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Racionamento de água e energia no Brasil em 2014

Diante da seca incomum em todo o país e de problemas estruturais, o Brasil vive um novo risco de crise energética e hídrica em 2014.

Açude seco na cidade de Petrolina. Seca pode provocar falta d'água¹
Açude seco na cidade de Petrolina. Seca pode provocar falta d'água¹
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O ano de 2014 iniciou-se de modo preocupante no que diz respeito à infraestrutura no Brasil: o risco de apagões e de uma eventual necessidade de racionamento de água e energia em boa parte do país. Os principais fatores ligados a essa questão são a estiagem atípica para o começo do ano, a ocorrência de um apagão que afetou cidades de várias regiões brasileiras e o fato de os reservatórios operarem muito abaixo de suas capacidades máximas.

O sistema de fornecimento de energia no Brasil é essencialmente constituído por hidrelétricas. O principal problema dessa estratégia é a vulnerabilidade do sistema em períodos de estiagens atípicas, podendo provocar apagões e forçar medidas públicas de economia de energia. Em 2001, o país viveu a maior crise da história nesse setor, quando o risco de apagão foi combatido através de um intenso racionamento de energia, com o objetivo de reduzir em 20% os gastos domiciliares.

Após esse período, planos de ampliação da rede de eletricidade e de fornecimento de água foram instaurados, permitindo alguns avanços nesse setor. No entanto, algumas deficiências em termos de investimentos e aplicação de projetos colocaram novamente em xeque a política energética e hídrica no país. Segundo dados da Abiape (Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia), em 2013, 40% do volume de energia planejado não entrou em circulação por atrasos em projetos de transmissão e em processos de licitação. Em contrapartida, a demanda por energia cresceu em 11%.

No início de fevereiro de 2014 houve um apagão que afetou o fornecimento de energia para cidades de quatro regiões diferentes, afetando um número estimado de seis milhões de pessoas. Porém, apesar do alarde que se criou em torno desse episódio, a queda de eletricidade ocorreu por uma pane no sistema de fornecimento, provavelmente causada por um raio ou por uma falha técnica.

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Os reservatórios de água no país passaram também por notáveis decréscimos no volume total de água, atingindo níveis considerados preocupantes. Essas quedas estão ligadas, principalmente, à falta de chuvas (com os piores índices desde 1954) e ao aumento recorde do consumo de energia.

No estado de São Paulo, o reservatório do Sistema Cantareira – responsável pelo fornecimento de água em toda a Região Metropolitana de São Paulo – atingiu um dos seus menores níveis da história, comparáveis apenas aos da época do racionamento de 2001. O ONS (Operador Nacional do Sistema) chegou a recomendar a redução de 5% do consumo de energia em toda a região. No entanto, apesar de alguns bairros de cidades menores terem apresentado dificuldades no fornecimento de água, os governos estadual e federal descartaram totalmente um racionamento intensivo.

No restante do país – incluindo na região Nordeste, que também sofreu bastante com as secas e com a diminuição das reservas hídricas –, a situação também parece ser a mesma: problemas no fornecimento de água e risco de crise energética, mas com as possibilidades de apagão e racionamento descartadas pelo poder público. Isso porque além das hidroelétricas, existem planos emergenciais relacionados com a ativação de usinas termoelétricas, que são acionadas apenas em períodos de emergência e extrema necessidade, haja vista que o índice de poluição proporcionado por elas é maior.

De toda forma, essa situação exige um reordenamento da questão da produção de energia e de distribuição de água no Brasil, com medidas para agilizar a execução de projetos no setor e para ampliar a oferta, como a construção de novos reservatórios e a ampliação de hidroelétricas ou até de outras fontes de energia, como os parques eólicos.

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¹ Créditos da Imagem: Agência Brasil / Wikimedia Commons


Por Rodolfo Alves Pena
Graduado em Geografia

Escritor do artigo
Escrito por: Rodolfo F. Alves Pena Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

PENA, Rodolfo F. Alves. "Racionamento de água e energia no Brasil em 2014"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/brasil/racionamento-agua-energia-no-brasil-2014-risco-real.htm. Acesso em 13 de dezembro de 2024.

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