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No início da história da humanidade, as pessoas eram nômades, mudavam-se constantemente em busca de alimentos. No entanto, quando o homem percebeu que se fosse realizado um tratamento especial da terra, os seus recursos não se esgotariam tão facilmente como antes, e ele poderia permanecer por mais tempo no mesmo lugar.
Surgiu então a agricultura, com suas técnicas e instrumentos de trabalho, que em grande parte depende dos estudos químicos para progredirem. E esse progresso é importante tendo em vista o crescente aumento populacional e a consequente necessidade de maior produção de alimentos.
Hoje em dia a produção agrícola é um investimento de grande rentabilidade e as empresas e os financeiros fazem de tudo para aumentar a sua produção. Para tanto, alguns recursos que os auxiliam são, por exemplo, enriquecer a terra com fertilizantes químicos, pois isso contribui para melhorar o rendimento das terras cultivadas ou recuperar os solos empobrecidos pela constante utilização; e usam também agrotóxicos, que permitem controlar diversas pragas, facilitando o cultivo de monoculturas.
No entanto, essas técnicas empregadas, como o uso de agrotóxicos e fertilizantes, podem trazer grandes estragos ambientais, principalmente quanto à poluição das águas.
O uso indiscriminado de agrotóxicos pode comprometer a qualidade da água para abastecimento, o solo, os alimentos e a manutenção da vida aquática selvagem. Isso ocorre porque eles alcançam os recursos hídricos ao serem aplicados sobre superfícies inclinadas, pois, quando chove, as águas arrastam as partículas dos compostos dos agrotóxicos contidos nos solos tratados, poluindo rios, lagos e mares.
O cultivo da monocultura favorece apenas um tipo de espécie em detrimento de outras, e isso causa um desequilíbrio ambiental entre as populações de plantas e insetos. Algumas espécies desaparecem e surgem pragas mais fortes, pois com o uso prolongado de agrotóxicos, os insetos criam resistência, o que exige que se apliquem doses cada vez maiores de agrotóxicos.
Um fator agravante é que esses compostos são biocumulativos, isto é, acumulam-se progressivamente na cadeia alimentar e não são eliminados ou dissolvidos com o tempo. Eles não são biodegradáveis, isto é, são resistentes à degradação biológica, além de serem também resistentes à degradação química e fotolítica, que é a degradação feita pela luz. Em razão disso, mesmo em pequenas concentrações afetam bastante o equilíbrio do ecossistema.
Os fertilizantes também podem, quando usados de forma excessiva e mal planejada, levar à poluição das águas superficiais de rios, lagos e represas, causando prejuízo para o ecossistema. Isso ocorre porque, em geral, esses compostos são solúveis na água e possuem alguns íons como o nitrato (NO31-), nitrito (NO21-), amônio (NH41+), fosfato monoácido (HPO42-) e fosfato diácido (H2PO41-), que são nutrientes para as algas que constituem o fitoplancto. Com as enxurradas arrastando esses fertilizantes para os rios, lagos e represas, as algas se proliferam rapidamente, em uma proporção acima do normal. Isso dificulta a entrada de luz e a oxigenação da água. Essa situação se torna pior quando essas algas morrem, pois elas liberam um número muito grande de detritos que são decompostos por microrganismos aeróbios, ou seja, microrganismos que utilizam o restante de oxigênio da água, causando a morte de vários peixes e plantas aquáticas. Esse fenômeno é denominado de eutrofização.
Isso deve nos levar a cobrar uma pronta ação das autoridades, para que a agricultura seja de forma sustentável, levando em consideração não somente os interesses econômicos, mas também sociais e ambientais, como o respeito à qualidade de vida e aos recursos hídricos.
Por Jennifer Fogaça
Graduada em Química