PUBLICIDADE
O bioetanol é um biocombustível produzido a partir da fermentação de biomassa e/ou da fração biodegradável de resíduos.
O texto Biodiesel de Algas evidenciou que uma alternativa que vem se mostrando muito vantajosa é a produção de biodiesel a partir de algas. Mas elas também podem ser utilizadas como matéria-prima na obtenção de bioetanol, sendo possível até mesmo a produção de bioetanol e de biodiesel de modo simultâneo.
O uso de algas para esse fim faz parte da terceira geração de bioetanol, sendo que a primeira é a partir da cana-de-açúcar ou do milho, e a segunda é a partir da celulose das plantas.
As algas podem ser usadas para produzir o bioetanol porque elas (principalmente as macroalgas das espécies: Sargassum, Glacilaria, Prymnesium parvum e Euglena gracilis) são ricas em polissacarídeos (tipos de carboidratos, como o amido e a celulose) e possuem parede celular fina.
A produção do bioetanol de algas é basicamente por meio da fermentação de seus açúcares. Porém, de modo detalhado, ela segue as seguintes etapas: primeiramente cultivam-se as espécies mencionadas por meio da aquacultura, depois elas são colhidas e decompostas, rompendo as paredes celulares e liberando os polissacarídeos. É feita a sacarificação do amido e, por último, usam-se micro-organismos, como leveduras e bactérias, para realizar a fermentação da biomassa em decomposição. Desse modo, o etanol é produzido e separado do resto da solução.
Visto que o biodiesel é produzido através do conteúdo oleaginoso das algas, podem-se retirar primeiramente esses lipídios e usá-los para produzir o biodiesel, enquanto os carboidratos que permanecem na biomassa, como o amido e a celulose, sofrem fermentação e produzem o bioetanol.
No texto mencionado, foi mostrado que no cultivo das algas é necessário fornecer, entre outras coisas, dióxido de carbono (CO2) para realizar a fotossíntese. Assim, pode-se aproveitar também o CO2 produzido na fermentação da produção do bioetanol para alimentar a produção de biomassa.
Entretanto, alguns entraves ainda precisam ser superados, entre eles está o fato de que outros produtos oriundos das algas, como o colágeno e o ágar-ágar (imagem abaixo), possuem maior valor que o bioetanol.
Mas as vantagens também são imensas:
* É um recurso renovável;
* Causa a redução da poluição atmosférica pela emissão de CO2;
* Possui elevado rendimento, já que as algas possuem um tipo de açúcar altamente concentrado, revelando ser uma rica biomassa;
* As algas praticamente não são usadas como alimento, como acontece com a cana-de-açúcar, o milho, a beterraba e o trigo;
* Crescem rápido;
* Não precisam de elevadas extensões de terra para serem cultivadas, ao contrário do que ocorre com a cana e o milho.
Esse biocombustível ainda precisa ser aprovado e validado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), mas existe um projeto para se montar até o último trimestre de 2013 uma usina de produção de biodiesel e de bioetanol com algas marinhas no estado de Pernambuco, no Nordeste, e a previsão é que comece a operar em 2014. O CO2 que será usado no cultivo das algas será retirado das chaminés da indústria que processa a cana-de-açúcar para produzir etanol comum, reduzindo as emissões desse gás para o meio ambiente. Se isso acontecer, o Brasil terá a primeira usina desse tipo no mundo.
Por Jennifer Fogaça
Graduada em Química