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Um novo problema que coloca em risco a saúde da população mundial é o surgimento das chamadas superbactérias. Essas bactérias apresentam uma elevada capacidade de resistência aos antibióticos tradicionalmente usados para tratamento dessas infecções. Elas possuem a impressionante capacidade de inativar esses medicamentos.
As superbactérias normalmente são encontradas em ambiente hospitalar, aumentando os riscos das chamadas infecções hospitalares. A transmissão pode ocorrer de um paciente para outro através dos profissionais e equipamentos do hospital, sendo essencial, portanto, um isolamento desses pacientes e o treinamento dos funcionários.
Dentre as bactérias que mais apresentam casos de resistência, destaca-se a Staphylococcus aureus. A MRSA é uma variante dessa bactéria que apresenta resistência ao antibiótico chamado de meticilina. Ela é considerada a mais disseminada em todo o mundo e geralmente é encontrada em UTI (Unidades de Terapia Intensiva). Esse fato representa um grave problema, uma vez que os pacientes nessas unidades apresentam-se bastante debilitados, dificultando ainda mais o tratamento.
Algumas linhagens de MRSA, distintas das linhagens hospitalares, foram detectadas fora do ambiente hospitalar. Esse fator é extremamente preocupante, pois a contaminação por bactérias resistentes à meticilina pode ocorrer na comunidade e envolver indivíduos saudáveis. Além disso, alguns estudos revelaram que algumas linhagens comunitárias passaram a apresentar resistência também a outras drogas.
Em abril de 2014, um estudo publicado no The New England Journal of Medicine alertou para uma nova superbactéria do tipo VRSA (Vancomycin Resistent Staphylococcus aureus), que ficou conhecida por BR-VRSA (Conheça o trabalho clicando aqui!). Ela foi identificada em um paciente que estava internado no Hospital das Clínicas de São Paulo em 2012. A bactéria chama a atenção, pois, além de ser resistente à grande parte dos antibióticos, apresenta um genoma diferente das já identificadas. Seu material genético é herdado de bactérias encontradas fora do ambiente hospitalar, o que pode gerar um grave problema de saúde pública.
Outra superbactéria bastante conhecida é a KPC (Klebsiella pneumoniae carbapenemases), que possui uma enzima que torna ineficazes os antibióticos que possuem o anel betalactâmico, além de outros tipos. Geralmente, estabelece-se em pacientes que apresentam doenças graves e que estão com as defesas diminuídas, sendo causa de significativa mortalidade. Em 2010, essas bactérias foram responsáveis por um surto grave em nosso país.
A MDR-TB (Multi Drug Resistant Tuberculosis) é uma variável da Mycobacterium tuberculosis bastante resistente aos antibióticos usados no tratamento da tuberculose. Essa superbactéria, assim como as outras descritas, se não tratada precocemente e adequadamente, pode ser letal. A Organização Mundial de Saúde reconheceu essa bactéria como um grande problema de saúde pública e afirmou que o surgimento dessas bactérias resistentes é ocasionado pelo tratamento inadequado da tuberculose.
Por serem extremamente difíceis de tratar, o ideal é prevenir esse tipo de infecção. Para que o surto de superbactérias diminua, é fundamental que a comercialização e o uso de antibióticos sejam controlados. A venda sem prescrição médica e a recomendação inadequada desses medicamentos são fortes aliadas no surgimento dessas bactérias resistentes. Além dessas medidas, é fundamental que se adotem programas cada vez mais eficazes de controle de infecções dentro dos hospitais, através do isolamento de pacientes e medidas de higiene.
Por Ma. Vanessa dos Santos