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Utilizar a regra geral da Concordância Nominal não é um problema para a maioria, provavelmente porque a gramática internalizada “grita” ao ouvir expressões como: “As menina” ou “Nossas casa”. Isso, muitas vezes, não acontece intencionalmente, já que se for questionado o porquê de não estar adequado, alguns não saberão responder do ponto de vista gramatical, mas sabem afirmar que a construção ficou feia ou que parece que não combinou muito. Analise os exemplos abaixo:
As construções a seguir são comuns em nosso dia a dia, entretanto, algumas são consideradas transgressões pela gramática normativa. Acompanhe:
- O que aconteceu, Joana? Parece que você está meia nervosa!
- Tomei meia garrafa de suco de abacaxi com hortelã.
- A porta está meia aberta.
- Chupar meia laranja tudo bem, mas meio limão!? Como você consegue?
Das construções apresentadas acima, é provável que você já tenha ouvido todas, não é mesmo? E, quem sabe, até já tenha produzido enunciados assim. Entretanto, será que todos estão de acordo com a norma padrão? Acompanhe a explicação:
Na hora de fazer a concordância usando a palavra “meio”, é fundamental que se defina sua classe gramatical no contexto analisado, já que ela pode ser um adjetivo ou um advérbio. Após essa definição, é fundamental voltar ao conceito de classe gramatical variável e invariável. Vejamos:
Classe gramatical variável: É composta pelas palavras que admitem variação. No caso dos nomes (substantivo, adjetivo, numeral e pronome), eles admitem variação de gênero e número; já nos verbos, ocorrem variações de modo, tempo, número e pessoa.
Classe gramatical invariável: Como o próprio nome sugere, não admite variação. Compõem essa classe o advérbio, a preposição, a conjunção e a interjeição.
Por que é necessário voltar a esses conceitos para definir que enunciados estão adequados? Não é mais fácil dar a resposta e pronto? Calma! O conhecimento deve ser construído e há uma grande importância em relacionar os conteúdos. A língua portuguesa não é fragmentada e entender isso é fundamental para apreender as regras. Não se aprende conceito de substantivo, de adjetivo ou de advérbio simplesmente para saber o conceito, mas para aplicá-lo. Então, é preciso associar, analisar, selecionar e organizar todos os conteúdos, pois eles se inter-relacionam.
Aplicar o conceito de que o advérbio não se modifica faz com que os enunciados 1 e 3 não estejam de acordo com a sintaxe de concordância, não é verdade? Porque se a classificação de meio nos dois casos é de advérbio e este não varia, então, a forma adequada seria: “meio nervosa” e “meio aberta”. Quando meio é advérbio, ele acrescenta circunstância de intensidade ou de modo ao verbo, a outro advérbio ou a um adjetivo.
E nos enunciados 2 e 5, qual a classificação da palavra meio ? Muito bem, são adjetivos, logo, estão adequados, porque essa classe gramatical é variável, portanto, é comandada pelo substantivo que é quem indica seu gênero e número.
Caso você ainda tenha dificuldade para diferenciar a classe gramatical da palavra meio, preste atenção:
Meio, quando for advérbio, pode ser substituído por um pouco, enquanto meio, sendo adjetivo, transmite a ideia de metade. Vamos conferir?
A porta estava um pouco aberta e Joana estava um pouco nervosa. Nos outros exemplos, alguém bebeu a metade da garrafa e chupou a metade da laranja e do limão.
Fica a dica, mas lembre-se de que o melhor é aprender!
Por Mayra Pavan
Graduada em Letras