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Francis Bacon

Criador de uma teoria empirista que criticava as bases do conhecimento comum, Bacon é tido como um dos fundadores dos pilares da ciência moderna.

Retrato de Francis Bacon.
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É impossível falar em conhecimento na modernidade sem citar Francis Bacon. Isso porque ele é tido como um dos fundamentadores das bases do conhecimento científico que surgiu no século XVI. Bacon se ocupou de mostrar as falhas de um pensamento extremamente metafísico que impedia o olhar para a imanência das coisas terrenas, o que travava o desenvolvimento científico. Ele também se ocupou de mostrar como a visão mais empirista (de tradição aristotélica) também poderia cair no entrave.

Leia também: Racionalismo – teoria epistemológica que se baseia no método indutivo

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Biografia de Francis Bacon

Francis Bacon nasceu no seio de uma família londrina bem posicionada socialmente, no dia 22 de janeiro de 1561. Seu pai, Sir Nicholas Bacon, foi um jurista e lorde inglês, tendo participado do cenário político de sua época. Bacon estudou em Cambridge e ingressou no Trinity College com apenas 12 anos de idade. Também foi membro da Gray’s Inn, uma das quatro irmandades pertencentes ao seleto grupo inglês The Fours Inn (uma espécie de irmandade que formava os advogados mais qualificados para atuarem na corte).

Em 1584 Bacon foi eleito para a Câmara dos Comuns da Inglaterra (instituição com poderes reduzidos na época por conta do absolutismo inglês, que crescia desde o início da dinastia Tudor), o que demonstra a influência do jovem pensador no meio político de sua época. Além disso, Bacon foi procurador-geral, fiscal, guarda do selo e chanceler da coroa britânica. Aos 58 anos de idade, foi nomeado Barão de Verulam e, aos 60 anos, Barão de Saint Alban.

Depois de uma acusação de corrupção, Bacon foi condenado a pagar uma multa e foi proibido de exercer cargos públicos, encerrando sua carreira para a coroa. Enquanto exercia os atributos de suas funções públicas, ele redigiu e publicou algumas obras que entraram para a história da compreensão da natureza, do conhecimento humano e das ciências. A mais importante obra foi publicada em 1620: o “Novum Organom” (que inicia a fase de maior êxito do compêndio Instauratio Magna). Bacon faleceu em 1626, vítima de pneumonia.

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Bacon e o empirismo

Francis Bacon foi um grande crítico das ideias aristotélicas que abriram caminho para o reconhecimento da importância de entender o mundo por meio da experiência prática. Vale lembrar que criticar não significa abandonar, pelo contrário, a crítica aqui é algo positivo. Para o filósofo inglês, Aristóteles estava certo ao reconhecer a primazia do empirismo, no entanto desenvolveu um método errado quando aplicado às ciências da natureza. O método aristotélico era suficiente para entender a lógica e a linguagem, mas insuficiente para o entendimento correto da natureza.

A modernidade foi marcada pela revolução científica, movida por nomes como Galileu Galilei e Isaac Newton. Precisamos, contudo, reconhecer a importância de Bacon nesse movimento. O filósofo inglês propôs uma crítica ao empirismo aristotélico a ponto de reorganizar as bases do conhecimento, propondo um método complexo. As considerações propostas por Bacon foram levadas em consideração por Galileu para a formulação de seu método científico.

Veja também: Escolástica – produção filosófica que ocorreu na Idade Média

Teoria de Bacon (teoria dos ídolos ou crítica dos ídolos)

Francis Bacon elaborou uma crítica do que ele chamou de “ídolos” do pensamento como ponto de partida para estabelecer seu método. Sua crítica dos ídolos (ou teoria dos ídolos) reconhece duas grandes áreas de atuação da Filosofia:

  • a concepção natural, que estuda as ciências naturais, a lógica e a metafísica;

  • a concepção antropológica, que trata de temas relacionados ao convívio humano, como a política e a ética.

Trinity College, instituição na qual Bacon se formou. [1]
Trinity College, instituição na qual Bacon se formou. [1]

O ser humano tem à sua disposição um conjunto de ferramentas intelectuais que o proporciona o domínio da natureza. Aliás, esse domínio da natureza é um tema comum na modernidade. A ideia central da crítica dos ídolos é a superação das antigas bases do conhecimento, assentadas no aristotelismo, por uma nova concepção que permita o maior desenvolvimento da ciência, a ponto de garantir o domínio humano sobre a natureza.

Em todo esse movimento, existem ídolos que dificultam o nosso caminho de chegar ao conhecimento mais completo e verdadeiro. Os quatro ídolos apontados por Bacon são apresentados a seguir.

  • Ídolos da tribo: fazem parte da tribo humana por pertencerem à nossa natureza. Há uma tendência humana de buscar a compreensão dos fenômenos à sua volta, aliás, é isso que movimenta a vontade de dominar a natureza. Para Bacon, há uma tendência de estabelecer vínculos causais por meio da observação do universo que nos leva à criação de uma falsa causalidade. Como exemplo, podemos citar o ato de nascer do Sol. O Sol aparece para nós todos os dias, movimento que chamamos de “nascer” do Sol. Criamos, então, um vínculo causal que diz que o Sol nascerá todos os dias.

  • Ídolos da caverna: temos uma individualidade que circunda todas as pessoas e que nos aprisiona: uma caverna, que é o nosso próprio corpo. Quando Bacon recorre à imagem da caverna, ele está fazendo referência à alegoria de Platão, que pensou o corpo e os seus sentidos como uma caverna que nos engana. Nós somos impelidos então por um ímpeto de confiar cegamente nos sentidos do corpo.

  • Ídolos do fórum: nós temos e nutrimos uma vida pública que faz parte da concepção de vida humana. Essa vida pública é regida pelas regras de uma espécie de jogo da linguagem, que, por sua vez, pode se colocar como um entrave para o verdadeiro conhecimento da natureza, pois tendemos a comprar os discursos oferecidos no fórum.

  • Ídolos do teatro: moral, costumes, tradição, religião e uma quantidade expressiva de elementos circundam as relações sociais da humanidade. Esse é o teatro humano, e o respeito incondicional a esse teatro se coloca como uma espécie de barreira para o verdadeiro conhecer.

Método indutivo

Tratamos até agora de mostrar como Bacon criticou a filosofia aristotélica e tentou sustentar novos pilares para o maior desenvolvimento da ciência na modernidade. O que Bacon criticava em Aristóteles era, sobretudo, a sua maneira de conhecer o mundo (que beira o empirismo e o método indutivo, mas corre de maneira mais solta e menos metódica).

Bacon propôs, para concluir sua tarefa com êxito, um novo método indutivo, que recorre ao conhecimento empírico e se utiliza da crítica aos ídolos, tendo nestes a percepção do que não se deve fazer. O método baconiano está assentado em quatro passos que acompanham o trabalho daquele que quer conhecer a natureza com maior certeza e veracidade:

a) observar o meio de maneira ordenada e coletar dados da experiência de observação;

b) organizar os resultados observados;

c) formular hipóteses a partir dos dados obtidos;

d) realizar experimentos que comprovem ou descartem as hipóteses.

Vejam que esse método está presente em grande parte do trabalho de pesquisa nas ciências naturais. Os cientistas buscam proceder por meio desse método para induzir uma resposta (daí o nome indutivo), pois ele parte de um recorte de observação (observa-se parte do todo) para formular uma teoria que se pretenda geral (que abarca o todo).

Obras de Francis Bacon

A obra mais significativa, substancial e complexa de Francis Bacon foi, na verdade, um projeto de conjunto de livros que ficou inacabado após a sua morte. Bacon visava publicar ainda mais livros de sua Instauratio Magna, uma espécie de compêndio de tratados filosóficos que visava substituir as bases do conhecimento tradicional por um novo conhecimento que permitisse o avanço.

O principal volume do conjunto da Instauratio foi o livro Novum Organon. O “Novo Organon” seria a substituição do “Organon” de Aristóteles (seu conjunto de obras sobre lógica). Reconhecer a necessidade de uma fratura do pensamento foi fundamental para compreender que a evolução do pensamento humano no mundo necessitava de um novo rumo para florescer a árvore do conhecimento e permitir que ela produzisse novos e bons frutos. Esse foi o trabalho da Instauratio e, sobretudo, do Novum Organon. Muitos escritos foram retirados do conjunto da Instauratio, como Da Interpretação da Natureza e, como foi dito, o projeto total da Instauratio não foi finalizado antes da morte do filósofo.

Frases de Francis Bacon

  • “Todas as cores concordam no escuro.”

  • “A leitura traz ao homem plenitude; o discurso, segurança; e a escrita, precisão.”

  • “Não há nada que faça um homem suspeitar tanto como o fato de saber pouco.”

  • “A consciência é a estrutura das virtudes.”

  • “Só se pode vencer a natureza obedecendo-lhe.”

Crédito da imagem

[1] Rafa Esteve / Commons

Escritor do artigo
Escrito por: Francisco Porfírio Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

PORFíRIO, Francisco. "Francis Bacon"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/o-pensamento-francis-bacon.htm. Acesso em 28 de março de 2024.

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