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Química no tingimento dos cabelos

É preciso conhecer a constituição química das tinturas de cabelos para saber qual se adequa ao resultado que você deseja e também para se evitar possíveis riscos à saúde.

Química das tintas de cabelo
Química das tintas de cabelo
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A prática de mudar a cor do cabelo é muito comum atualmente, mas ela já é conhecida há mais de 2000 anos. Os saxões, por exemplo, eram povos que gostavam de pintar suas barbas de cores fortes e diferentes, tais como azul, verde e alaranjado.

Essas práticas de tingir o cabelo continuaram ao longo dos anos, por diferentes motivos, sendo que os principais são: para esconder os cabelos brancos, por questões estéticas ou para afirmar pertencer a um determinado grupo e se diferenciar da sociedade.

Hoje há uma grande variedade de tinturas que podem colorir os cabelos

A cor dos cabelos depende da combinação de quatro tipos de melanina. A melanina é uma proteína presente no córtex dos fios que forma cadeias que originam fibras ao longo do cabelo. Por exemplo, veja os dois tipos de melanina abaixo e as cores correspondentes:

Eumelanina -cabelo castanho e preto
Feomelanina - cabelo castanho avermelhado e louro

O cabelos mais escuros contêm uma quantidade maior de grânulos de melanina no córtex, enquanto que o cabelo louro contém pouca melanina.

Base de cor dos cabelos e texturas

Quando a pessoa vai ficando mais velha, ocorre a ausência de melanina no córtex, o que leva à diminuição de pigmentação e, consequentemente, ao aparecimento de cabelos brancos.

Muitos pintam os cabelos brancos

As tinturas empregadas para mudar a cor dos cabelos podem ser de origem natural ou sintética e são classificadas em temporárias, progressivas, semipermanentes ou permanentes. Veja cada uma:

  • Temporárias: Como o próprio nome diz, mudam a cor do cabelo por um período curto, pois saem com o uso dos xampus. Isso acontece porque são compostos de ácido de alta massa molar que não penetram na fibra do cabelo, ficam apenas na superfície;

Progressivas: Sua composição se baseia em soluções aquosas de sais metabólicos. Um exemplo desse tipo de tintura são as que contêm o elemento chumbo (Pb). Essa técnica é uma das mais antigas, sendo que no período greco-romano utilizava-se bastante o óxido de chumbo (PbO) misturado ao hidróxido de cálcio [Ca(OH)2] e um pouco de água. O chumbo reage com o enxofre das proteínas do cabelo, formando o sulfeto de chumbo, que tem a cor preta.

Reação entre o óxido de chumbo das tinturas e a cisteína, um aminoácido sulfurado que compõe a estrutura da queratina

É uma tintura que permanece mais tempo que as outras, porém tem um aspecto negativo: o chumbo é um metal pesado, que pode acumular no organismo levando a problemas de saúde, como lesões neurológicas, estomacais e até osteoporose. Entretanto, não existem evidências que comprovem a relação entre as tinturas de cabelo e o câncer.

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Quanto à utilização de acetato de chumbo em tinturas capilares progressivas, o parecer Técnico da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) diz que os estudos científicos indicam que há uma baixa absorção desta substância pelo couro cabeludo, mas o seu uso deve ser limitado pelas seguintes restrições:

a) “O conteúdo de chumbo no produto final não deve exceder 0,6%;
b) O produto não pode ser usado para coloração de bigodes, sobrancelhas e cílios ou nos pelos de outras partes do corpo, ou seja, o produto deve ser aplicado exclusivamente nos cabelos do couro cabeludo.”

  • Semipermanentes: Penetram parcialmente nas fibras dos cabelos, permanecendo um tempo um pouco maior que as tinturas temporárias, porque o pigmento se oxida no interior da fibra promovendo a cor e, dessa forma oxidada, é mais difícil de atravessar a fibra. Geralmente é empregada junto com a água oxigenada, que promove a oxidação.

Um exemplo é a henna, também empregada há muito tempo. Ela é extraída da espécie vegetal Lawsonia inermis, sendo que seu princípio ativo é a lawsona (2- hidróxido-1,4-naftoquinon), que confere a cor que vai do castanho ao avermelhado.

  • Permanentes: Assim como as anteriores, penetram na fibra do cabelo, sofrendo oxidação com a água oxigenada, mas por serem moléculas pequenas, que se unem e dão origem a grandes estruturas, o resultado é que elas permanecem mais tempo no interior da fibra.

Além do chumbo mencionado logo mais acima, as tinturas contêm outras substâncias que podem ser tóxicas para pessoas sensíveis e alérgicas, tais como a amônia. Para evitar isso é melhor fazer sempre um teste antes, aplicando um pouquinho do produto na pele e esperando para ver se ocorre ardência ou vermelhidão. Se isso ocorrer, não use o produto.

Outras dicas dadas pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) são:

  • Não tinja o cabelo se houver lesões no couro cabeludo;
  • Verifique o nome do produto, fabricante e registro na Anvisa.
  • Não use produtos feitos em casa, o melhor é procurar um profissional especializado em um salão;
  • Esse especialista deve usar luvas, máscara e manter o ambiente arejado;
  • As toalhas devem estar limpas, ser de uso individual, e as escovas e pentes também devem estar limpos.

Procure um profissional especializado para tingir os cabelos com segurança


Por Jennifer Fogaça
Graduada em Química

Escritor do artigo
Escrito por: Jennifer Rocha Vargas Fogaça Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

FOGAçA, Jennifer Rocha Vargas. "Química no tingimento dos cabelos"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/quimica/quimica-no-tingimento-dos-cabelos.htm. Acesso em 24 de abril de 2024.

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