Caso Larissa Manoela: saiba o que é educação financeira e sua importância para crianças e adolescentes
Caso Larissa Manoela: saiba o que é educação financeira e sua importância para crianças e adolescentes
Especialistas explicam o que é educação financeira, sua importância para crianças e adolescentes e dão dicas de atividades para esse público
Em 16/08/2023 18h28
, atualizado em 17/08/2023 13h18
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No último domingo (13), a entrevista exibida em TV aberta com a atriz Larissa Manoela (22), expondo a situação do controle financeiro de seus pais, gerou muitos debates.
De acordo com a jovem, os pais controlavam as finanças de sua carreira. Todos os tipos de pagamentos que a atriz desejava fazer tinham de ser liberados pela mãe ou pelo pai. O que chama a atenção neste caso é a dimensão da renda de Larissa que se consagrou em várias novelas e filmes.
O assunto pode ser relacionado ao que se chama de educação financeira. Esse tema pode ser aplicado especificamente a crianças e adolescentes.
Segundo Natália Alonso, gestora de projetos da BEĨ Educação, a educação financeira é um "processo que envolve a aquisição de conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias para tomar decisões financeiras conscientes, informadas e responsáveis."
A educação financeira é uma ferramenta que envolve elementos de finanças e contribui para a gestão do dinheiro em diferentes realidades.
Conceitos como poupança, investimento, orçamento, consumo consciente, endividamento, planejamento financeiro e gestão de recursos são trabalhados nesse processo, elenca Natália.
O objetivo desse tipo de educação é capacitar as pessoas a lidarem com o dinheiro de maneira eficaz ao longo da vida.
Veja os benefícios da educação financeira listados pela especialista:
Planejar metas financeiras a curto e longo prazo;
Tomar decisões prudentes de consumo e investimento;
Construir uma base sólida para a estabilidade financeira futura.
Entre os aprendizados estão:
Criar orçamentos;
Controlar gastos;
Entender como os juros funcionam;
Conhecer os diferentes tipos de investimentos;
Avaliar riscos financeiros;
Conhecer os direitos do consumidor.
Aspectos que envolvem seguros e planejamento de aposentadoria também são abordados nas atividades da educação financeira.
É fundamental promover a educação financeira desde cedo, entre crianças e adolescentes, enfatiza Natália. Essa iniciativa possibilita a construção de "uma base sólida para hábitos financeiros saudáveis ao longo da vida, entendendo que todos precisaremos lidar com dinheiro em diferentes etapas e situações da vida", enfatiza a especialista.
São várias as possibilidades de atividades de educação financeira que podem ser aplicadas a crianças e adolescentes.
Atividades que permitem a comparação de preços durante as compras é uma estratégia que pode simplificar a compreensão da finalidade da educação financeira para esse público, pontua Natália.
Levar as crianças para as compras e estimular a comparação de preços ajuda a desenvolver a habilidade de identificar ofertas e a assimilar o valor relativo que os produtos possuem, explica.
A educação financeira compreende uma discussão importante quando o assunto é dinheiro, a questão do consumo e do consumismo.
"A diferença entre consumo e consumismo pode surgir a partir do que realmente é necessário e o que é supérfluo. Inclui-los em decisões financeiras familiares, como fazer compras ou planejar passeios, ajuda a compreender os custos envolvidos e a considerar alternativas antes de tomar decisões."
Natália Alonso
Quando há a oportunidade da criança receber uma mesada, é essencial que ela aprenda a gerir esse dinheiro. Dessa forma, a responsabilidade da decisão de como gastar, economizar ou investir é da criança, argumenta a especialista.
Jogos e simulações são ferramentas valiosas nesse processo, afirma Natália.
A especialista sugere jogos de tabuleiro, aplicativos ou simulações on-line. Esses recursos podem tornar a aprendizagem financeira mais interativa e divertida, explica.
A partir dessas vivências as crianças e adolescentes podem experimentar simulações de situações da realidade, tomando decisões e lidando com as consequências de suas escolhas.
Importância da educação financeira para crianças e adolescentes
A educação financeira consolida hábitos financeiros saudáveis ao longo da vida, segundo Natália Alonso.
Com ela, jovens podem se tornar mais autônomos, tendo capacidade em tomar decisões com seu dinheiro.
O endividamento precoce pode ser prevenido, a partir do planejamento financeiro, destaca.
"Em nível individual, crianças e adolescentes se tornam adultos mais responsáveis financeiramente, capazes de administrar seu dinheiro de forma eficaz, evitando dívidas excessivas e construindo uma base financeira sólida. Nas famílias, a educação financeira fortalece a estabilidade financeira, reduzindo conflitos relacionados ao dinheiro e promovendo relações saudáveis. Em uma escala mais ampla, a sociedade se beneficia de uma população financeiramente educada, contribuindo para a estabilidade econômica, redução da pobreza e uma cultura de consumo consciente."
Natália Alonso
O ensino "sobre educação financeira para crianças e adolescentes gera adultos conscientes e hábeis no gerenciamento de suas finanças", considera a especialista.
Implementar esse hábito e tipo de educação em casa, na família, pode contribuir em uma maior estabilidade financeira.
Essas condições permitem também melhores relacionamentos, reduz os conflitos relacionados ao dinheiro, possibilitando o alcance de objetivos financeiros comuns, pondera Alonso.
Para a sociedade, isso reflete em uma "maior estabilidade econômica, redução de indíces de pobreza, evitando o ciclo de endividamento crônico".
Dicas de educação financeira para crianças e adolescentes
Confira dicas de educação financeira para crianças e adolescentes, compartilhadas por Natália Alonso:
Crianças de 3 e 4 anos
Nessas idades, as perguntas são muito comuns e as crianças estão prontas para aprender sobre dinheiro. O toque, a investigação e a brincadeira fazem parte dos movimentos de exploração das crianças. Aproveite esse interesse natural para aplicar noções da educação financeira.
Crianças de 5 e 6 anos
Devido a compreensão melhor dos números e capacidade de concentração, é um momento ideal para iniciar conceitos de administração do dinheiro.
Mantendo a diversão como aspecto motivador, Natália sugere as seguintes atividades lúdicas para esse público:
Brincar de lojinha: criar um ambiente de "lojinha" em casa com brinquedos e objetos do dia a dia pode engajá-los e fazer com que tenham mais afinidade com o assunto. Podem ser utilizadas moedas ou cédulas fictícias, incentivando a criança "comprar" itens. Isso ajuda a familiarizá-las com a troca de dinheiro por bens e serviços.
Histórias e desenhos: as histórias podem introduzir conceitos, como algumas curtas sobre personagens que economizam para comprar algo que desejam.
Jogos de contagem: jogos matemáticos, que envolvem a contagem de objetos, como blocos ou bolas, ajudam a desenvolver familiaridade com números e quantidades.
Passeio de troco: durante um passeio, podemos pedir à criança para ajudar a contar o troco após uma compra. Isso reforça a noção de valor monetário.
Crianças de 7 e 8 anos
Nessa fase, elas tendem a discernir desejos e necessidades. O momento é educar sobre as prioridades e planejamento financeiro.
Crianças de 9 a 12 anos
Fase marcada pela busca da independência. É oportunidade para estimular elas a assumirem responsabilidade por seus gastos e escolhas de economia. O ensinamento pode ser focado no aprofundamento da administração do dinheiro.
Adolescentes
Nesse estágio, Natália explica que são três abordagens principais:
Oferecer responsabilidade financeira aos adolescentes;
Dar o exemplo através de suas próprias práticas financeiras;
Auxiliá-los na gestão de seu primeiro salário.
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Educação financeira na escola
A educação financeira pode ser trabalhada na escola nas diferentes fases e níveis de ensino, segundo Débora Hack, gerente de projetos e produtos educacionais da BEĨ Educação .
Educação Infantil
Na educação infantil, uma vez que as crianças ainda não possuem conhecimento para realizar operações matemáticas, as e os educadores podem realizar atividades específicas.
Dinâmicas com trocas de objetos ou conversas que façam os alunos refletirem sobre a compra de brinquedos novas, são sugestões dadas pela Débora.
Ensino fundamental
No ensino fundamental, é momento de iniciar as discussões sobre juros, parcelamento e pesquisa de preço. É nesse momento que alguns começam a ganhar mesada ou algum tipo de valor da família. Com isso, a escola pode "trazer questões técnicas, sempre junto à conscientização", explica Hack.
Ensino médio
Com o ensino médio, a educação financeira pode ser aprofundada entre os estudantes chegando à questão da economia circular e sustentabilidade.
"Para alunos desta faixa etária, é possível proporcionar um nível de profundidade muito maior sobre como o consumismo é prejudicial. É uma ótima oportunidade para trabalhar nos estudantes um olhar sistêmico que relacione a crise climática e a poluição à necessidade de mudar nossos hábitos de consumo"