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“Neologismo”
Beijo pouco, falo menos ainda
Mas, invento palavras
Que traduzem a ternura mais funda
E mais cotidiana
Inventei, por exemplo, o verbo teadorar
Intransitivo;
Teadoro, Teodora.
Manuel Bandeira
Enquanto falantes, não dispomos de tempo e nem priorizamos a importância de atentar-nos para o caráter dinâmico concernente à questão da linguagem. A língua caracteriza-se pela sua função social, interagindo, promovendo a troca de conhecimentos, facilitando o intercâmbio entre as diversas culturas, dentre outros fatores.
E ao nos referirmos a tal dinamismo, o mesmo está diretamente ligado às variações de registro, como é o da linguagem abreviada dos internautas, cujo emprego tornou-se cristalizado entre o vocabulário dos mesmos.
Outro exemplo são os neologismos, comumente utilizados no dia a dia, em textos jornalísticos, na música, na literatura e, sobretudo, na linguagem tecnológica. Trata-se da competência do falante em atribuir um novo conceito linguístico a um determinado elemento. De acordo com a perpetuação da referida ocorrência, este conceito passa a incorporar-se ao vocabulário de forma padronizada, vindo a compor um verbete normal, preconizado pelos dicionários.
Reportando-nos a alguns exemplos, cita-se a linguagem ligada à informática, tais como “deletar” (forma aportuguesada de delete), cuja significância refere-se ao ato de apagar, eliminar algo pertencente ao texto, e “logar” (forma aportuguesada de login ou logon), a qual denota uma configuração pessoal, como requisito primordial para se obter acesso à rede mundial de computadores.
Enfatizando o caso dos neologismos semânticos, os mesmos compõem um hábito bastante usual, cuja utilização pauta-se por atribuirmos outros conceitos a determinadas palavras, tendo em vista uma relação de significância, sem que para isso passem por nenhum processo de modificação formal. Vejamos alguns exemplos:
Sem pensar nas consequências, os moradores resolveram fazer um gato.
Concluímos, portanto, que, atribuiu-se um novo significado ao substantivo comum “gato”, aqui retratado pelo ato indevido de ligações elétricas clandestinas, sem a devida permissão oriunda do órgão competente.
Nossa! Que papelão foi aquele em não cumprimentar as pessoas!
Aqui temos um substantivo sendo atribuído a um novo significado, ou seja, à falta de cortesia concebida a uma determinada pessoa.
Por questões burocráticas, esta empresa optou por adotar um laranja como seu representante legal.
Novamente deparamos com um substantivo desviando-se de sua unidade significativa, ora representada pela conduta antiética proferida por alguém.
Por Vânia Duarte
Graduada em Letras
Equipe Brasil Escola