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É muito comum no português utilizarmos uma mesma palavra para designar coisas diferentes, como é o caso de braço (parte do corpo humano e parte de uma cadeira ou sofá) e manga (fruta ou composição de uma camiseta ou camisa). Há também casos de um mesmo objeto ter nomes diferentes em cada região, como é o caso da mandioca, ou macaxeira, ou aipim. Percebemos, dessa forma, a riqueza e dinamicidade da língua portuguesa.
Os substantivos coletivos são exemplos muito ricos de termos com mais de uma possibilidade de uso pelos falantes. Um exemplo surpreendente é que cambada, termo muito utilizado para fazer referência a um grupo de pessoas, amigos, malandros etc., é coletivo de caranguejo. Você já tinha imaginado isso?
Confira alguns outros exemplos de coletivos que utilizamos em contextos diferentes do original:
Colônia: “Eles foram para a colônia de férias.”
Conjunto de bactérias: colônia
Fato: “Este é um fato a ser considerado na investigação.”
Conjunto de cabras: fato
Vara: “Esta é a Vara da Família do município de Guaibim.”; “A filha apanhou de vara no meio da rua.”
Conjunto de porcos: vara
Colégio: “Amanhã eu começo no novo colégio.”
Conjunto de eleitores: colégio
Bandeira: “Não dê bandeira lá amanhã.”; “ A bandeira da China eu ainda não vi.”
Conjunto de garimpeiros: bandeira
Cordão: “O cordão não é suficiente para amarrar todas as roupas.”
Conjunto de formigas: cordão
Alguns teóricos denominam esse fenômeno linguístico da língua como Neologismo Semântico. Outros apenas consideram essas adaptações como criações lexicais. Independentemente de como essas variações de uso são categorizadas, o importante é nos atentarmos às possibilidades que cada palavra oferece.
Assim sendo, devemos sempre considerar o contexto de uso de cada vocábulo. É esse aspecto que determinará o significado da palavra em questão e possibilitará um melhor desempenho na habilidade de interpretação, expressão e, consequentemente, comunicação. Aproveitemos, então, a riqueza de nossa língua materna!
Por Mariana Pacheco
Graduada em Letras