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Falta uma semana para o Dia da Consciência Negra, veja as reflexões de um professor sobre o tema

O professor universitário, Benedito Cerezzo, nos conta porque a data é relevante e debate o "ser negro" no Brasil

Em 13/11/2023 12h55 , atualizado em 21/11/2023 07h26
Varios perfis de pessoas negras
Zumbi dos Palmares é uma personalidade essencial na história do Brasil e homenageado nesta data Crédito da Imagem: Shutterstock
Ouça o texto abaixo!

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O Dia da Consciência Negra acontece daqui a uma semana, no dia 20 de novembro. Esta data foi escolhida, pois, ela é atribuída a morte de Zumbi dos Palmares, ícone da resistência quilombola brasileira.  

Os quilombos eram concentrações de pessoas que, em sua maior parte, vinham fugidas das senzalas e começavam uma vida nova ao conquistarem a liberdade. Esta foi uma das formas de resistência que o povo negro praticou contra o regime escravocrata.

Apesar da resistência e da Lei Áurea, conquistada em 1888, o povo negro brasileiro ainda encontra a necessidade de se impor contra as heranças do sistema de escravidão, que vigorou por mais de 300 anos. 

Hoje, há pessoas negras em todos os lugares da sociedade; esse é um dos motivos de haver diversos pontos de vista sobre a Consciência Negra. Para compreendermos estas manifestações fizemos uma série de entrevistas com pessoas negras que ocupam posições diferentes na sociedade. 

A nossa primeira conversa foi com o professor de Direito da Universidade de Brasília (UnB) Benedito Cerezzo, veja como foi:

Professor Benedito Cerezzo

 

A importância do Dia do Consciência Negra

Primeiro questionamos o professor sobre a importância do Dia da Consciência negra, ele respondeu que a relevância da data está demonstrada no próprio nome, ou seja, é uma data para conscientizar as pessoas do tema da negritude.

Da questão que envolve o negro no mundo, especialmente no Brasil, para que seja aparada essa brutal desigualdade e os crimes que se cometem, principalmente relacionados ao preconceito racial.

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A história do povo negro no Brasil

Quando questionamos como Benedito se sente ao olhar a história dos negros no Brasil, ele disse que é muito doloroso. Ela recorda o fato de o Brasil ter sido o último país a por fim à escravidão, e destaca que isso não ocorreu por consciência, sim, por pressão política.

Outro motivo para a sensação de dor sentida pelo professor é a ausência do sentimento de igualdade. Nesse momento, ele cita os senadores que votaram contra a política de cotas:

Recentemente, três senadores votaram negando a questão das cotas raciais com fundamento de que se criaria apartheid em relação às pessoas brancas que não tinham condições financeiras, ou seja, uma falta de conhecimento, uma falta de sensibilidade e, em alguns, maldade

Ele diz que é dolorido ver que, mesmo após séculos da abolição da escravatura, é uma abolição pela metade. Então, ele cita Montaigne, que diz:

Ao fraco não basta levantá-lo, é preciso mantê-lo em pé

Demandas da população negra no Brasil

Perguntamos também ao professor, no ponto de vista dele, quais as mudanças mais urgentes para a população negra no Brasil. Ele respondeu que o negro precisa ser visto no Brasil e que é preciso naturalizar a ideia de que negros podem pertencer a lugares de poder, ele exemplifica:

Se eu passo a enxergar, no Supremo Tribunal Federal, pessoas negras, se eu passo a enxergar na diretoria de empresas, pessoas negras, se eu passo a enxergar em gerências de banco, pessoas negras, se eu passo a enxergar em universidades, pessoas negras, isso faz com que a visibilidade e a aceitabilidade do negro seja algo natural 

Ele diz que a maneira de combater o preconceito é tratando o negro como um igual.

Conselhos para jovens negros

Pedimos para o professor dar um conselho para jovens negros e negras que queiram trilhar um caminho como o dele e se tornarem acadêmicos e professores universitários. 

Ele disse que cada um tem a sua história e que não há fórmula mágica. Mas, ao mesmo tempo, ele disse que não há como não dizer que tem que ir à luta, é preciso enfrentar e sempre expor as situações. Ele declarou:

Nós negros, nós negras, vamos estar sempre sujeitos a contrariedades e adversidades, vou pegar como exemplo o Vini Júnior. É uma estrela do futebol internacional e sofre com o preconceito racial

Ele diz que é preciso se impor e resistir, pois não há aceitabilidade do negro como um igual e, consequentemente, fica encarregado de realizar os trabalhos mais humildes. Em seguida, Benedito diz que todo preconceito é oriundo da ignorância e, por consequência, da maldade.

Nós negros temos que fazer o quê? Nós temos que lutar, nós não podemos esquecer de onde viemos e aonde podemos ir. Não podemos esquecer que nosso avós, portanto, é algo muito próximo, sofreram na pele a escravidão e que nos fomos e somos subjugados a todo tempo. Então, nós temos que buscar sempre uma forma de alcançar um espaço nessa sociedade extremamente desigual

Por Tiago Vechi
Jornalista