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A Guerra Franco-Prussiana opôs as duas principais potências econômicas e militares da parte continental da Europa entre os anos 1870 e 1871, representando a derrocada do Império de Napoleão III e ascensão do Império Alemão de Guilherme I, arquitetado pelo chanceler Otto von Bismarck.
O conflito surgiu como resultado de uma manobra de Bismarck para que os franceses se colocassem contra o fortalecimento econômico e militar do Reino da Prússia, que vinha se verificando desde a década de 1850 e com as guerras levadas a cabo principalmente contra a Dinamarca e a Áustria. Nesses conflitos, a Prússia foi ganhando preponderância no cenário europeu, permitindo a realização dos planos de Bismarck e Guilherme I em unificar os diversos reinos germânicos que estavam fragmentados.
O motivo usado para a eclosão da Guerra Franco-Prussiana foi a disputa pela sucessão do trono espanhol, ocorrida após a Revolução Espanhola de 1868. Havia o interesse de Leopoldo Hohenzollern, primo de Guilherme I, em candidatar-se à vaga de soberano espanhol, com o apoio de Bismarck. Com a preocupação do avanço prussiano sobre o território espanhol, Napoleão III se opôs à ocupação do trono por Leopoldo, ameaçando uma guerra caso isso ocorresse.
A França conseguiu a retirada da candidatura de Leopoldo, mas Bismarck agiu habilmente para que Napoleão III declarasse guerra à Prússia. No episódio do “Despacho de Ems”, Bismarck adulterou uma carta de Guilherme I, que foi publicada na imprensa, em que o rei prussiano apresentava-se ofendendo um embaixador francês. Foi a deixa para que Napoleão III declarasse guerra à Prússia. Com o ataque francês, os prussianos puderam convencer os demais Estados germânicos a realizarem uma aliança militar contra os franceses, sob o comando da Prússia.
Com o conflito aberto, a Prússia pôde colocar em ação toda sua máquina militar. O forte desenvolvimento industrial e a obrigatoriedade do serviço militar nesse reino germânico criaram as condições para a superioridade sobre os franceses. Os armamentos e táticas utilizadas, bem como o estímulo ao sentimento nacionalista germânico, foram as características que levaram inúmeros historiadores a afirmarem que a Guerra Franco-Prussiana foi a primeira guerra moderna. Sob o comando do general Helmuth von Moltke, os prussianos infligiram sérias derrotas aos franceses, sendo as mais notórias as batalhas de Gravelotte e Sedan. Nesta última, em setembro de 1870, Napoleão III rendeu-se e foi capturado pelos prussianos.
A partir daí a vitória das tropas de Guilherme I sobre a França foi uma questão de tempo, apesar de existir uma resistência guerrilheira por parte dos franc tireurs. Com a queda de Napoleão III, formou-se um Governo de Defesa Nacional, mas que foi dominado após a chegada dos prussianos a Paris em janeiro de 1871. Em março do mesmo ano, foi assinado o Tratado de Frankfurt e formada a Terceira República Francesa, sob o comando de Adolphe Thiers. Nas negociações de paz, a França sofreu pesadas imposições, como a perda da Alsácia e Lorena, além do pagamento de uma alta indenização monetária. Essa derrota inflamou o sentimento nacionalista francês contra os alemães, constituindo um dos motivos que resultariam na eclosão da I Guerra Mundial.
Por outro lado, a capitulação de Thiers em relação às imposições alemãs fez com que a população de Paris se revoltasse contra o novo governo e constituísse a Comuna de Paris.
Com a vitória, Guilherme I e Bismarck puderam convencer os demais Estados germânicos a se unirem sob o comando da Prússia, formando o Império Alemão, também conhecido como Segundo Reich.
Por Tales Pinto
Graduado em História