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As migrações internas são os fluxos migratórios realizados dentro do território nacional e, geralmente, estão associadas a fatores econômicos e sociais. Por isso, para compreender as dinâmicas dos movimentos populacionais internos, é preciso considerar que as zonas em fase de crescimento econômico, em geral, costumam receber um maior quantitativo de pessoas.
Foi assim durante toda a história do Brasil. A concentração populacional sempre ocorreu nas regiões onde se situavam as atividades produtivas: no ciclo da economia da cana-de-açúcar, no Nordeste, durante o período colonial; no Sul, durante a expansão da pecuária; no período da mineração no Centro-Oeste e em Minas Gerais; na região Norte, durante o surto da borracha no final do século XIX e início do século XX; na produção cafeeira na região Sudeste também ao final do século XIX, entre outros.
No entanto, desde a década de 1930 que os fluxos migratórios passaram a obedecer ao ritmo da industrialização. O que colaborou para as migrações rural-urbanas – também chamadas de êxodo rural – e para a intensificação das migrações em direção à região Sudeste do país, principalmente oriundas da região Nordeste.
O quadro atual das migrações no Brasil, no entanto, parece apresentar o esgotamento dessa migração em massa. Com os centros urbanos – sobretudo Rio de Janeiro e São Paulo – completamente saturados e repletos de problemas sociais, não há mais um grande atrativo nessas cidades para a recepção de novos migrantes. Além disso, há em processo uma desconcentração industrial no país, o que vem colaborando para um gradativo reordenamento dos fluxos migratórios.
Dessa forma, a região Nordeste – antes a principal origem das migrações internas – apresentou um saldo positivo em relação ao número de pessoas que imigraram ao número de pessoas que emigraram durante a primeira década do século XXI.
Assim, segundo o Censo do IBGE de 2010, essa foi a única região a apresentar um saldo positivo de migrantes nos últimos anos. As regiões Sul, Centro-Oeste e Norte, segundo os mesmos dados, permaneceram praticamente estáveis e a região Sudeste tornou-se a grande “exportadora” de pessoas.
Essa configuração representa, além da descentralização industrial brasileira, o retorno da população de outras regiões que havia se instalado no Sudeste. Esse retorno, em geral, não representa uma opção, mas uma condição. Ele é resultante das péssimas condições de vida que boa parte dessas pessoas que migraram para essa região até o final do século XX encontrou, além da escassez de empregos e das relações de racismos regionais.
Por Rodolfo Alves Pena
Graduado em Geografia