PUBLICIDADE
Durante o Regime Militar no Brasil, sobretudo a partir de 13 de dezembro de 1968, quando foi decretado o AI-5 (Ato institucional número 5), que restringia explicitamente os direitos fundamentais dos cidadãos, a rivalidade entre a esquerda revolucionária e as ações militares assumiu uma tensão de grande vulto. Muitas facções de esquerda, como a VPR, a ALN e o MR-8, lançaram-se à guerrilha, urbana ou rural, e a ações armadas de variados matizes, que incluíam sequestros, roubo de armas e assaltos a bancos. Os militares, por sua vez, montaram um esquema de repressão que ia desde serviços de inteligência até o uso de torturas para obter informações sobre as lideranças dessas facções.
Em grande parte, o estopim para essa guerra entre revolucionários e militares foi o atentado a bomba ocorrido no Aeroporto de Guararapes, em Recife, Pernambuco, no dia 25 de julho de 1966. O atentado fez duas vítimas fatais, o jornalista Edson Régis de Carvalho e o almirante reformado Nelson Gomes Ferandes, deixando outras doze pessoas feridas. O alvo do atentado era o então presidente do Brasil, general Arthur da Costa e Silva, que era aguardado em Recife para um evento da Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste – SUDENE.
Uma mala com uma bomba-relógio foi posta no saguão do aeroporto, instantes antes de o presidente aportar. O guarda-civil Sebastião Thomaz de Arquino viu o objeto abandonado no local e decidiu conduzir a mala para outro lugar, onde o suposto dono pudesse reavê-la. A bomba, então, detonou, ferindo gravemente Aquino, matando duas pessoas e deixando sequelas em outras.
O acusado de ter plantado a bomba no aeroporto foi o militante da Ação Popular (AP) Raimundo Gonçalves Figueiredo. A acusação pautou-se em informações de alguns ex-membros da AP e de historiadores, como Jocob Gorender. Outros nomes que são apontados no envolvimento do atentado são os de Alípio de Freitas, que teria sido o mentor, Edinaldo Miranda e Ricardo Zarattini. Esses dois últimos foram apontados como inocentes pela Comissão Estadual da Memória e da Verdade Dom Helder Câmara, em 2013.
Por Me. Cláudio Fernandes