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O gás de cozinha é o GLP (Gás Liquefeito de Petróleo), mas essa sigla também pode significar Gás Líquido Pressurizado. Esses nomes indicam a origem e algumas características do gás de cozinha, isto é, sua origem é o petróleo; ele está líquido dentro do botijão de gás; e é submetido a elevadas pressões. Mas vamos explicar tudo isso mais detalhadamente.
O refinamento do petróleo por meio de destilação fracionada origina várias frações que possuem amplo uso comercial. Entre essas frações, há o GLP, que é composto dos gases propano (hidrocarboneto com três átomos de carbono) e butano (hidrocarboneto com quatro átomos de carbono).
H3C ─ CH2 ─ CH3 H3C ─ CH2 ─ CH2 ─ CH3
Propano Butano
Os gases propano e butano são os principais componentes do gás de cozinha, sendo altamente inflamáveis, inodoros e incolores. Mas se eles não possuem cheiro, por que nós logo sentimos um odor característico quando o gás de cozinha está vazando?
Na verdade, esse cheiro que nós sentimos não é nem do propano nem do butano, mas sim de substâncias de enxofre (tiocompostos ou compostos sulfurados), mais especificadamente do grupo dos tióis, também chamados de mercaptanas. Essas substâncias que são adicionadas ao gás de cozinha possuem um odor extremamente desagradável e podem ser detectadas prontamente pelo consumidor mesmo em baixas concentrações. Esse alerta diminui o risco de acidentes. Geralmente, entre os tióis utilizados, há o etanotiol, o butan-1-tiol e o 1,1-dimetiletanotiol. Eles são mostrados a seguir:
CH3
│
H3C ─ CH2 ─ SH H3C ─ CH2 ─ CH2 ─ SH H3C ─ C ─ SH
etanotiol butan-1-tiol │
CH3
1,1-dimetiletanotiol
Outra fração que inclusive é a fração mais leve obtida no refinamento do petróleo é o gás natural. Ele também pode ser utilizado em alguns casos como gás de cozinha em residências e indústrias com instalação específica. O gás natural é composto de hidrocarbonetos de 1 a 2 átomos de carbono, principalmente o metano (CH4), que pode aparecer em uma abundância de 70% a 99%. Outros componentes são: etano (C2H6), de 0,5% a 7%, além de substâncias inorgânicas como o H2S, CO2, N2, He etc.
Moléculas que fazem parte da composição do gás de cozinha (butano, metano, propano e etano, respectivamente)
O gás GLP não possui substâncias inorgânicas como as citadas. Outra diferença é que, ao contrário do GLP que vem dentro de botijões, o gás natural é distribuído pelas concessionárias (gás encanado ou canalizado de rua).
Mas temos outra dúvida: Afinal de contas, o gás de cozinha é líquido ou gasoso?
Em condições ambientes, os componentes do gás de cozinha (propano e butano) estão no estado gasoso. Mas dentro do botijão feito de aço, esse gás está submetido a uma pressão muito elevada, que faz com que ele se liquefaça, isto é, passe do estado gasoso para o líquido (daí o nome Gás Líquido Pressurizado). É por isso que, se você balançar o botijão de gás, sentirá um líquido lá dentro. Isso pode ser facilmente visto em isqueiros transparentes.
Líquido dentro de isqueiro transparente
Essa mudança de estado de agregação é explicada porque, quando as substâncias estão no estado gasoso, as partículas (átomos ou moléculas) estão bem distantes umas das outras. Todavia, com a elevação da pressão, essas partículas aproximam-se. Quanto mais próximas elas estiverem, mais a substância tenderá a tornar-se um líquido e, depois, um sólido.
Espaçamento das partículas nos estados físicos.
Porém, não é 100% do volume do botijão que é preenchido por esse líquido. Na verdade, há, no máximo, 85% dos gases propano e butano no estado líquido e, no mínimo, 15% de vapores desses gases. Esse procedimento é realizado por uma questão de segurança a fim de impedir que a pressão sobre o gás seja muito grande e ele exploda. Assim, quando ele sai de dentro do botijão e é usado no fogão, ele volta ao estado gasoso porque a pressão diminuiu.
Na verdade, são líquidos que estão presentes dentro dos botijões de gás
Por Jennifer Fogaça
Graduada em Química