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Senzala era o nome dado aos alojamentos que encarceravam os escravizados no Brasil durante o período colonial. Não existiu um padrão para essas construções, sendo cada uma delas adaptada à realidade de cada engenho, mas grande parte delas era feita de taipa, isto é, de barro, com telhados de palha.
Haviam senzalas construídas como grandes galpões, enquanto outras eram divididas em pequenos cômodos e algumas eram projetadas como pequenos barracos. Poderiam abrigar dezenas ou centenas de escravos e foram mantidas em má conservação e condições precárias, o que possibilitava a proliferação de doenças.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre senzala
- 2 - O que eram as senzalas?
- 3 - Como eram feitas as senzalas?
- 4 - Como os escravos viviam nas senzalas?
Resumo sobre senzala
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As senzalas eram os alojamentos que encarceravam os escravizados durante o período colonial.
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Eram construídas, em grande parte, de taipa e possuíam teto de palha.
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O termo senzala é oriundo da palavra sanzala, do idioma quimbundo.
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Podiam ser construídas de diversas maneiras, algumas eram galpões e outras tinham diversos cômodos.
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Os relatos apontam as más condições no interior desse locais.
O que eram as senzalas?
No Brasil colonial, senzala era o nome que se dava para os alojamentos que confinavam os escravos, principalmente nos engenhos. As senzalas eram alojamentos que abrigavam escravizados indígenas e africanos, mas o fortalecimento do tráfico negreiro, a partir do século XVII, fez com que essas construções fossem associadas, sobretudo, com os africanos escravizados.
O termo senzala é originário do quimbundo, idioma africano, significando “residência de serviçais em propriedades agrícolas” ou “morada separada da casa principal”. O termo se originou com base nas sanzalas, habitações coletivas que existiram em algumas partes do continente africano.
Claramente, existe uma distinção entre senzala e sanzala, sendo que a primeira era um alojamento no qual os africanos escravizados eram encarcerados. A sanzala, por sua vez, era uma moradia coletiva, na qual aquele que residia conservava o que era impossível na escravidão: sua liberdade.
Como eram feitas as senzalas?
Em geral, havia diferentes maneiras como uma senzala poderia ser organizada. Cada senzala poderia abrigar dezenas de pessoas, e havia também as que abrigavam centenas delas. Algumas se resumiam a um grande galpão com uma separação apenas para homens e mulheres, enquanto outras tinham divisões internas que permitiam que escravizados casados pudessem ter o seu próprio espaço, por exemplo.
Muitos historiadores apontam para o fato de que as senzalas, em geral, eram feitas de taipa. Algumas tinham um grande corredor separando galpões, em outras poderiam haver diferentes cômodos; algumas tinham janelas, outras não, possuindo apenas uma abertura entre o teto e a parede que permitia a circulação de ar.
O teto de algumas senzalas era feito de palha, mas há relatos de que alguns desses locais eram cobertos por telhas. Algumas senzalas eram organizadas em diversos barracos pequenos, que abrigavam um número reduzido de moradores. Sendo assim, podemos perceber que não existia um padrão para construir uma senzala e suas características seguiam os desejos do senhor de engenho.
A maior parte das senzalas ficava a uma distância afastada da casa grande, o que garantia maior segurança ao senhor de engenho em caso de revoltas de escravizados. Outro detalhe importante é que, muitas vezes, os escravos domésticos eram alojados em senzalas diferentes daqueles que trabalhavam nas lavouras.
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Como os escravos viviam nas senzalas?
Os trabalhadores escravizados permaneciam nas senzalas durante o período de descanso e, à noite, esses locais permaneciam trancados, sendo vigiados pelos feitores para que os moradores não fugissem. Alguns relatos apontam que os escravos eram presos pelos pés e mãos para evitar suas fugas.
Muitos historiadores apontam que os eles dormiam em cima de palhas colocadas no chão ou diretamente no chão. Havia horário específico para dormir e para acordar. A refeição era feita na senzala, sendo que a comida recebida era insuficiente para nutrir as necessidades de um ser humano. Por isso eles recebiam autorização para trabalhar na própria plantação nos domingos a fim de obterem uma alimentação extra.
Novos estudos conduzidos pelos historiadores sugerem que havia uma vida muito mais agitada no interior das senzalas do que se esperava de um alojamento e cárcere. A arqueologia tem encontrado vestígios que apontam para um convívio intenso nesses locais e confirmam que o estado de conservação neles era precário. Em outras palavras, a senzala não era apenas onde os escravizados dormiam, havendo outras atividades nela.
Em geral, as senzalas eram retratadas como locais que acumulavam todo o tipo de sujeira, não havendo móveis, e, em alguns casos, eram cheias de palha. Além da quantidade de sujeira desses locais, alguns relatos destacam o mau cheiro porque algumas senzalas possuíam uma latrina em seu interior.
Muitos contam que a ausência de janelas fazia das senzalas locais escuros e com pouca circulação de ar, principalmente as que lotavam. Os relatos também contam sobre a disseminação de doenças nesses locais, em especial a cólera. Podemos perceber, portanto, que não havia interesse dos senhores de engenho em manter uma boa conservação da senzala, muito menos em manter um cuidado com a saúde dos escravizados.
Na frente de muitas senzalas, havia um pelourinho, um tronco de pedra ou de madeira usado para promover castigos físicos em pessoas escravizadas. Ficava estrategicamente na frente das senzalas para lembrá-las das punições em caso de má conduta.
Créditos das imagens
[1] Sintegrity/ Wikimedia Commons
[2] Jean-Baptiste Debret/ Wikimedia Commons
Por Daniel Neves
Professor de História