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Francis Bacon

Francis Bacon foi o criador de uma teoria empirista que criticava as bases do conhecimento comum. É tido como um dos fundadores dos pilares da ciência moderna.

Retrato de Francis Bacon
Francis Bacon foi um dos grandes pensadores modernos.[1]
Crédito da Imagem: Commons
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Francis Bacon foi um filósofo, cientista e político que é tido como um dos fundamentadores do conhecimento científico que surgiu no século XVI. Nascido em Londres, em 1561, Bacon teceu críticas ao empirismo aristotélico e desenvolveu seu método científico, influenciando diversos pensadores de sua época e a posteridade.

Leia também: René Descartes — as ideias do primeiro filósofo da vertente racionalista

Tópicos deste artigo

Resumo sobre Francis Bacon

  • Francis Bacon nasceu em Londres, Inglaterra, em 22 de janeiro de 1561. Morreu de pneumonia em 1626.
  • Bacon é autor de obras que entraram para a história das ciências, como “Novum Organom”.
  • Desenvolveu uma crítica ao empirismo aristotélico, e suas considerações foram levadas em conta por Galileu Galilei para a formulação do seu método científico.
  • Também elaborou o que se chama de "teoria dos ídolos", na qual ele defende que existem ídolos (ídolos da tribo, da caverna, do fórum e do teatro) que nos impedem de alcançar o conhecimento verdadeiro.
  • Bacon propôs também um novo método indutivo para aqueles que querem conhecer a natureza de modo mais efetivo, método que está presente em grande parte do trabalho de pesquisa nas ciências naturais atualmente.

Videoaula sobre Francis Bacon

Biografia de Francis Bacon

Francis Bacon nasceu no seio de uma família londrina bem posicionada socialmente, no dia 22 de janeiro de 1561. Seu pai, Sir Nicholas Bacon, foi um jurista e lorde inglês, tendo participado do cenário político de sua época. Bacon estudou em Cambridge e ingressou no Trinity College com apenas 12 anos de idade. Também foi membro da Gray’s Inn, uma das quatro irmandades pertencentes ao seleto grupo inglês The Fours Inn (uma espécie de irmandade que formava os advogados mais qualificados para atuarem na corte).

Trinity College, instituição na qual Bacon se formou. [2]
Trinity College, instituição na qual Bacon se formou. [2]

Em 1584 Bacon foi eleito para a Câmara dos Comuns da Inglaterra (instituição com poderes reduzidos na época por conta do absolutismo inglês, que crescia desde o início da dinastia Tudor), o que demonstra a influência do jovem pensador no meio político de sua época. Além disso, Bacon foi procurador-geral, fiscal, guarda do selo e chanceler da Coroa britânica. Aos 58 anos de idade, foi nomeado Barão de Verulam e aos 60 anos, Barão de Saint Alban.    

Depois de uma acusação de corrupção, Bacon foi condenado a pagar uma multa e foi proibido de exercer cargos públicos, encerrando sua carreira para a Coroa. Enquanto exercia os atributos de suas funções públicas, ele redigiu e publicou algumas obras que entraram para a história da compreensão da natureza, do conhecimento humano e das ciências. A mais importante obra foi publicada em 1620: o “Novum Organom” (que inicia a fase de maior êxito do compêndio “Instauratio Magna”). Bacon faleceu em 1626, vítima de pneumonia.

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Ideias e teoria de Francis Bacon

  • Francis Bacon e o empirismo

Francis Bacon foi um grande crítico das ideias aristotélicas que abriram caminho para o reconhecimento da importância de entender o mundo por meio da experiência prática. Vale lembrar que criticar não significa abandonar – pelo contrário, a crítica aqui é algo positivo. Para o filósofo inglês, Aristóteles estava certo ao reconhecer a primazia do empirismo, no entanto desenvolveu um método errado quando aplicado às ciências da natureza. O método aristotélico era suficiente para entender a lógica e a linguagem, mas insuficiente para o entendimento correto da natureza.

A Modernidade foi marcada pela revolução científica, movida por nomes como Galileu Galilei e Isaac Newton. Precisamos, contudo, reconhecer a importância de Bacon nesse movimento. O filósofo inglês propôs uma crítica ao empirismo aristotélico a ponto de reorganizar as bases do conhecimento, propondo um método complexo. As considerações propostas por Bacon foram levadas em consideração por Galileu para a formulação de seu método científico.

  • Francis Bacon e a teoria dos ídolos ou crítica dos ídolos

Francis Bacon elaborou uma crítica do que ele chamou de “ídolos” do pensamento como ponto de partida para estabelecer seu método. Sua crítica dos ídolos (ou teoria dos ídolos) reconhece duas grandes áreas de atuação da Filosofia: a concepção natural, que estuda as ciências naturais, a lógica e a metafísica; e a concepção antropológica, que trata de temas relacionados ao convívio humano, como a política e a ética.

O ser humano tem à sua disposição um conjunto de ferramentas intelectuais que lhe proporcionam o domínio da natureza. Aliás, esse domínio da natureza é um tema comum na Modernidade. A ideia central da crítica dos ídolos é a superação das antigas bases do conhecimento, assentadas no aristotelismo, por uma nova concepção que permita o maior desenvolvimento da ciência, a ponto de garantir o domínio humano sobre a natureza.

Em todo esse movimento, existem ídolos que dificultam o nosso caminho de chegar ao conhecimento mais completo e verdadeiro. Os quatro ídolos apontados por Bacon são apresentados a seguir.

  1. Ídolos da tribo: fazem parte da tribo humana por pertencerem à nossa natureza. Há uma tendência humana de buscar a compreensão dos fenômenos à sua volta – aliás, é isso que movimenta a vontade de dominar a natureza. Para Bacon, há uma tendência de estabelecer vínculos causais por meio da observação do universo que nos levam à criação de uma falsa causalidade. Como exemplo, podemos citar o ato de nascer do Sol. O Sol aparece para nós todos os dias, movimento que chamamos de “nascer” do Sol. Criamos, então, um vínculo causal que diz que o Sol nascerá todos os dias.
  2. Ídolos da caverna: temos uma individualidade que circunda todas as pessoas e que nos aprisiona: uma caverna, que é o nosso próprio corpo. Quando Bacon recorre à imagem da caverna, ele está fazendo referência à alegoria de Platão, que pensou o corpo e os seus sentidos como uma caverna que nos engana. Nós somos impelidos então por um ímpeto de confiar cegamente nos sentidos do corpo.
  3. Ídolos do fórum: nós temos e nutrimos uma vida pública que faz parte da concepção de vida humana. Essa vida pública é regida pelas regras de uma espécie de jogo da linguagem, que, por sua vez, pode se colocar como um entrave para o verdadeiro conhecimento da natureza, pois tendemos a comprar os discursos oferecidos no fórum.
  4. Ídolos do teatro: moral, costumes, tradição, religião e uma quantidade expressiva de elementos circundam as relações sociais da humanidade. Esse é o teatro humano, e o respeito incondicional a esse teatro se coloca como uma espécie de barreira para o verdadeiro conhecer.

→ Videoaula sobre a teoria dos ídolos, de Francis Bacon

  • Francis Bacon e o método indutivo

Tratamos até agora de mostrar como Bacon criticou a filosofia aristotélica e tentou sustentar novos pilares para o maior desenvolvimento da ciência na Modernidade. O que Bacon criticava em Aristóteles era, sobretudo, a sua maneira de conhecer o mundo (que beira o empirismo e o método indutivo, mas corre de maneira mais solta e menos metódica).

Bacon propôs, para concluir sua tarefa com êxito, um novo método indutivo, que recorre ao conhecimento empírico e se utiliza da crítica aos ídolos, tendo neles a percepção do que não se deve fazer. O método baconiano está assentado em quatro passos que acompanham o trabalho daquele que quer conhecer a natureza com maior certeza e veracidade:

a) Observar o meio de maneira ordenada e coletar dados da experiência de observação.

b) Organizar os resultados observados.

c) Formular hipóteses por meio dos dados obtidos.

d) Realizar experimentos que comprovem ou descartem as hipóteses.

Vejam que esse método está presente em grande parte do trabalho de pesquisa nas ciências naturais. Os cientistas buscam proceder por meio desse método para induzir uma resposta (daí o nome indutivo), pois ele parte de um recorte de observação (observa-se parte do todo) para formular uma teoria que se pretenda geral (que abarca o todo). 

Leia também: Thomas Hobbes — as ideias desse filósofo e teórico político inglês

Obras de Francis Bacon

A obra mais significativa, substancial e complexa de Francis Bacon foi, na verdade, um projeto de conjunto de livros que ficou inacabado após a sua morte. Bacon visava publicar ainda mais livros de sua “Instauratio Magna”, uma espécie de compêndio de tratados filosóficos que tinha como objetivo substituir as bases do conhecimento tradicional por um novo conhecimento que permitisse o avanço.

Capa do livro “Novum Organum”, de Francis Bacon.

O principal volume do conjunto da “Instauratio” foi o livro “Novum Organon”. O “Novum Organon” seria a substituição do “Organon” de Aristóteles (seu conjunto de obras sobre lógica). Reconhecer a necessidade de uma fratura do pensamento foi fundamental para compreender que a evolução do pensamento humano no mundo necessitava de um novo rumo para fazer florescer a árvore do conhecimento e permitir que ela produzisse novos e bons frutos. Esse foi o trabalho da “Instauratio” e, sobretudo, do “Novum Organon”. Muitos escritos foram retirados do conjunto da “Instauratio”, como “Da Interpretação da Natureza”, e, como foi dito, o projeto total da “Instauratio” não foi finalizado antes da morte do filósofo.

Frases de Francis Bacon

Frases famosas de Francis Bacon ao lado de ilustração do pensador.

 

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  • “Todas as cores concordam no escuro.”
  • “A leitura traz ao homem plenitude; o discurso, segurança; e a escrita, precisão.”
  • “Não há nada que faça um homem suspeitar tanto como o fato de saber pouco.”
  • “A consciência é a estrutura das virtudes.”
  • “Só se pode vencer a natureza obedecendo-lhe.”

Crédito da imagem

[1] Wikimedia Commons

[2] Wikimedia Commons

Fontes

BACON, F. Novum Organum ou Verdadeiras interpretações acerca da natureza. São Paulo: Nova Cultural, 2005.

Escritor do artigo
Escrito por: Francisco Porfírio Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

PORFíRIO, Francisco. "Francis Bacon"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/o-pensamento-francis-bacon.htm. Acesso em 21 de novembro de 2024.

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