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Cruzeiro do Sul é uma constelação da Via Láctea que, em função do brilho intenso de suas estrelas, pode ser observada com facilidade no céu do Hemisfério Sul. Considerada a menor das constelações hoje existentes, o Cruzeiro do Sul (ou Crux) possui o formato de uma cruz formada por quatro estrelas principais. Ao lado dessa cruz estão uma nebulosa, chamada Saco de Carvão, e um aglomerado estelar, conhecido como Caixinha de Joias.
Pelo fato de o Cruzeiro do Sul estar sempre visível no céu dos países meridionais, ele se tornou um importante ponto de referência para os deslocamentos sobre a superfície terrestre. Além disso, essa constelação representa um símbolo cultural para diversos povos e nações, inclusive para o Brasil.
Leia também: O que são as estrelas cadentes?
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre o Cruzeiro do Sul
- 2 - Qual o significado do Cruzeiro do Sul?
- 3 - Características do Cruzeiro do Sul
- 4 - Importância do Cruzeiro do Sul
- 5 - Descoberta do Cruzeiro do Sul
- 6 - Estrelas que fazem parte do Cruzeiro do Sul
- 7 - Descoberta e história do Cruzeiro do Sul
Resumo sobre o Cruzeiro do Sul
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Cruzeiro do Sul é o nome de uma constelação presente no céu do Hemisfério Sul.
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É a menor das 88 constelações reconhecidas pela União Astronômica Internacional (IAU).
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Suas principais estrelas formam uma cruz.
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Próximo a ela estão a Nebulosa do Saco de Carvão e o aglomerado estelar conhecido como Caixinha de Joias.
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A estrela mais brilhante do Cruzeiro do Sul é conhecida como Estrela de Magalhães e aponta para o sul.
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O Cruzeiro do Sul é utilizado como referência para a localização do sul geográfico.
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É muito importante culturalmente para diversos países do Hemisfério Sul, inclusive para o Brasil.
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Está presente na bandeira nacional do Brasil, no hino nacional e nas bandeiras de estados e municípios brasileiros.
Qual o significado do Cruzeiro do Sul?
O Cruzeiro do Sul é uma das mais importantes constelações presentes no céu do Hemisfério Sul. Chamada também de Crux, a constelação Cruzeiro do Sul é identificada pelo padrão de estrelas (asterismo) que aparecem no formato de cruz, razão pela qual a constelação ganhou esse nome.
Por ser visível a olho nu e facilmente reconhecida, o Cruzeiro do Sul representa um ponto de referência para a navegação e deslocamento no espaço. Isso porque, além da visibilidade, a ponta inferior da cruz indica o sentido do Polo Sul, sendo assim um ponto fixo de referência.
Características do Cruzeiro do Sul
A constelação Cruzeiro do Sul (ou Crux) é considerada a menor dentre as 88 constelações reconhecidas pela União Astronômica Internacional (IAU, na sigla em inglês). Quatro ou cinco estrelas de brilho intenso dão origem ao asterismo em formato de cruz que é tão característico do Cruzeiro do Sul.
A constelação pode ser observada do Hemisfério Sul, a olho nu, durante todo o ano, tornando-se ainda mais nítida nas regiões de latitude superior a 35°. É possível observar o Cruzeiro do Sul nas áreas mais próximas da Linha do Equador no Hemisfério Norte. No entanto, esse feito somente é possível em alguns períodos do ano.
O Cruzeiro do Sul ocupa uma área de aproximadamente 68 graus quadrados (graus²) e se situa nas proximidades da constelação Centauro.
Do lado de “fora” da cruz, duas estrelas nos auxiliam a identificar o Cruzeiro do Sul nos céus e ambas fazem parte da constelação Centauro:
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Alfa Centauri: na realidade, é formada por um pequeno sistema de três estrelas. Trata-se do aglomerado mais próximo do planeta Terra, a uma distância de 4,3 anos-luz. É considerada a estrela mais brilhante da constelação a que pertence.
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Beta Centauri: segunda estrela mais brilhante da constelação Centauro, ela está situada a uma distância significativa da Alfa Centauri, apesar de as vermos lado a lado no céu. Fica a 361 anos-luz de distância do planeta Terra.
Além desas estrelas, a Nebulosa do Saco do Carvão pode ser também identificada próximo do Cruzeiro do Sul, aparecendo como uma mancha escura ao lado das estrelas brilhantes da constelação. Ela é visível a olho nu, sendo melhor percebida em céus limpos. Destaca-se ainda a presença da Caixinha de Joias, o aglomerado de aproximadamente 100 estrelas posicionado próximo da estrela Mimosa.
Importância do Cruzeiro do Sul
A constelação do Cruzeiro do Sul é importante para os habitantes do Hemisfério Sul porque se tornou um ponto de referência de fácil identificação nos céus. Durante muitos anos, antes da invenção do GPS e quando a bússola era o único instrumento de orientação disponível, os navegadores se orientavam pela posição do Cruzeiro do Sul para seguirem a sua viagem. Por meio dessa constelação, é possível saber onde fica o sul geográfico do planeta Terra.
O Cruzeiro do Sul tem grande importância cultural para os países situados abaixo da Linha do Equador, o que é demonstrado pela sua presença nas bandeiras nacionais, bandeiras de estados e municípios, hinos, mitos e lendas de diversos povos e músicas. O Cruzeiro do Sul aparece estampado na bandeira do Mercosul e também dos seguintes países: Brasil, Austrália, Nova Zelândia, Papua-Nova Guiné e Samoa.
Além disso, o Cruzeiro do Sul também é mencionado no Hino Nacional do Brasil, na quarta estrofe da parte I:
“[…]
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido
De amor e de esperança à terra desce
Se em teu formoso céu, risonho e límpido
A imagem do Cruzeiro resplandece.
[…]”
As estrelas do Cruzeiro do Sul aparecem nas bandeiras de estados e cidades brasileiras e na bandeira nacional. Na bandeira do Brasil, elas representam os seguintes estados: Bahia (Rubídea), São Paulo (Estrela de Magalhães), Minas Gerais (Pálida), Espírito Santo (Intrometida) e Rio de Janeiro (Mimosa).
Descoberta do Cruzeiro do Sul
Os povos originários da Austrália e da Nova Zelândia já identificavam a presença do Cruzeiro do Sul nos céus há milhares de anos, o que é reportado em muitos dos mitos e histórias que permanecem vivos na cultura desses territórios. O navegador e explorador italiano Andrea Corsali, no ano de 1515, foi o primeiro a descrever o Cruzeiro do Sul como uma constelação propriamente dita.
Veja também: Cinturão de Kuiper — um conjunto de asteroides situado um pouco além de Plutão e descoberto nos anos 90
Estrelas que fazem parte do Cruzeiro do Sul
O Cruzeiro do Sul é formado por cinco estrelas principais. Confira a seguir uma breve descrição de cada uma delas.
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Rubídea (Gacrux ou γ): presente no braço maior da cruz, formando seu ponto superior. Trata-se de uma gigante vermelha de coloração avermelhada, sendo a maior estrela do Cruzeiro do Sul e a mais próxima do Sol. Está a uma distância aproximada de 88,6 anos-luz.
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Estrela de Magalhães (Acrux ou α): localizada na ponta inferior da cruz, indicando o sul. Trata-se da estrela mais brilhante do Cruzeiro do Sul, sendo também aquela que apresenta a maior massa. Fica a uma distância de 320 anos-luz.
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Mimosa (Beta Crucis ou β): localizada em um dos pontos do braço menor da cruz, apontando comumente para o oeste. Corresponde a uma gigante azul de brilho intenso, a segunda mais brilhante do Cruzeiro do Sul.
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Pálida (Imai ou δ): forma o segundo ponto do braço menor da cruz, apontando para o leste. Recebe esse nome por ser a estrela menos brilhante do Cruzeiro do Sul, sendo ela uma estrela subgigante azul. Fica a uma distância de 345 anos-luz.
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Intrometida (Épsilon Crucis ou ε): assim chamada por não fazer parte da estrutura principal da cruz, a estrela Intrometida é uma gigante com brilho menor do que a estrela Pálida. Fica a uma distância de 230 anos-luz.
Descoberta e história do Cruzeiro do Sul
Muito antes de os exploradores europeus classificarem o Cruzeiro do Sul como uma constelação, a sua presença já era reconhecida por civilizações antigas de diversas partes do mundo.
Os Maori, povo originário da Nova Zelândia, reconheciam aquela formação como uma âncora há milhares de anos. Também na Oceania, povos pertencentes ao grupo étnico Wadaman, da Austrália, haviam identificado a estrela e nomeado a estrela Ginan, que conhecemos aqui como Intrometida. A IAU, milênios mais tarde, reconheceu a denominação Ginan como um dos nomes desse corpo celeste. Várias culturas sul-americanas do período pré-colombiano, como os incas, falavam sobre o Cruzeiro do Sul associando a Astronomia com suas crenças religiosas.
Foi a partir das Grandes Navegações que o Cruzeiro do Sul passou a ser considerado como um sistema de estrelas particular. As estrelas da Crux foram reproduzidas corretamente no ano de 1500 em uma carta do físico e astrônomo português João Faras enviada ao rei Manuel I de Portugal.
Realizador de expedições para a Ásia entre 1515 e 1516, o italiano Andrea Corsali descreveu o Cruzeiro do Sul como uma constelação em 1515. Desde então, vários cartógrafos celestes passaram a retratar essa que pode ser considerada uma das mais importantes constelações do Hemisfério Sul.
Crédito de imagem
[1] Naskies / Wikimedia Commons (reprodução)
Por Paloma Guitarrara
Professora de Geografia