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A água de reúso é definida como a água residuária que está dentro de padrões preestabelecidos para a sua reutilização. Normalmente essa água é usada no Brasil para fins não potáveis, tais como irrigações e limpezas de ruas. Entretanto, espera-se que em breve essa água também seja tratada para consumo humano.
Diante da crise atual de falta de água, muitos locais do Brasil já estudam medidas para que as águas residuárias tornem-se potáveis. O maior problema, no entanto, é fazer com que a população aceite que o esgoto será tratado e utilizado para consumo de maneira que não cause nenhum mal.
A técnica já é usada em outras partes do mundo, como nos Estados Unidos e Europa, e alguns pesquisadores afirmam que a água produzida é limpa e própria para consumo. O processo é dividido em várias etapas, que consistem na retirada de partículas sólidas e organismos patogênicos, tais como vírus, bactérias e protozoários. Após ser tratada, essa água é lançada nos rios, onde é diluída e fica sujeita a todas as etapas do ciclo da água. Essa água é depois captada, juntamente à água do rio, e levada para estações onde passará pelo tratamento convencional. Trata-se, portanto, de um reúso indireto.
Apesar de especialistas afirmarem que se trata de um técnica segura, outros pesquisadores discordam em vários pontos. O ponto de maior discussão está no fato de que substâncias químicas importantes podem estar presentes na água e causar reações desagradáveis em quem a ingerir.
Essa preocupação não é infundada, uma vez que medicamentos ingeridos pelas pessoas podem ter uma pequena porção eliminada na urina. Logo, diante de um tratamento ineficaz do esgoto, substâncias podem contaminar a água e provocar consequências ainda desconhecidas.
Reações causadas por medicamentos na água já foram comprovadas em animais, como é o caso de peixes machos que estão apresentando características femininas em decorrência das altas quantidades de resíduos de pílulas anticoncepcionais na água. Caso esses resíduos ficassem disponíveis na água enviada para a população, acredita-se que poderiam ocorrer casos de menstruação precoce e até mesmo infertilidade.
Apesar de muitos especialistas afirmarem que esse risco é remoto e que uma grande quantidade de água contaminada deveria ser ingerida para provocar danos, muitos estudos devem ser realizados para uma implantação eficaz dessa forma de reúso da água. São necessários planejamento e testes antes de essa decisão ser tomada, uma vez que a água lançada nos rios não poderá ser retirada.
Por Ma. Vanessa dos Santos