOS Educação.

A representatividade feminina, tanto de autoras, ilustradoras e tradutoras, contribui para desafiar os estereótipos de gênero e a promover uma visão mais equitativa e diversificada do que significa ser mulher.

Segundo Laura Vecchioli, com a literatura, as meninas e mulheres têm a oportunidade de explorar diferentes aspectos de suas identidades e experiências. Isso pode ajudar a fortalecer o autoconhecimento e o senso de autoestima, como também de autoconfiança.

Laura Vecchioli do Prado é uma mulher branca
Laura Vecchioli do Praso é coordenadora editorial de literatura e informnativos da SOMOS Educação.
Crédito: Arquivo Pessoal.

Além disso, os livros e suas narrativas se tornam uma ferramenta educacional ao ensinar às meninas as histórias de outras mulheres, seus desafios e contribuições que fizeram e fazem para a sociedade.

Para Vecchiolli, as histórias de mulheres acessadas por meio da literatura inspiram outras a viveram suas vidas de forma mais autêntica e a buscar seus próprios propósitos.

Para além desse fato, os livros auxiliam no senso de comunidade e pertencimento entre meninas e mulheres que viveram e vivem as mesmas realidades.

Mulheres em cargos de liderança 

Mulheres ainda ocupam poucos cargos de liderança proporcionalmente aos homens. A presença delas nestes lugares é importante em muitos aspectos, sendo eles sociais, econômicos e organizacionais, afirma Lara Crivelaro, CEO e fundadora da Efígie Educacional.

Lara Crivelaro é uma mulher branca e loira
Lara Crivelaro é CEO e fundadora da Efígie Educacional.
Crédito: Arquivo Pessoal.

Crivelaro acredita que a diversidade de gênero nas empresas é essencial para criar ambientes mais inclusivos e equitativos. "Mulheres trazem diferentes experiências de vida, pontos de vista e estilos de liderança para a mesa, o que pode enriquecer a tomada de decisão e fomentar a inovação", afirma.

Além disso, Lara cita estudos que apresentaram resultados em que uma maior diversidade de gênero em cargos de liderança aumentou o desempenho financeiro e operacional das corporações. Na opinião de Crivelaro, com a liderança feminina, a cultura da organização pode se tornar mais colaborativa, empática e focada no bem-estar dos colaboradores.

Entenda mais sobre desigualdade de gênero neste artigo.

Bate-papo sobre o Dia Internacional da Mulher

Veja, no vídeo abaixo, uma conversa com as professoras de História Nathália de Freitas e Ana Carolina Coelho sobre a importância do Dia Internacional da Mulher:

 

Por Lucas Afonso
Jornalista

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