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Em 2016, uma notícia sobre a reclassificação de uma estrutura do corpo humano tomou os noticiários do mundo inteiro. O mesentério, uma estrutura conhecida apenas por sua função de sustentação do intestino, passou a ser considerado um órgão após um estudo realizado por J. Calvin Coffey e D. Peter O’Leary e publicado na The Lancet Gastroenterology & Hepatology.
→ Como o mesentério era descrito antes do estudo publicado na The Lancet Gastroenterology & Hepatology?
O mesentério era tradicionalmente descrito como uma membrana delgada de tecido conjuntivo revestida por mesotélio em ambos os lados. Essa membrana é rica em fibras, especialmente fibras colágenas, possuindo também vasos e nervos. Por ser semitransparente, pode ser analisado no microscópio de luz sem a necessidade da realização de cortes.
A função do mesentério é suportar os intestinos, garantindo que fiquem em posição adequada. Isso é possível porque o mesentério prende as alças intestinais à parede da cavidade abdominal. Em razão da presença de fibras elásticas, o mesentério garante que o intestino permaneça conectado ao corpo, mas sem perder sua movimentação, podendo relaxar-se ou se contrair por toda sua extensão. Além de manter o intestino no local adequado, o mesentério nutre e inerva o órgão.
→ O que mudou após a publicação?
O trabalho realizado por J. Calvin Coffey e D. Peter O’Leary, intitulado “The mesentery: structure, function, and role in disease” e publicado em 2016, determinou que o mesentério deve ser tratado como um órgão. Essa ideia é sustentada pelo fato de que o mesentério é uma estrutura contínua, e não fragmentada como se acreditava até o momento. O mesentério está presente em todo o comprimento do intestino delgado e grosso.
As funções desse “novo” órgão do corpo humano, infelizmente, ainda não foram bem esclarecidas, além, é claro, das tradicionalmente conhecidas, como as de sustentação, nutrição e inervação. Assim sendo, é importante avaliar melhor essa estrutura como um órgão, uma vez que sua posição sugere que possa haver ligação do mesentério com doenças como câncer colorretal, doença inflamatória intestinal e doença de Crohn. Entendendo o órgão, portanto, compreende-se melhor algumas doenças e como alterações em sua estrutura podem afetar o funcionamento do corpo. Além disso, facilita-se a criação de novos procedimentos menos invasivos para o tratamento de problemas do aparelho digestivo.
Clique aqui e acesse o trabalho de J. Calvin Coffey e D. Peter O’Leary.
Por Ma. Vanessa dos Santos