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Quando acontece algum acidente nuclear, como foi o caso do acidente com césio-137 em Goiânia, muitas notícias usam os termos “contaminação radioativa” e “irradiação”. Mas será que esses termos são usados corretamente? Você sabe a diferença entre contaminação radioativa e irradiação?
A contaminação radioativa acontece quando um material radioativo é absorvido pelo corpo de um indivíduo. Qualquer tipo de contaminação ocorre quando há a presença indesejável de um material em um local onde ele não deveria estar.
No acidente com o césio-137, por exemplo, Leide das Neves, uma menina de apenas seis anos de idade, pegou o “pó azul brilhante”, que, na verdade, era o cloreto de césio-137, brincou com ele e depois foi lanchar sem lavar as mãos. Desse modo, ela foi contaminada porque absorveu o material radioativo tanto por via cutânea (pela pele) quanto por ingeri-lo em pequenas quantidades.
Entre as pessoas examinadas nesse acidente em Goiânia, quatro, que acabaram morrendo e estavam entre as 14 pessoas removidas para o Hospital Naval Marcílio Dias, no Rio de Janeiro, apresentavam contaminação externa e/ou interna, ou seja, tiveram contato direto com o material radioativo, e também lesões características da exposição de parte do corpo ou do corpo inteiro. Leide das Neves foi a primeira dessas vítimas fatais.
Quando uma pessoa sofre contaminação radioativa, ela também se torna uma ameaça para as outras pessoas, pois o material radioativo que está presente nela continua emitindo radiações, que podem contaminar outros. Isso nos mostra que toda pessoa contaminada também foi irradiada.
Por outro lado, a irradiação é a energia característica emitida por uma fonte radioativa. Ela ocorre quando há uma exposição do material ou do corpo de alguém à radiação emitida pelo elemento radioativo. Isso pode acontecer sem a pessoa entrar em contato direto com o material radioativo, ou seja, mantendo-se a certa distância. Desse modo, nem toda pessoa que foi irradiada também foi contaminada.
Ilustração de diferença entre contaminação e irradiação
Assim, uma pessoa que sofreu irradiação não se torna uma fonte de radioatividade, não representando, assim, perigo para as outras pessoas.
Conforme explicado no texto Radioatividade nos alimentos e na agricultura, os alimentos irradiados são expostos a uma fonte de radiação, como o cobalto-60 ou o césio-137, por um tempo controlado e sem nenhum contato direto. Desse modo, o seu processo de deterioração é retardado, mas o alimento não se torna fonte de contaminação, podemos tocá-lo, manuseá-lo e ingeri-lo sem receios. Mas a pessoa que ficou próxima a um material radioativo e foi irradiada sofre as consequências dessa radiação ionizante.
Visto que a radiação alfa não consegue penetrar na pele humana, ela não causa danos a uma pessoa que só foi irradiada. No entanto, as radiações beta e gama possuem alto poder de penetração e podem causar danos sérios e até irreparáveis. No caso da radiação beta, ela consegue atravessar a pele até 2 cm e causar problemas como câncer de pele e danos aos olhos. A radiação gama é a que possui maior poder de penetração, conseguindo atravessar até 25 cm de madeira ou 15 cm de aço. Ela só é detida por placas de chumbo de 5 cm ou por grossas paredes de concreto.
Para citar um exemplo, no Enem de 2012, caiu a seguinte questão:
Questão 84 do Enem 2012 - caderno azul
A alternativa correta é a letra “a”. A decisão tomada pela companhia aérea foi equivocada porque, conforme vimos neste texto, um material médico esterilizado por irradiação não se torna radioativo.
Por Jennifer Fogaça
Graduada em Química