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Celtas

Celtas habitaram diferentes regiões da Europa entre 600 a.C. e 600 d.C. e são entendidos pelos historiadores como povos que falavam idiomas de um mesmo tronco linguístico.

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Os celtas foram um conjunto de povos que existiu de 600 a.C. a 600 d.C. e que surgiu a partir da evolução cultural de populações que habitavam na Europa Central. Com o tempo, esses povos espalharam-se por todo o continente europeu e chegaram até a região da Ásia Menor, na atual Turquia. A primeira menção que se tem do termo celta foi feita por gregos no século VI a.C.

Os celtas tinham uma sociedade hierarquizada, e um dos grupos mais influentes eram os druidas, que assumiam funções jurídicas e religiosas nas tribos. Os celtas tinham religião com forte ligação com a natureza, acreditavam em elementos como a transmigração do corpo e realizavam sacrifícios de humanos e animais.

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De onde vieram os celtas?

Modelo que replica como eram as casas construídas pelos celtas.
Modelo que replica como eram as casas construídas pelos celtas.

Os celtas foram um povo que se desenvolveu na Europa Central, no primeiro milênio a.C., e que se espalhou por todo o continente, alcançando as ilhas britânicas e a Ásia Menor. Os principais especialistas de celtas falam que eles existiram entre 600 a.C. e 600 d.C.

Quando os estudamos, precisamos considerar que a designação “celta” é genérica, pois incorpora diferentes povos enxergados na Antiguidade como um só, e isso se deu pela proximidade cultural que havia entre eles. Atualmente, o idioma é o critério utilizado pelos historiadores para definição de quem é celta e quem não é. Os idiomas célticos pertenceram aos troncos gaélico e britônico.

Na região de origem dos celtas, houve uma grande evolução cultural, que, no longo prazo, permitiu o surgimento dos povos entendidos como celtas. O ponto de partida foi a Cultura dos Campos das Urnas, que, com o tempo, evoluiu para o surgimento da Cultura Hallstatt e, por fim, deu origem à Cultura La Tène. As duas primeiras são enxergadas como protoceltas, pois possuíam características célticas mas ainda não o eram totalmente. A La Tène, sim, já é considerada uma cultura propriamente celta.

Assim, as populações que habitavam a Europa Central deram origem aos celtas durante o processo de evolução cultural. No entanto, existem estudos que especulam que as populações celtas instalaram-se na Europa Central após terem migrado da Ásia Central durante o Neolítico.

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Por que são chamados de celtas?

Como já vimos, o termo celta é uma denominação genérica de diferentes povos que tinham uma cultura parecida e falavam idiomas dos mesmos troncos linguísticos. Esse termo foi estabelecido pelos gregos em algum momento entre 540 a.C. e 424 a.C. Os dois responsáveis de que se tem conhecimento de terem usado essa designação foram Hecateu de Mileto e Heródoto.

Eles se referiam aos celtas, em seu próprio idioma (o grego), como keltoi. Esse nome foi usado, no caso de Hecateu de Mileto, por exemplo, para referir-se a povos que habitavam a região próxima da Massília, uma colônia grega instalada no sul da França. Podemos perceber, então, que a nomeação grega partiu do princípio da “visão de fora”, o que significa que representa a imagem que os gregos tinham de diferentes povos com proximidade cultural e que habitavam fora das regiões litorâneas do mar Mediterrâneo.

Como os gregos desconheciam detalhes sobre esses povos, eles foram enxergados apenas como um só, nesse caso, os keltoi. Essa visão consolidou-se por meio dos romanos, povo que tinha muito contato com os celtas nas fronteiras ao norte de suas terras. Os romanos, por sua vez, chamavam-nos de celti, celtae ou galli.

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Em quais locais os celtas viveram?

Os celtas deixaram vestígios de sua presença em diferentes locais da Europa, incluindo o norte de Espanha e Portugal, na Península Ibérica.
Os celtas deixaram vestígios de sua presença em diferentes locais da Europa, incluindo o norte de Espanha e Portugal, na Península Ibérica.

Já vimos que os celtas surgiram na Europa Central e ganharam espaço em todo o continente europeu. Aqui não falamos de uma tribo apenas, mas de diversas tribos que partilhavam dessa cultura e de idiomas com a mesma origem.

Entre as regiões que os celtas instalaram-se estão a Península Ibérica (atual Portugal e Espanha); a Gália, região da atual França; as ilhas britânicas, onde hoje fica a Irlanda e o Reino Unido; a Trácia, no leste europeu (atual Bulgária); e a Ásia Menor, na atual Turquia. Todas elas receberam populações celtas pertencentes a diferentes tribos. Entre estas, podemos citar os ordovicos, que habitaram a região de País de Gales; os celtiberos, que habitaram ao norte de Portugal e Espanha; os helvécios, que habitaram o território da Suíça; os bitúriges, que habitaram na região da França; e os gálatas, que se instalaram na região da Turquia.

Os historiadores estudam os motivos dessa grande migração de celtas por toda a Europa e acreditam que ela se iniciou por volta do século IV a.C. Nesse período, os celtas que habitavam a Europa Central da Cultura La Tène começaram a migrar por conta da superpopulação nessa região bem como pela escassez de recursos. Essa medida tinha como objetivo encontrar melhores locais para sobreviver.

Além disso, as guerras travadas entre as próprias tribos celtas e com os romanos, nos séculos seguintes, foram um fator que provavelmente contribuiu para que essas migrações acontecessem. A presença romana foi, inclusive, o primeiro estágio para o fim dos celtas. A cristianização também contribuiu para isso em 600 d.C.

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Sociedade e religião

Os celtas organizavam-se socialmente em tribos chamadas por eles de tuatha. Elas se formavam pela união de famílias que tinham como traço o laço cultural. Esse laço aproximava as tribos entre si, mas não garantia uma coexistência pacífica. Além disso, a proximidade cultural não significava que elas eram idênticas em todos os aspectos, pois havia diferenças no idioma e na religião, por exemplo.

No que se refere à sociedade celta, existiram cinco grandes grupos: os druidas, os nobres e guerreiros, os homens livres, e os escravos. As tribos eram governadas por reis, eleitos entre nobres e guerreiros, duas classes que faziam parte da aristocracia celta. No entanto, o grupo mais poderoso dessa sociedade eram os druidas.

Os druidas assumiam diferentes funções na sociedade celta. Eles poderiam atuar no papel de acumuladores de conhecimento do povo, sobretudo porque a sabedoria celta era oral e, portanto, sua acumulação e transmissão era função deles; eles ainda poderiam elaborar e aplicar as leis locais e fazê-lo até mesmo contra os reis; e eram conhecidos por cumprirem funções religiosas, embora essa última função ainda esteja pouco esclarecida.

Sobre a oralidade dos celtas, os historiadores consideram-na como um dos principais fatores por grande parte dessa cultura ter sido perdida. Os celtas só começaram a relatar detalhes sobre si em escrita a partir da influência romana. Além disso, grande parte dos relatos que temos atualmente foi escrita por outros povos, como gregos, romanos e povos cristianizados.

Havia relação de patronato entre as classes sociais celtas, com os grupos mais pobres oferecendo seus serviços a pessoas influentes e poderosas. Isso permitia que nobres e grandes guerreiros garantissem influência pelo grande número de seguidores, além de conseguirem pessoas para trabalhar para eles. Em troca, ofereciam proteção e suporte econômico para os seus clientes.

Guerreiros celtas (ao fundo) iniciando um ataque contra tropas romanas. A ferocidade do guerreiro celta foi registrada por gregos e romanos.
Guerreiros celtas (ao fundo) iniciando um ataque contra tropas romanas. A ferocidade do guerreiro celta foi registrada por gregos e romanos.

Nobres e guerreiros eram, como citado, grupos que faziam parte da elite social dos celtas. Os guerreiros celtas tiveram sua fama transmitida por gregos e romanos, povos que, em diferentes momentos, travaram conflitos contra tribos celtas. Esses relatos contam da ferocidade dos guerreiros celtas e destacam suas características, como a destreza com cavalos.

Os homens livres eram homens comuns, de pouca condição financeira e que estavam, sobretudo, ligados ao trabalho agrícola. Por fim, os escravos formavam a base social celta e, geralmente, eram estrangeiros prisioneiros de guerra.

No quesito religioso, os celtas eram politeístas e tinham uma grande variedade de deuses. Esses povos tinham em sua religião crenças na vida após a morte e práticas funerárias que os levavam a enterrar diferentes objetos com a pessoa que havia morrido.

Os celtas acreditavam que a natureza era sagrada e tinham diversas práticas e crenças que reforçavam isso, sendo a de realizar seus rituais religiosos na natureza, ao ar livre, uma delas. Eles acreditavam na possibilidade transmigração do corpo humano, sobretudo para os corpos de pássaros e peixes.

Possuíam diversos rituais religiosos, como o Imbolc, o Beltane, o Lammas e o Samhain. Os celtas praticavam sacrifícios humanos e de animais, sendo que, no caso de sacrifícios humanos, poderiam haver práticas de necromancia a realização de previsões por meio de como o sangue jorrava do corpo humano ou da forma das suas entranhas.

 

Por Daniel Neves
Professor de História

Escritor do artigo
Escrito por: Daniel Neves Silva Formado em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e especialista em História e Narrativas Audiovisuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atua como professor de História desde 2010.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SILVA, Daniel Neves. "Celtas"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/celtas.htm. Acesso em 19 de março de 2024.

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