A palavra pode ser classificada isoladamente, analisando apenas sua classe gramatical, ou pode ser estudada a partir da função que estabelece dentro da oração. Se o objeto de estudo é a palavra, tem-se a análise morfológica. Entretanto, se a busca é por sua função na oração, surge a análise sintática.
Quando a análise ocorre no âmbito da palavra e da frase, ou seja, quando o estudo envolve classe gramatical e função sintática, temos a Morfossintaxe.
As dúvidas são muitas quando essa análise é exigida. Em geral, ela não é solicitada explicitamente. Entretanto, sempre que a função sintática é pedida, é importante pensar a que classe gramatical a palavra pertence. Fazendo isso, ficará mais fácil definir sua função.
Embora a língua portuguesa não seja uma ciência exata, no caso da morfossintaxe é possível pensar de forma mais objetiva, pois as funções sintáticas são definidas previamente. Por exemplo, o adjetivo é um caracterizador, portanto, ou estará ao lado do nome, ou se relacionando com ele. Então, a única função sintática dessa classe gramatical será a de adjunto adnominal. Por isso, é melhor que a análise morfológica preceda à sintática.
Se a análise é morfológica, qual é o objeto de estudo? A palavra. Então, por alguns minutos, imagine que a frase não exista, somente a palavra. “Corte-a” e indique sua classe gramatical. Coloque em prática todo seu conhecimento. “Dialogue” com cada palavra. Pense em que classe gramatical ela se enquadra. Se as dúvidas nos conceitos de substantivo, numeral, artigo, pronome, verbo, advérbio, preposição, adjetivo, conjunção e interjeição aparecerem, é importante voltar e revisar.
Façamos a análise morfológica do enunciado abaixo, lembre-se de que o objeto de estudo é a palavra:
A prova estava muito complicada.
A: Artigo
Prova: Substantivo
Estava: Verbo
Muito: Advérbio
Complicada: Adjetivo
Após classificarmos as classes gramaticais, passaremos a analisar a função sintática de cada termo. Volte à classificação das palavras e defina sua função dentro da oração. Vejamos a seguir exemplos de perguntas que auxiliam na hora de definir a função sintática dos termos na oração.
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Qual é a função do artigo? Acompanhar o substantivo, não é? Sintaticamente, quem tem a função de vir junto ao nome? Adjunto adnominal. Portanto, toda classe gramatical cuja função é a de acompanhar o nome (numeral, pronome adjetivo, artigo) exercerá função sintática de adjunto adnominal.
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E o substantivo? Que função pode exercer? Vamos recordar? Núcleo do sujeito, do objeto indireto, do objeto direto, do predicativo, do agente da passiva, do complemento nominal e do aposto. Podendo exercer ainda as funções de adjunto adnominal e adjunto adverbial, quando compõe locuções adjetivas ou adverbiais. Qual o único termo do enunciado que estamos analisando que poderá exercer a função de núcleo do sujeito? Prova, não é? Por quê? Porque é um substantivo.
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Que função sintática terá o verbo? Se for significativo (intransitivo, transitivo direto, indireto, ou direto e indireto) terá a função de núcleo, ou seja, parte mais importante do predicado verbal ou verbo-nominal. Se a função dele for de ligar o sujeito ao seu predicativo, terá a função de verbo de ligação. O verbo do enunciado que estamos analisando recebe esta classificação.
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Há algum advérbio? Qual é a única função sintática exercida por essa classe gramatical? Núcleo do adjunto adverbial. Então, no exemplo, a palavra muito (classificação: advérbio de intensidade – função sintática: adjunto adverbial)
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O adjetivo também aparece no exemplo. Que função sintática será exercida por ele? É importante recordar que o adjetivo pode ser núcleo do adjunto adnominal e do predicativo do sujeito. Para definir a função do adjetivo, a pergunta que deve ser feita é: onde o adjetivo está posicionado, ao lado de um nome, no sintagma nominal, ou no sintagma verbal? Se acompanhar um nome, sua função será de adjunto adnominal. Se estiver no sintagma verbal caracterizando o sujeito, como é o caso do adjetivo complicada, será um predicativo do sujeito, pois estará caracterizando-o.
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Agora, ficou fácil classificar o sujeito e o predicado do exemplo, não é mesmo? Se o sujeito está explícito e só possui um núcleo, será sujeito simples. Se o predicado é constituído de verbo de ligação, só poderá ser predicado nominal.
É possível perceber que, embora para facilitar o estudo haja uma divisão entre morfologia e sintaxe, forma e função são inseparáveis. Por isso a morfossintaxe é tão importante.
Por Mayra Pavan
Graduada em Letras