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Surgimento da subcultura Skinhead
A história da subcultura chamada skinhead entrelaça-se com o grande número de movimentos contraculturais que surgiram entre as décadas de 1960 e 1970 no Reino Unido. Embora nos dias de hoje sejam comumente associados a movimentos neonazistas e de extrema-direita, os skinheads possuem um enorme número de representações de ideologias e posicionamentos políticos diversos.
Os primeiros sinais do surgimento dos skinheads começaram a ser vistos em 1967 nas cidades inglesas. Tudo começou como resposta ao também crescente movimento “hippie”, que surgia em meio à classe média e espalhava-se pelo mundo. Os skins, como também ficaram popularmente conhecidos, eram jovens da classe trabalhadora que passaram a identificar-se com certos aspectos da cultura jamaicana trazida por imigrantes afro-caribenhos que chegavam à Inglaterra. A cultura skin foi sendo construída por meio da música, como o reggae e o ska, vestimentas e ideologias variadas que cada grupo adotava. Os cabelos raspados, os sapatos bem cuidados e as roupas bem passadas que os primeiros skinheads adotaram contrastavam com a imagem despreocupada e relaxada dos hippies, que era vista pelos skins como uma imagem afeminada.
O movimento inicialmente não possuía nenhuma pretensão de segregação racial entre pessoas negras e brancas. No entanto, a partir da década de 1970, a crise econômica que se intensificava no Reino Unido passou a fragilizar as relações com os imigrantes. Enquanto paquistaneses, por exemplo, começavam a chegar em grande quantidade, o número de empregos diminuía e a concorrência tornava-se cada vez maior.
Esse contexto levou ao surgimento de grupos dissidentes do movimento original, que agora carregavam a bandeira de ódio aos imigrantes, principalmente em relação aos que viam do Paquistão. A violência contra imigrantes crescia, e os incidentes estavam geralmente ligados a grupos de extrema-direita, isto é, aqueles que defendiam ou defendem ideias conservadoras, como a manutenção da hierarquia social, são contrários à noção de igualitarismo e defensores da ideia de que grupos que acreditam ser superiores devem, por direito, dominar e explorar os grupos vistos como inferiores. Os ideais de extrema-direita também estão ligados ao ultranacionalismo e ao fascismo, outra ideologia extremista que entende que a dominação autoritária de um Estado e a disciplina militar aplicada à sociedade são as únicas formas legítimas de governo de uma nação. Alguns grupos que podem ser usados como exemplos desse tipo de ideologia são o “Movimento Britânico” e o “Fronte Nacional”, que, nessa época, ganharam força em números e nas agressões voltadas aos imigrantes paquistaneses e mesmo aos jamaicanos, que haviam sido parte fundamental na fundação dos primeiros skinheads.
Skinheads nas Américas
Nos anos 1980, a cultura skin cruzou os mares e ganhou território entre a juventude nos Estados Unidos. Espalhando-se inicialmente pelo submundo da cultura punk, os skinheads de extrema-direita passaram a ganhar notoriedade em seus atos de vandalismo e violência praticados contra imigrantes latinos, judeus, homossexuais e negros. O grupo que havia começado como multiétnico tornava-se agora conhecido pelo contexto nazifascista dos grupos de extrema-direita, que ganhavam cada vez mais destaque na mídia.
Embora os skinheads estejam mais associados à ideologia nazista, que é a culminação dos ideais de extrema-direita que vimos acima, é importante destacarmos que existiam e existem várias vertentes do estilo skin. Os “Redskins” são um exemplo de um grupo skin que adota uma postura completamente antagônica à dos famigerados “naziskins”. Já os “Trad skins” são o grupo que ainda se identifica com a visão tradicional do movimento skinhead, quando o reggae, o ska e a influência jamaicana eram fortes.
No Brasil, o movimento existe, mas nunca ganhou força como os grupos que existiram nos Estados Unidos e na Inglaterra. Os grupos de skinheads brasileiros são geralmente ligados a ideologias de extrema-direita e neonazistas. Existe ainda uma forte rixa entre os integrantes do movimento punk e os “naziskins”, em razão da forte ideologia libertária que existe no meio punk.
Por Lucas Oliveira
Graduado em Sociologia