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Nos séculos finais do Antigo Império, o Egito sofreu com várias adversidades que prejudicaram diretamente a manutenção de um governo controlado sob a autoridade faraônica. A diminuição do ciclo de cheias do Rio Nilo, a consequente disseminação de doenças e a falta de mantimentos no interior daquela sociedade estabeleceram o acirramento de várias tensões. A população passou a se rebelar contra o próprio Estado e os nomarcas apoiaram a volta de um sistema político descentralizado.
Entre os anos de 2300 e 2000 a.C. a ruína econômica e as contendas internas possibilitaram a invasão de povos provenientes da Ásia que se estabeleceram no Delta do Rio Nilo, região norte do Egito. Somente nas últimas décadas do século XXI a.C., os egípcios reassumiram o total controle do território graças à atuação militar do faraó Mentuhotep II, que também teve que enfrentar a resistência dos nomarcas ao projeto de ressurgimento do Estado centralizado.
Com o retorno do faraó, o sistema de servidão coletiva voltou mais uma vez a vigorar e, dessa forma, permitiu a construção de grandes canais de irrigação e o surgimento de outros pontos de exploração agrícola. Para garantir estabilidade, o Estado passou a aceitar o ingresso de membros de camadas sociais inferiores na formação de um poderoso exército. Não por acaso, os egípcios conquistaram nesse período as regiões da Núbia e da Palestina, onde encontraram grandes minas de ouro e cobre.
Ao longo dos anos, a prosperidade material alcançada ao longo do Médio Império fez com que as diferenças sociais fossem cada vez mais agudas. A formação de uma restrita classe de privilegiados motivou várias comunidades camponesas a seguir os ditames formulados pelo poder central. Mais uma vez, os nobres passaram a reivindicar maior autonomia política e as contendas fragilizaram o opulento governo centralizado nas mãos do faraó.
Por volta de 1800 e 1700 a.C., algumas tribos hebraicas adentraram o território egípcio em busca de melhores condições de vida. Na época, o severo clima árido da região palestina motivou o deslocamento da civilização hebraica para o interior do Egito. Contudo, o evento que desestabilizou o governo egípcio foi a invasão militar estabelecida pelos hicsos, povo asiático que contava com uma tecnologia de guerra que preservou sua dominação no delta do Nilo entre os anos de 1750 e 1580 a.C..
Por Rainer Sousa
Graduado em História